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MPMG: Vale escondia lista de barragens em “situação inaceitável”

Segundo a força-tarefa, mineradora e consultoria TÜV SÜD emitiam declarações falsas sobre a segurança de algumas unidades

atualizado

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Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles
Brumadinho
1 de 1 Brumadinho - Foto: Bárbara Ferreira/Especial para o Metrópoles

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sustentou, nesta terça-feira (21/01/2020), que a mineradora Vale e a consultoria TÜV SÜD emitiam declarações falsas sobre a segurança de algumas das suas barragens. Entre elas, está a de Brumadinho, em Minas Gerais, que, em janeiro de 2019, causou a morte de pelo menos 259 pessoas – 11 seguem desaparecidas.

Segundo o coordenador da força-tarefa que investiga o caso, William Garcia Pinto Coelho, as barragens eram listadas em um documento interno, sob a alcunha de “em situação inaceitável de segurança”.

Eles apontaram que, após o caso de Brumadinho, medidas semelhantes foram adotadas em uma série de outras unidades da mineradora, em Cocais, Mariana, Itabirito, Nova Lima, Ouro Preto e Sabará: para os investigadores, elas batem com a lista “que já se reconhecia internamente pela Vale em conluio com a TÜV”.

Para a força-tarefa, informações erradas sobre a segurança das barragens estariam sendo divulgadas pela Vale desde novembro de 2017.

Nesta terça-feira, o MP denunciou e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) indiciou 16 funcionários da Vale e da TÜV SÜD, incluindo o ex-presidente da mineradora Fabio Schvartsman, pelo crime de homicídio doloso duplamente qualificado, quando há intenção de matar e impossibilidade de defesa das vítimas. As duas empresas foram denunciadas por crimes ambientais.

Defesa
Em nota, a TÜV SÜD afirmou continuar “profundamente consternada pelo trágico colapso” e sustentou que as causas do rompimento ainda não foram esclarecidas de forma conclusiva e que “reitera seu compromisso em ver os fatos sobre o rompimento da barragem esclarecidos”. “Continuamos oferecendo nossa cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento.”

A empresa, contudo, afirma que, “enquanto os processos legais e oficiais ainda estiverem em curso e até que se apurem as reais causas do acidente de forma conclusiva, a TÜV SÜD não poderá fornecer mais informações sobre o caso”.

Ao Metrópoles, a Vale informou que “sem prejuízo de se manifestar formalmente após analisar o inteiro teor da denúncia”, desde já “expressa sua perplexidade ante as acusações de dolo”. Eles também pontuam que o caso é investigado por outros órgãos e que é “prematuro apontar assunção de risco consciente para provocar uma deliberada ruptura da barragem”. “A Vale confia no completo esclarecimento das causas da ruptura e reafirma seu compromisso de continuar contribuindo com as autoridade”, concluíram.

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