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Amazônia: “Não é hora de desvarios em juízos e falas”, diz CNBB

Entidade máxima da Igreja Católica no país pede “medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta”

atualizado

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Divulgação/CNBB
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1 de 1 Dom-walmor-1 - Foto: Divulgação/CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) cobrou nesta sexta-feira (23/08/2019) ações urgentes do governo brasileiro para combater o avanço das queimadas na Amazônia. Depois de o presidente Jair Bolsonaro lançar a suspeita de que organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Amazônia Legal teriam envolvimento nos incêndios, a entidade católica, uma das mais presentes na região, afirmou que “não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas”.

“É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas”, diz a CNBB, em nota oficial assinada por sua cúpula.

Sem citar o presidente Jair Bolsonaro, que já classificou a CNBB como a “parte podre da Igreja Católica”, os bispos pedem no comunicado “diálogos e entendimentos lúcidos”.

A CNBB classificou os incêndios como “absurdos” e afirmou que ocorrem “depredações criminosas” na floresta. No comunicado, a instituição dos bispos brasileiros também disse que o país tem “maior responsabilidade” na preservação da região.

“O povo brasileiro, seus representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes”, afirma a CNBB.

Discussão mundial na igreja

A CNBB também afirma o compromisso do Vaticano com a Amazônia, ao citar a realização em outubro de um Sínodo dos Bispos para discutir globalmente, no âmbito eclesiástico, o respeito ao meio ambiente, povos tradicionais e indígenas e questões religiosas da secular presença católica na Região Norte.

“Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão com perdas irreparáveis”, afirma a CNBB.

O Sínodo preocupa sobretudo as áreas de inteligência e militar do Palácio do Planalto, que veem no encontro dos bispos encomendado há dois anos pelo papa Francisco uma brecha para pautas de esquerda, críticas ao governo Bolsonaro e ataques à soberania brasileira na Amazônia.

Leia abaixo a íntegra da nota oficial da CNBB, assinada pela diretoria da entidade, presidida por dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte:

“O povo brasileiro, seus representantes e servidores têm a maior responsabilidade na defesa e preservação de toda a região amazônica. O Brasil possui significativa extensão desse precioso território, com o rico tesouro de sua fauna, flora e recursos hidrominerais. Os absurdos incêndios e outras criminosas depredações requerem, agora, posicionamentos adequados e providências urgentes. O meio ambiente precisa ser tratado nos parâmetros da ecologia integral, em sintonia com o ensinamento do Papa Francisco, na sua Carta Encíclica Laudato Si, sobre o cuidado com a casa comum.

‘Levante a voz pela Amazônia’ é um movimento, agora, indispensável, em contraposição aos entendimentos e escolhas equivocados. A gravidade da tragédia das queimadas, e outras situações irracionais e gananciosas, com impactos de grandes proporções, local e planetária, requerem que, construtivamente, sensibilizando e corrigindo rumos, se levante a voz.

É hora de falar, escolher e agir com equilíbrio e responsabilidade, para que todos assumam a nobre missão de proteger a Amazônia, respeitando o meio ambiente, os povos tradicionais, os indígenas, de quem somos irmãos. Sem assumir esse compromisso, todos sofrerão com perdas irreparáveis.

O Sínodo dos bispos sobre a Amazônia, outubro próximo, em sintonia amorosa e profética com a convocação do Papa Francisco, no cumprimento da tarefa missionária e da evangelização, é sinal de esperança e fonte de indicações importantes no dever de preservar a vida, a partir do respeito ao meio ambiente.

‘Levante a voz’ para esclarecer, indicar e agir diferente, superar os descompassos vindos de uma prolongada e equivocada intervenção humana, em que predomina a ‘cultura do descarte’ e a mentalidade extrativista. A Amazônia é uma região de rica biodiversidade, multiétnica, multicultural e multirreligiosa, espelho de toda a humanidade que, em defesa da vida, exige mudanças estruturais e pessoais de todos os seres humanos, Estados e da Igreja.

É urgente que os governos dos países amazônicos, especialmente o Brasil, adotem medidas sérias para salvar uma região determinante no equilíbrio ecológico do planeta – a Amazônia. Não é hora de desvarios e descalabros em juízos e falas. ‘Levante a voz’ na voz profética do Papa Francisco ao pedir, a todos os que ocupam posições de responsabilidade no campo econômico, político e social: “Sejamos guardiães da criação”.

Vamos construir juntos uma nova ordem social e política, à luz dos valores do Evangelho de Jesus, para o bem da humanidade, da Panamazônia, da sociedade brasileira, particularmente dos pobres desta terra. É indispensável para promovermos e preservarmos a vida na Amazônia e em todos os outros lugares do Brasil. Em diálogos e entendimentos lúcidos, que se ‘levante a voz’!”

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