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Ministro da Educação ganha prêmio, mas com base em dados exagerados

Mendonça Filho foi homenageado pela Academia Brasileira de Educação em 24 de novembro

atualizado

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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1 de 1 1072202-df_mcajr_abr_06.04.2017-9808 - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Na sexta-feira (24/11), o ministro da Educação, Mendonça Filho, recebeu o Prêmio Fernando de Azevedo – Educador do Ano 2016. A homenagem é concedida pela Academia Brasileira de Educação (ABE) e tem, em seu histórico de contemplados, o ex-secretário de Educação de São Paulo Gabriel Chalita, o ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame e os ex-ministros da Educação Fernando Haddad e José Henrique Paim.

A escolha da ABE repercutiu nas redes sociais: uns elogiaram a gestão de Mendonça Filho, destacando projetos como a Reforma do Ensino Médio. Outros criticaram os cortes em investimentos na área, reconhecidos pelo próprio editorial bimestral da instituição. Em entrevista concedida à Agência Brasil, o presidente da ABE informou que a escolha de Mendonça Filho havia sido unânime e destacou realizações do ministro em Pernambuco, estado onde foi vice-governador e governador. A Lupa checou algumas frases dessa conversa.

Rafaela Felicciano/Metrópoles

“Seu belo trabalho [de Mendonça Filho] em Pernambuco fez com que o estado hoje seja um dos mais avançados do país em qualidade educacional”

Carlos Alberto Serpa, presidente da ABE, em entrevista à Agência Brasil

EXAGERADO

Mendonça Filho foi vice-governador de Pernambuco entre 1999 e 2006, na chapa de Jarbas Vasconcelos, que comandou o estado. Enquanto ele esteve no cargo, não houve mudança significativa na classificação de Pernambuco no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Após Mendonça Filho ter deixado o governo, no entanto, Pernambuco apresentou gradativa melhora dos seus índices educacionais.

Segundo o Ideb 2005 – o primeiro da série histórica e relativo ao período em que o ministro era vice-governador de Pernambuco –, a rede estadual pública daquele estado era a 19ª melhor do país nas séries iniciais do ensino fundamental (1º a 5º anos), num empate com o Amapá, e a 18ª no ranking do ensino médio. O pior resultado era o do fim do ensino fundamental (6º a 9º anos), em que o estado ocupava a última posição.

No Ideb 2007, o primeiro após a saída de Mendonça Filho do governo pernambucano, o cenário pouco mudou. A rede de educação manteve a última posição nos anos finais do ensino fundamental e subiu duas colocações nos anos iniciais, indo para o 16º lugar. O Ensino Médio, por sua vez, piorou: caiu três postos e passou a ocupar o 21º lugar.

Os Ideb 2009, 2011 e 2013 registraram dados positivos para Pernambuco. Eles refletiram resultados obtidos durante os governos de Eduardo Campos (2007 – 2014) e Paulo Câmara (2015 – hoje), ambos do PSB.

Os dados mais atuais, referentes a 2015, mostram grande melhora na classificação da rede estadual pernambucana. Embora o estado tenha caído para 18º lugar no ranking dos anos iniciais do ensino fundamental, ocupa hoje a 10ª colocação nas séries finais e divide a liderança com São Paulo na classificação do ensino médio.

O Ideb é publicado a cada dois anos, desde 2007, e avalia sempre o biênio anterior a seu lançamento. Em 2017, por exemplo, foi divulgado o Ideb 2015. A íntegra dos dados está disponível no portal do Inep e pode ser conferida aqui.

O Ministério da Educação emitiu uma nota destacando que “aquilo que o ministro tem afirmado, inclusive no discurso feito na entrega do prêmio Educador do Ano pela Academia Brasileira de Educação, é que o sucesso da política de escolas em tempo integral no estado, que levou Pernambucano a alcançar a primeira posição no Ideb em 2016, deve-se à continuidade ao longo das gestões de cinco governadores que se sucederam desde 2004: Jarbas Vasconcelos, Mendonça Filho, Eduardo Campos, João Lyra e Paulo Câmara”.

Agência Brasil

“Essa qualidade da educação brasileira ele [Mendonça Filho] já tinha conseguido em seu estado natal, nas cidades em que morou, no estado em que governou, adotando essa política de tempo integral”

Carlos Alberto Serpa, presidente da ABE, em cerimônia de entrega do Prêmio Educador do Ano

VERDADEIRO, MAS

O projeto da rede integral de Pernambuco de fato foi criado por um decreto de 2004 do então governador, Jarbas Vasconcelos. Na época, Mendonça Filho era o vice-governador. Vale ressaltar, no entanto, que o projeto só virou política de estado em 2008, dois anos depois de Mendonça Filho deixar o governo, e era ainda bastante incipiente ao fim de sua gestão.

O ministro deixou o governo de Pernambuco em 2006. Naquele ano, a rede tinha 25 escolas: 20 integrais e cinco técnicas. Em 2014, quando acabou a gestão de Eduardo Campos/João Lyra Neto, o número era 13 vezes maior. O estado tinha 125 escolas integrais, 175 semi-integrais e 27 escolas técnicas, totalizando 327 unidades.

Os dados são do Balanço de 2014 da Secretaria de Educação de Pernambuco. Atualmente, a rede tem 369 escolas.

Procurada para comentar a checagem, a ABE não retornou.

Em nota, o ministério destacou partes dos discurso realizado por Mendonça Filho no dia da entrega da homenagem. “Hoje, cerca de metade de rede estadual funciona em tempo integral, e o ensino médio em Pernambuco virou referência nacional, fatos que mostram que política pública de qualidade, como o próprio nome diz, não pode ser propriedade de governos ou de bandeiras partidárias, mas sim uma conquista da sociedade”.

Ainda de acordo com o ministério, “a política de indução das escolas em tempo integral, que vai levar esse modelo vitorioso para todos os estados do país, vai ter pela primeira vez apoio financeiro do Governo Federal, garantindo 500 mil novas vagas no ensino médio em tempo integral’.

Com reportagem de Hellen Guimarães

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