metropoles.com

Militantes bolsonaristas partem para cima de repórteres: “Seus lixos”

Dois episódios de agressões verbais foram registrados nesta segunda-feira (25/05): no Palácio da Alvorada e Ministério da Defesa

atualizado

Rafaela Felicciano/Metrópoles

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) agrediram verbalmente e chegaram perto de partir para o confronto físico com profissionais de imprensa em duas ocasiões nesta segunda-feira (25/05).

A primeira ocorreu pela manhã, logo após o presidente deixar o Palácio da Alvorada, sua residência oficial. O segundo foi registrado logo após o chefe do Executivo deixar o Ministério da Defesa, onde se encontrou e almoçou com o ministro Fernando Azevedo.

Os primeiros xingamentos que partiram dos simpatizantes de Bolsonaro ocorreram logo após a saída do comboio presidencial. Nesta segunda, a área destinada aos visitantes, limitada a 35 pessoas, lotou rapidamente e, pela primeira vez, a segurança organizou um segundo cercadinho – do outro lado da rua –, onde o presidente também sinalizou para os apoiadores.

Enquanto cumprimentava os militantes, Bolsonaro disse aos repórteres: “quando vocês aprenderem a falar a verdade, eu converso com vocês”. Ele interagiu com uma mulher que pedia mais investimento em propaganda porque, segundo ela, a imagem de Bolsonaro na imprensa estrangeira não é boa. “A mídia internacional é de esquerda”, rebateu o chefe do Executivo.

Assim que o presidente embarcou, o grupo que estava do outro lado da rua se posicionou diante dos microfones, onde Bolsonaro costuma conceder as entrevistas, e começou a gritar: “Globo lixo”, “CNN lixo” e “mídia lixo”. Na sequência, as ofensas passaram a ser contra os próprios repórteres, que foram chamados de “corruptos, comunistas, vendidos e vagabundos”.

Foram aproximadamente três minutos de xingamentos. Após esse período, seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) decidiram intervir e retiraram os manifestantes. Na saída – que é a mesma para visitantes e profissionais – os militantes tornavam a chamar de “lixo” cada jornalista que passava. Os jornalistas não revidaram os xingamentos.

Ministério da Defesa

Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto pouco antes do meio-dia e seguiu até o Ministério da Defesa para um almoço com o ministro Fernando Azevedo. Enquanto o presidente estava no interior do edifício, vários apoiadores o esperavam, de maneira silenciosa, do lado de fora.

Publicidade do parceiro Metrópoles 1
Publicidade do parceiro Metrópoles 2
Publicidade do parceiro Metrópoles 3
Publicidade do parceiro Metrópoles 4
Publicidade do parceiro Metrópoles 5
0

Assim que o comboio partiu, o grupo, entre eles membros do acampamento bolsonarista “300 do Brasil”, que defende táticas militares para apoiar o atual presidente, partiu novamente para cima dos profissionais de imprensa. As palavras usadas eram as mesmas utilizadas para ofender repórteres no Alvorada.

A direção da Polícia Civil do Distrito Federal afirmou ao Metrópoles que a PCDF reforçou o monitoramento sobre o grupo que se intitula “300 do Brasil” e tem liderado ataques físicos e verbais a cidadãos que se opõem ao governo Bolsonaro e jornalistas em atividade.

Em um determinado momento (veja abaixo), um apoiador quase partiu para a violência física contra os jornalistas.

Os xingamentos só cessaram após interferência da Polícia Militar. Um militar chegou a empunhar um spray de pimenta para que um bolsonarista cessasse a agressão, que foi encerrada antes do seu uso.

Os ataques geraram repúdio nas redes sociais e das entidades classistas. Entre elas, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que publicou o vídeo dos ataques em suas redes. Veja:

 

Ver essa foto no Instagram

 

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) e a Federação Nacional dos Jornalistas – @fenajoficial – repudiam os novos ataques contra jornalistas ocorridos nesta segunda-feira (25) no Palácio da Alvorada e na Esplanada dos Ministérios. Apoiadores do presidente da República Jair Bolsonaro xingaram os profissionais e chegaram a se aproximar de algumas equipes ao gritos, sem máscara. Consideramos que a escalada de violência está diretamente relacionada com a postura adotada pelo presidente contra a imprensa e, por isso, reivindicamos que as empresas de comunicação tomem medidas urgentes. Tanto no sentido de garantir a segurança dos jornalistas, quanto de tomar as medidas jurídicas cabíveis. Já fizemos esse apelo reiteradas vezes e acreditamos que as empresas devem reavaliar a continuidade da cobertura presencial, até que a segurança esteja garantida. O Sindicato irá novamente cobrar ações de proteção aos profissionais por parte da Secretaria de Comunicação e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, responsável pela vigilância no Alvorada, e por parte da Polícia Militar do DF, responsável pela segurança na Esplanada. Renovamos nosso apelo para que o Governo do Distrito Federal atue no sentido de combater aglomerações e punir com multa as pessoas que transitam sem o uso de máscara, conforme lei em vigor. Também solicitamos providências por parte do Ministério Público.

Uma publicação compartilhada por Sindicato dos Jornalistas DF (@jornalistasdf) em






Quais assuntos você deseja receber?