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“Me perguntei como continuava a viver”, diz irmã de Rafael Miguel

No Instagram, Camila tentou descrever, em palavras, o calvário que tem enfrentado desde que soube da morte dos familiares

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“Não sei exatamente quantos dias fazem do pesadelo que estou vivendo.” Assim começa o longo desabafo publicado por Camilla Miguel em seu Instagram nessa quinta-feira (20/06/2019). A jovem é irmã de Rafael Miguel, ator que foi assassinado junto dos pais no dia 9 de junho.

No Instagram, Camila tentou descrever, em palavras, o calvário que tem enfrentado desde que soube da morte dos familiares. “As lembranças do maior trauma que vivenciei virou um borrão, daqueles que você lembra muito do que aconteceu, viu e sentiu, mas parece tudo um filme, com uma névoa na frente de tudo”, afirmou.

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Rafael Miguel tinha 22 anos. Ele e seus pais, João Alcisio Miguel, de 52, e Miriam Selma Miguel, de 50, foram assassinados pelo pai da namorada do ator, Paulo Cupertino Matias, de 48. O criminoso segue foragido. Confira o texto completo:

“Não sei exatamente quantos dias fazem do pesadelo que estou vivendo. Sei que posso contar mas não quero parar pra pensar. sei que já passou mais de uma semana, e sei também que essa semana pareceram horas. todo dia parecia que aconteceu ontem. As lembranças do maior trauma que vivenciei virou um borrão, daqueles que você lembra muito do que aconteceu, viu e sentiu, mas parece tudo um filme, com uma névoa na frente de tudo.
Me perguntei, sempre que via alguém perder alguém ou parte da família, como continuava a viver. Como a pessoa estava falando, ou de pé, ou acordada, depois de dias de tudo isso. Hoje sou eu essa pessoa. que dias depois teve que começar a lidar com burocracias de 3 pessoas que se foram e 1 que ficou. O luto é diferente, tem médios e baixos. Consigo rir e sorrir, mas dói demais fazer isso e logo sinto que não quero estar sorrindo ainda. Consigo ser firme na conversa, mas não por muito tempo. Mas o fato é que eu escolhi ficar.
É isso mesmo, eu escolhi continuar vivendo. Porque a vontade sinceramente é, de verdade, abrir o buraco onde minha família está e deitar com eles. É não ficar pra lidar com esse sufoco de dor. É desistir, deixar a tristeza tomar conta e não sorrir, não ser firme, não levantar. Mas aí eu não estaria vivendo, e por mais que seja um caminho doloroso, eu escolhi e estou escolhendo dia após dia, hora após hora, viver. E existe uma certa agonia em viver logo, afinal o trauma também traz medo e não sei quando minha chance vai acabar.
Eu ainda não entendi tudo. Eu nunca vou superar porque este luto é diferente e vem com muita repetição da negação e do cair da ficha. Mas eu sinto desesperadamente uma vontade de continuar, de me curar. Se um dia eu vou conseguir sair desse looping, não sei. Se um dia vou conseguir olhar alguém com os pais e não sentir inveja, não sei. ou se um dia vou conseguir observar as pessoas sem pensar “como queria que meu dia fosse só mais um comum assim”, não sei. Só sei que escolhi o caminho mais doloroso e difícil… o de ficar”, disse Camilla.

 

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não sei exatamente quantos dias fazem do pesadelo que estou vivendo. sei que posso contar mas não quero parar pra pensar. sei que já passou mais de uma semana, e sei também que essa semana pareceram horas. todo dia parecia que aconteceu ontem. as lembranças do maior trauma que vivenciei virou um borrão, daqueles que você lembra muito do que aconteceu, viu e sentiu, mas parece tudo um filme, com uma névoa na frente de tudo. me perguntei, sempre que via alguém perder alguém ou parte da família, como continuava a viver. como a pessoa estava falando, ou de pé, ou acordada, depois de dias de tudo isso. hoje sou eu essa pessoa. que dias depois teve que começar a lidar com burocracias de 3 pessoas que se foram e 1 que ficou. o luto é diferente, tem médios e baixos. consigo rir e sorrir, mas dói demais fazer isso e logo sinto que não quero estar sorrindo ainda. consigo ser firme na conversa, mas não por muito tempo. mas o fato é que eu escolhi ficar. é isso mesmo, eu escolhi continuar vivendo. porque a vontade sinceramente é, de verdade, abrir o buraco onde minha família está e deitar com eles. é não ficar pra lidar com esse sufoco de dor. é desistir, deixar a tristeza tomar conta e não sorrir, não ser firme, não levantar. mas aí eu não estaria vivendo, e por mais que seja um caminho doloroso, eu escolhi e estou escolhendo dia após dia, hora após hora, viver. e existe uma certa agonia em viver logo, afinal o trauma também traz medo e não sei quando minha chance vai acabar. eu ainda não entendi tudo. eu nunca vou superar porque este luto é diferente e vem com muita repetição da negação e do cair da ficha. mas eu sinto desesperadamente uma vontade de continuar, de me curar. se um dia eu vou conseguir sair desse looping, não sei. se um dia vou conseguir olhar alguém com os pais e não sentir inveja, não sei. ou se um dia vou conseguir observar as pessoas sem pensar “como queria que meu dia fosse só mais um comum assim”, não sei. só sei que escolhi o caminho mais doloroso e difícil… o de ficar. .

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