metropoles.com

Cerca de 30% do ouro produzido no país é irregular, diz estudo

Mineração de ouro ilegal subiu 44% no país de 2020 para 2021, segundo levantamento da UFMG

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
Garimpo em Terra Yanomami
1 de 1 Garimpo em Terra Yanomami - Foto: Divulgação

Cerca de 30% do ouro produzido no país de janeiro de 2021 a junho de 2022 pode ser considerado irregular.

Nesse período de 18 meses foram produzidas 158 toneladas de ouro. Desse total, 35,7 toneladas (23%) foram consideradas potencialmente ilegais e 10,5 toneladas (7%), ilegais. Os dados foram publicados no estudo “Boletim do Ouro“, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Os pesquisadores consideram ouro potencialmente ilegal quando a lavra se estende além do processo minerário.

Já o ilegal ocorre nos casos em que o processo minerário ainda não obteve o título de outorga ou quando a produção é registrada em áreas sem evidências de exploração, de acordo com imagens de satélites. A parte irregular é a soma dessas duas situações.

De 2020 para 2021, a mineração de ouro ilegal subiu 44%, de 5,1 toneladas para 7,5 toneladas, diz o levantamento.

Em conversa com o Metrópoles, um dos autores do estudo, o pesquisador Bruno Antônio Manzolli, do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) da UFMG, atribui esse crescimento da quantidade de ouro ilegal minerado a três fatores: valorização do minério, sucateamento de órgãos ambientais e negligência da Agência Nacional de Mineração (ANM).

O ano de 2021 foi marcado por uma estabilização da cotação internacional do ouro, sobretudo se comparado a 2020, quando o metal atingiu o maior preço já registrado.

Em março deste ano, o valor do minério se aproximou da máxima de USD 2.067,15/oz, alcançando USD 2.039,05/oz, segundo a London Bullion Market Association (LBMA).

“A alta valorização do metal no mercado internacional estimulou a prospecção por novas frentes de lavra pelo mundo. No Brasil não foi diferente, com o avanço ocorrendo sobretudo na região amazônica por meio do garimpo”, explica o estudo.

Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) publicada em agosto deste ano apontou “baixa qualidade” das permissões concedidas a garimpeiros pela ANM, além do risco de “graves danos socioambientais”.

“Foram observadas falhas e inconsistências em pareceres emitidos pelas gerências regionais, omissão da ANM nas análises quanto à conformidade das licenças ambientais com os dados aprovados pela própria Agência e a urgência de correções em procedimentos internos e em atividades rotineiras de análise”, diz o relatório da CGU.

A área minerada no Brasil cresceu seis vezes desde 1985 e chegou a 206 mil hectares em 2020, segundo análise feita pelo MapBiomas.

Outro lado

A Agência Nacional de Mineração foi procurada pelo Metrópoles para se manifestar sobre o estudo da UFMG.

Em nota, a ANM informou que o trabalho desenvolvido pela agência tem como foco os detentores de títulos devidamente legalizados. O órgão alega, no entanto, que vem empregando esforços no sentido de trazer à legalidade todos aqueles que, porventura, queiram trabalhar dessa forma.

“Cabe ressaltar, ainda, que extração ilegal é crime ambiental e de usurpação de bem público, situação cujo trato é dado por meio da atuação dos órgãos ambientais e de polícia”, acrescentou a pasta.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?