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Salles diz que Ibama cumpriu “100%” da meta de combate ao desmatamento

De acordo com documento publicado nesta quinta-feira, órgão atingiu em “100%” a previsão de redução da devastação na Amazônia Legal

atualizado

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Arquivo/Agência Brasil
Desmatamento
1 de 1 Desmatamento - Foto: Arquivo/Agência Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, divulgou os resultados alcançados nas metas institucionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no período de 1º de junho de 2019 a 31 de maio de 2020.

Um dos dados aprovados pelo ministro chama a atenção: a meta de combate ao desflorestamento na Amazônia Legal, que é o volume de devastação que o órgão deveria ter reduzido no período.

De acordo com portaria publicada nesta quinta-feira (30/7) no Diário Oficial da União (DOU), o Ibama tinha como meta reduzir o desmatamento em 80% na Amazônia Legal — uma área que engloba nove estados do Brasil.

Segundo o documento assinado por Salles, a meta foi atingida em “100%”, ou seja, em sua totalidade. A afirmação discrepa de dados de desmatamento na região produzidos pelo próprio governo federal.

Em nota conjunta enviada ao Metrópoles, o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama reafirmaram os resultados. “A meta estipulada e alcançada foi de atender 80% dos alertas críticos de desmatamento, índice que foi atingido e,portanto, a meta foi 100% cumprida”, informa o texto.

A taxa oficial consolidada do desmatamento da Amazônia Legal no ano passado foi de 10.129 quilômetros quadrados (km2), 34% maior do que a de 2018 (7.536 km2), segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Desde 2008, quando o Prodes contabilizou 12.911 km2 de desflorestamento na região, a taxa não era tão elevada. O sistema começou a registrar o desmatamento na Amazônia Legal em 1988 e durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi alvo de ataques.

A tendência continuou em 2020. A degradação na Amazônia Legal aumentou 64% de agosto de 2019 a junho de 2020. Foram 7.540km² de desmatamento ante 4.589km² entre agosto de 2018 e junho de 2019.

Segundo o Inpe, apenas em junho, houve alertas de desmatamento em uma área de 1.034km², aumento de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado (935km²). Foi o pior mês desde 2007. Em 2020, de 1º de janeiro a 30 de junho, 3.070km² de floresta foram desmatados, 26% a mais do que o mesmo período do ano passado. Os números referem-se aos 11.822 alertas de desmatamento no primeiro semestre.

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A divulgação das metas pelo ministério tem o objetivo de pagar a Gratificação de Desempenho de Atividade de Especialista Ambiental (GDAEM) devida aos ocupantes dos cargos efetivos do Ibama e  pertencentes a carreira de especialista em meio ambiente.

Crise

Há duas semanas, a pesquisadora responsável pelo trabalho de monitoramento da devastação florestal no Inpe, Lubia Vinhas, foi exonerada. Ela era coordenadora-geral de Observação da Terra do Inpe, departamento responsável pelos sistemas Deter e Prodes, que acompanham o desmatamento na região amazônica.

A exoneração foi assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, astronauta Marcos Pontes, e ocorreu após a divulgação de recordes de desmatamento. Segundo o ministro, a demissão se deve a uma reestruturação do órgão.

O Inpe foi alvo de uma série de desentendimentos entre o presidente Jair Bolsonaro e o então diretor do órgão, Ricardo Magnus Osório Galvão, que foi acusado de agir “a serviço de alguma ONG”, ao divulgar dados sobre desmatamento. Para o chefe do Palácio do Planalto, Galvão faz “propaganda negativa do Brasil”. O pesquisador acabou deixando o cargo.

Esforços

Para tentar controlar a devastação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Luiz Mendonça, prorrogou o uso da Força Nacional de Segurança Pública em ações conjuntas com as Forças Armadas na Amazônia Legal. A intenção é que os agentes combatam incêndios e desmatamento até novembro.

Já são 14 meses consecutivos de alta no corte da floresta em relação aos mesmos meses do ano anterior. Em oito deles, as taxas bateram os recordes do registro desde 2015. Isso tem causado a pressão internacional de empresas, ativistas e líderes no Conselho da Amazônia, coordenado pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB).

 

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