Governo pretende apresentar projetos de recuperação ambiental na COP27
Brasil chega a Cop27, que ocorre no Egito, com grandes expectativas para acordos para a área de meio ambiente
atualizado
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A Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP27) começou nesse domingo (6/11) em Sharm el-Sheikh, no Egito. O evento conta com a participação de diversos países comprometidos com a agenda ambiental, inclusive o Brasil. O governo federal chega ao encontro para apresentar projetos de restauração de vegetação nativa realizados na atual gestão.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de diversas críticas nacionais e internacionais sobre a sua gestão na área ambiental ao longo dos últimos quatro anos. Entretanto, na COP27, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou, nesta segunda-feira (7/11), que o país irá apresentar projetos de silvicultura em todos os biomas brasileiros. Segundo a pasta, a meta é restaurar, pelo menos, 12 milhões de hectares até 2030, principalmente em áreas de preservação permanente, reserva legal e terras degradadas com baixa produtividade.

A destruição de florestas na Amazônia alcançou um novo e alarmante patamar durante o governo Bolsonaro. O desmatamento no bioma aumentou 56,6% entre agosto de 2018 e julho de 2021, em comparação ao mesmo período de 2016 a 2018 Igo Estrela/Metrópoles

De acordo com a pesquisa do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), mais da metade (51%) do desmatamento do último triênio ocorreu em terras públicas, principalmente (83%) em locais de domínio federal Igo Estrela/Metrópoles

Dois anos após o Dia do Fogo, as queimadas na região voltaram a quebrar recordes anuais. Em 2020, a Amazônia Legal registrou o maior índice dos últimos nove anos (150.783 focos de fogo), um valor 20% maior que no ano anterior e 18% maior que nos últimos cinco anos Igo Estrela/Metrópoles

Em 2019, Bolsonaro se envolveu em algumas polêmicas ao ser pressionado sobre as medidas para controlar a situação das queimadas na Amazônia. Na época, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que o mês de julho havia registrado aumento de 88% nos incêndios, em comparação com o mesmo período do ano anterior Fábio Vieira/Metrópoles

O presidente da República questionou a veracidade das informações e chegou a afirmar que se o relatório fosse verdadeiro a floresta já estaria extinta. O diretor do instituto, Ricardo Galvão, acabou exonerado por causa da qualidade das informações divulgadas pelo órgão Ricardo Fonseca/ASCOM-MCTIC

Bolsonaro chegou a culpar as organizações não governamentais (ONGs) pela situação na floresta. Segundo o presidente, o objetivo era enviar as imagens para o exterior e prejudicar o governo Fábio Vieira/Metrópoles

Diante da polêmica, o governo lançou edital com o intuito de contratar uma equipe privada para monitorar o desmatamento na Amazônia. O presidente também convocou um gabinete de crise para tratar das queimadas e prometeu tolerância zero com os incêndios florestais Fotos Igo Estrela/Metrópoles

Porém, durante os três anos de governo de Jair Bolsonaro, as políticas ambientais foram alvo de críticas devido aos cortes orçamentários, desmonte de políticas de proteção ambiental e enfraquecimento de órgãos ambientais Reprodução

Em 2020, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o chefe do Executivo voltou a criar polêmicas ao declarar que os incêndios florestais eram atribuídos a "índios e caboclos" e disse que eles aconteceram em áreas já desmatadas. Além disso, Bolsonaro alegou que o Brasil é vítima de desinformação sobre o meio ambiente Agência Brasil

No ano seguinte, Bolsonaro elogiou a legislação ambiental brasileira e o Código Florestal e enalteceu a Amazônia durante a assembleia. Além disso, disse que o futuro do emprego verde estava no Brasil Agência Brasil

Em novembro de 2021, o presidente classificou as notícias negativas sobre a Amazônia como “xaropada”. Contudo, de acordo com o Inpe, a área sob risco tem 877 km², um recorde em relação à série histórica Lourival Sant’Anna/Agência Estado

Durante um evento de investidores em Dubai, Jair disse que a Amazônia não pega fogo por ser uma floresta úmida e que estava exatamente igual quando foi descoberta, em 1500 Agência Brasil

Bolsonaro costuma falar com apoiadores no Palácio da Alvorada todos os dias

Estudo do Ipam, divulgado em 2022, alerta que a tendência é o desmatamento crescer ainda mais na Amazônia caso sejam aprovados projetos de lei que estão em discussão no Congresso. Segundo o instituto, esses textos preveem a regularização de áreas desmatadas e atividade de exploração mineral em terras indígenas Ernesto Carriço/NurPhoto via Getty Images
O ministério declara que a atuação de recuperação faz parte do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) que conta com doação de recursos não-reembolsáveis e trabalha, principalmente, na recuperação de terras na Caatinga, Pantanal e Pampa.
Dados do MapBiomas indicam que o Pampa perdeu 3,4 milhões de hectares nos últimos 37 anos. A vegetação desse bioma é utilizada principalmente pela pecuária e a atividade agrícola.
Outra iniciativa apresentada pelo MMA é o Projeto Biodiversidade e Mudanças Climáticas na Mata Atlântica que conta com o apoio financeiro do Banco Alemão de Desenvolvimento. Esse projeto tem como objetivo a recuperação da vegetação e fortalecimento da cadeia produtiva associada à recuperação de mosaicos de áreas protegidas na Bahia, em unidades de conservação da Mata Atlântica central fluminense e unidades de conservação do litoral sul do estado de São Paulo e no Paraná.
O último projeto apresentado pelo Ministério do Meio Ambiente aos líderes internacionais na COP27 é o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia (ASL-Brasil) para restauração florestal de 29,2 mil hectares na Amazônia, entre os estados do Acre, Amazonas, Pará e Rondônia, até 2026.
O projeto conta com mais de R$ 47,2 milhões em investimentos entre 2022 e 2023. Segundo a pasta, serão priorizados a entrega de atividades de restauração florestal com o aporte de aproximadamente R$ 21 milhões no avanço da adequação ambiental de propriedades rurais e na regeneração de áreas nativas na Amazônia.
COP27
Além do governo federal, parlamentares e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) irão participar da COP27, no Egito. O evento é um dos principais encontros para acordos na área ambiental nas esferas federal e estaduais, com o financiamento internacional.
Além de Lula, uma importante aliada do petista e ex-ministra do Meio Ambiente também participará do encontro, Marina Silva (Rede) é um nome de grande reputação ambiental internacionalmente.