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Muito calor, seca e chuva: Brasil vive extremos climáticos em outubro

Últimos meses têm sido marcados por chuvas torrenciais no Sul e seca histórica no Norte. É esperada nova onda de calor no Centro-Oeste

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1 de 1 Imagem colorida de chuvas no PR - Metrópoles - Foto: Gilson Abreu/AEN

O Brasil tem diferentes brasis dentro dele, no entanto, o que tem chamado mais a atenção é como o país tem passado, ao mesmo tempo, por eventos climáticos bastante distintos. A Região Norte passa por seca extrema, uma das piores de toda a história amazônica; o Sul sofre com chuvas torrenciais, que têm deixado estragos por onde passa; e agora, é esperada nova onda de calor para o Centro-Oeste.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de perigo para onda de calor, que vai afetar, principalmente, o Centro-Oeste — as temperaturas na região podem ficar pelo menos 5ºC acima da média no período.

Os termômetros devem subir até a próxima segunda-feira (23/10) em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Rondônia, Pará.

Entenda o que está por trás de onda de calor extremo que afeta o país

Na última quinta-feira (19/10), por exemplo, Cuiabá, capital de Mato Grosso, registrou máxima de 44,2ºC, e a previsão é de que, nos próximos dias, as temperaturas fiquem ainda mais altas.

Essa escalada representa risco para a saúde da população, e medidas de prevenção devem ser tomadas, como ingestão de água e evitar exposição ao Sol entre as 10h e as 16h.

Francisco Eliseu Aquino, climatologista e chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destaca que a principal causa dessa onda de calor é o aquecimento global e o fenômeno El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do Pacífico.

“O El Niño impõe menor precipitação, fica a região mais seca e a temperatura aumenta. Então, essa onda de calor tem influência antropogênica das mudanças climáticas, tiradas pelo homem, e uma combinação com o El Niño”, explica Francisco.

Seca na Região Norte

Os níveis dos rios na Amazônia atingiram mínimas preocupantes. A seca na Região Norte afeta, em especial, as comunidades ribeirinhas e a fauna, com a morte de dezenas de botos.

Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Rio Amazonas atingiu a maior seca registrada na Ilha de Parintins, no Amazonas. Essa é a pior estiagem da cidade em 49 anos de medição.

Seca no Amazonas impacta distribuição de alimentos e energia no Brasil

Além da Ilha de Parintins, outros seis municípios estão em situação de emergência. São eles: Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués, Nhamundá, São Sebastião do Uatumã e Urucará.

Isabel Vitorino, professora da Faculdade de Meteorologia, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca que a seca registrou níveis mais críticos em setembro e outubro, quando o fenômeno climático El Niño teve maior incidência, mas é esperada redução na sua ocorrência nos próximos meses.

“Se esse El Niño continuar enfraquecendo, mesmo que não desapareça até dezembro, nós podemos ter algumas chuvas. Ele já tem enfraquecido, e isso tem apresentado ocorrência de chuva, por exemplo, em Belém [PA]. Nós temos a ocorrência de chuvas de 20 a 30 milímetros à tarde, e o normal para esta época é 60 milímetros”, destaca Isabel.

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Chuvas intensas no Sul

O estado do Paraná e partes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram acúmulos de chuva acima da média para outubro. Esse fenômeno provoca alagamento de estradas, deslizamentos de terra e enchentes em diversos municípios.

Santa Catarina, por exemplo, tem 133 municípios em situação de emergência devido às fortes chuvas. A Defesa Civil estadual alerta para alto risco de deslizamento e inundações dos rios Uruguai e Chapecó.

As cidades catarinenses contabilizam estragos. Fortes chuvas deixaram seis mortos e dezenas de desabrigados. Na última terça-feira (17/10), os ventos em Chapecó chegaram a 100 km/h, de acordo com o monitoramento da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) de Santa Catarina.

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Gustavo Baptista, do Instituto de Geociências, da Universidade de Brasília (UnB), salienta que esses eventos climáticos extremos nas regiões Norte e Sul ocorrem por influência do super El Niño.

“Quando a gente tem um fenômeno El Niño, a gente experimenta secas no Norte e no Nordeste e chuvas no Sul e no Sudeste. E, como é um evento extremo, a seca é extrema na Região Norte, e as chuvas, também intensas, porque se associam a ciclones extratropicais que surgem por causa de aquecimento anômalo que o Atlântico está experimentando”, detalha Gustavo.

“É um El Niño extremo associado a um aquecimento do Atlântico, que gera impactos mais significativos. E tanto o El Niño extremo como esse Atlântico aquecido decorrem de mudanças climáticas”, completa o professor da UnB.

Previsão para este sábado (21/10):

Aracaju (SE): 30ºC / 24°C
Belém (PA): 35ºC / 24ºC
Belo Horizonte (MG): 30ºC / 17ºC
Boa Vista (RR): 37ºC / 25ºC
Brasília (DF): 31ºC / 22ºC
Campo Grande (MS): 35ºC / 24ºC
Cuiabá (MT): 44ºC / 30ºC
Curitiba (SC): 21ºC / 14ºC
Florianópolis (SC): 22ºC / 18ºC
Fortaleza (CE): 30ºC / 26ºC
Goiânia (GO): 36ºC / 22ºC
João Pessoa (PB): 30ºC / 25ºC
Macapá (AP): 29ºC / 23ºC
Maceió (AL): 29ºC / 23ºC
Manaus (AM): 36ºC / 25ºC
Natal (RN): 30ºC / 25ºC
Palmas (TO): 38ºC / 25ºC
Porto Alegre (RS): 28ºC / 18ºC
Porto Velho (RO): 36ºC / 25ºC
Recife (PE): 29ºC / 23ºC
Rio Branco (AC): 35ºC / 23ºC
Rio de Janeiro (RJ): 25ºC / 20ºC
Salvador (BA): 31ºC / 23ºC
São Luís (MA): 33ºC / 25ºC
São Paulo (SP): 21ºC / 16ºC
Teresina (PI): 38ºC / 24ºC
Vitória (ES): 28ºC / 21ºC

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