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“Não esperem de mim demonização do setor privado”, diz Guilherme Boulos

Na Associação Comercial de São Paulo, “a casa do liberalismo”, candidato foi elogiado por discurso pela redução de desigualdade

atualizado

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Fábio Vieira/Especial Metropóles
Guilherme Boulos, candidato do PSol à Prefeitura de São Paulo, se reúne na Associação Comercial da cidade
1 de 1 Guilherme Boulos, candidato do PSol à Prefeitura de São Paulo, se reúne na Associação Comercial da cidade - Foto: Fábio Vieira/Especial Metropóles

São Paulo – “Senhor Guilherme Boulos, você está na casa do liberalismo”, disse Antônio Carlos Pela. “Seu discurso é tão redondo, parece até candidato de direita”, disse Jeferson José da Silva. Assim foram alguns dos cumprimentos de membros da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) ao candidato Guilherme Boulos (PSol), representante socialista na corrida eleitoral paulistana.

“Agradeço os elogios ao meu discurso redondo, mas justamente por isso é que ele é de esquerda”, respondeu o ativista. Elogiando os esforços da ACSP em recebê-lo, o ativista buscou a simpatia dos anfitriões. “Não esperem de mim demonização do setor privado”, afirmou.

Em tom conciliatório, a reunião entre Boulos e representantes do comércio de São Paulo ocorreu na sede da ACSP, no centro histórico de São Paulo, na manhã desta terça-feira (27/10). Na pauta: propostas para reaquecer a economia no pós-pandemia, geração de empregos e estratégias para resolver a situação da cracolândia.

As principais armas de Guilherme Boulos (PSol) para devolver viço à economia são seu programa de auxílio emergencial, a renegociação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para pequenos comerciantes e a integração das distritais da ACSP às subprefeituras. Além disso, o candidato quer tornas as ruas mais convidativas ao comércio com frentes de trabalho de zeladoria e com segurança preventiva, provida pela Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Dentre todas as promessas, o candidato deu ênfase ao programa Renda Solidária. Seu projeto de auxílio financeiro às famílias mais pobres da cidade custaria R$ 3 bilhões por ano ao erário, mas, de acordo com o ativista, retornaria aos cofres públicos em forma de consumo e comércio pujantes.

“É um projeto possível. Nós temos R$ 17 bilhões parados nos cofres da prefeitura, que poderiam estar sendo usados para incentivar o comércio local. Se a gente não fizer o dinheiro chegar na ponta [o consumidor], a tragédia [econômica do coronavírus] vai ser maior”, afirmou.

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Nem todos os presentes receberam a proposta com entusiasmo. “O senhor promete um programa de renda solidária enquanto subprefeituras estão à míngua”, afirmou Pedro Rodrigues da Silva, coordenador da ACSP na região sul.

Neste sentido, o candidato prometeu integrar as divisões distritais da ACSP à gestão das subprefeituras que, se eleito, deixarão de ser “cabides de emprego” em negociatas eleitoreiras. “Teremos subprefeitos que conheçam a região em gestão transparente”, afirmou.

Para o centro da cidade, o candidato quer se valer da requalificação de imóveis abandonados, pauta de sua vida de ativismo político. “Muitos destes imóveis devem de IPTU mais do que seu valor de mercado. Vamos fazer o retrofit. Reformar e requalificar não apenas para moradia, porque o térreo pode ser aproveitado para o comércio local”, afirmou.

“Todo mundo vai ganhar com o fim dos imóveis abandonados. O combate à desigualdade é bom para todo mundo, ativa o comércio, ativa a economia, deixa a cidade mais segura”, disse Boulos.

Concordando com o ativista, o presidente da ACSP, Alfredo Cotait Neto, declarou que a entidade “é uma casa democrática, que defende os valores da livre-iniciativa, da liberdade econômica e entendemos perfeitamente a linha da necessidade de diminuir as desigualdades sociais”.

“Candidato, do que o senhor vive?”

Embora de tom conciliatório, a reunião entre Guilherme Boulos teve seus momentos inquiridores. O ativista aproveitou o momento para desconstruir o mito de invasor de propriedades. “O movimento em que atuo jamais tomou a casa de alguém. Estamos lutando para ocupar imóveis abandonados como manda a lei”, disse.

Também foi inquirido sobre seu patrimônio, que chama a atenção pela escassez: um automóvel Celta e uma conta no banco com saldo de R$ 579.

“Do que o senhor vive, candidato?”, perguntou Pedro Rodrigues da Silva, coordenador da ACSP na região sul.

“Eu vivo de dar aulas, Pedro. Meus últimos cursos foram na Escola de Sociologia e Política. Também sou colunista regular da revista Carta Capital”, respondeu Guilherme Boulos sorrindo e agradecendo, dizendo que é vítima constante de fake news sobre o assunto.

Ao fim da reunião, Guilherme Boulos e equipe almoçaram com a cúpula da ACSP. O candidato levou para casa um papel sulfite cheio de anotações da reunião. “Quem quer ser prefeito de São Paulo não busca vida fácil”, afirmou.

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