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Lupa: Temer erra sobre postos de trabalho e orçamento em seu governo

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente também se equivocou sobre desempenho dos Correios no início de 2018

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1 de 1 Temer-Roda-Viva - Foto: Reprodução

O ex-presidente Michel Temer (MDB) falou sobre o seu papel no impeachment de Dilma Rousseff (PT) e defendeu o desempenho do seu governo nessa segunda-feira (16/09/2019), em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Ele disse que não se envolveu no processo de impedimento, ao qual se referiu algumas vezes usando a palavra “golpe”. Temer falou ainda de sua prisão e dos processos a que responde na Justiça. A Lupa checou algumas das frases do ex-presidente. Veja o resultado:

“No ano de [20]17, houve 475 mil carteiras assinadas”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

O saldo para o mercado formal de trabalho ficou negativo em 11.964 registros em carteira assinada em 2017, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia (tabela 6.1). Isso significa que, ao contrário do que disse Temer, houve mais desligamentos do que admissões naquele ano. O saldo só voltou a ser positivo em 2018, quando as admissões com carteira assinada superaram os desligamentos em 540.974 registros.

No trimestre encerrado em dezembro de 2017, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificou 33,23 milhões de trabalhadores do setor privado com carteira assinada no país. Isso equivale a uma pequena queda de 1,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o total chegou a 33,89 milhões. Também ficou praticamente estável o total de trabalhadores domésticos com carteira assinada – de 1,94 milhão para 1,87 milhão – e o de empregados do setor público com CLT – 1,14 milhão para 1,15 milhão – no trimestre encerrado em dezembro de 2017.

Procurado para comentar, Michel Temer não respondeu.

“(…) Houve a abertura, mais ou menos, de 1,2 milhão de postos de trabalho [em 2017]”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

O acréscimo no número de pessoas empregadas no trimestre encerrado em dezembro de 2017 com relação ao mesmo período de 2016 é bem menor do que o mencionado por Temer. De acordo com a Pnad Contínua Mensal, do IBGE, em dezembro de 2016 havia 61,6 milhões de pessoas nesta situação. Em 2017, eram 62 milhões. O aumento, portanto, é de 400 mil postos de trabalho na comparação entre os dois períodos – e não de 1,2 milhão. Esse número considera tanto o mercado formal como o informal.

O número citado pelo ex-presidente Michel Temer em entrevista ao Roda Viva é 200% maior do que o que foi registrado pelos dados do IBGE.

Procurado para comentar, Michel Temer não respondeu.

“Nós aumentamos, logo no primeiro ano [de governo, o Orçamento em] R$ 10 bilhões para a Saúde e R$ 10 bilhões para a Educação”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

Segundo o portal de Orçamento do Senado, o Siga Brasil, o governo não aumentou o orçamento em R$ 10 bilhões nem na função Saúde, nem na função Educação de 2016 para 2017.

Quando consideramos a função Saúde, o orçamento autorizado cresceu de R$ 112,3 bilhões em 2016 para R$ 120,4 bilhões em 2017, em valores nominais. Um aumento, portanto, de R$ 8,1 bilhões. Em valores corrigidos pelo IPCA para agosto de 2019, esse crescimento foi menor: apenas R$ 2,2 bilhões. Se considerarmos os valores de fato executados, a variação foi de R$ 9,3 bilhões em valores nominais e R$ 6,1 bilhões em valores corrigidos.

Já na Educação, houve um crescimento nominal no orçamento de R$ 5,2 bilhões. Em 2016, o valor aprovado para a pasta foi de R$ 109,9 bilhões, enquanto, em 2017, foi de R$ 115,1 bilhões. Esse aumento foi inferior ao IPCA: em valores reais, o orçamento previsto caiu R$ 500 milhões.

Quando consideramos os valores de fato executados pelo governo, a diferença nominal foi menor: de R$ 106,7 bilhões em 2016, foi para R$ 111,4 bilhões em 2017, uma diferença de R$ 4,7 bilhões. Em valores reais, porém, houve um crescimento ligeiro: de R$ 118,5 bilhões para R$ 119,8 bilhões.

Procurado para comentar, Michel Temer não respondeu.

“Os Correios, pela primeira vez, no primeiro semestre de 2018, tiveram um balanço positivo”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

Os Correios deram prejuízo, e não lucro, no primeiro semestre de 2018. Segundo as demonstrações financeiras intermediárias do segundo trimestre de 2018, a estatal teve um prejuízo líquido de R$ 136,1 milhões. No final do ano, porém, os Correios fecharam no azul: lucro de R$ 161 milhões.

Não se trata, tampouco, de uma situação inédita: em 2017, a empresa já tinha lucrado R$ 667,3 milhões. Antes disso, os Correios passaram por quatro anos acumulando prejuízos entre 2013 e 2016.

Procurado para comentar, Michel Temer não respondeu.

“Quando eu assumi o poder, em maio de 2016, o PIB era negativo em quase 4 pontos percentuais”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 4,4% no primeiro trimestre de 2016, segundo o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. O péssimo resultado foi registrado pouco antes de Temer assumir interinamente a Presidência, em maio daquele ano, com a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

O segundo trimestre de 2016 teve o pior resultado da série histórica iniciada em 1996, com um recuo de 4,5% em relação ao período anterior. O resultado trimestral do PIB só saiu do negativo no quarto trimestre de 2017, quando houve alta de 1,1%.

Procurado para comentar, Michel Temer não respondeu.

“Quando chegou em dezembro de 2017, ele [o PIB] era positivo em 1,1%”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

O PIB cresceu 1,1% tanto em 2017 quanto em 2018, de acordo com o IBGE. Isso interrompeu dois anos de forte queda, registrados em 2015 e 2016. De acordo com o órgão, o crescimento em 2017 foi puxado pelos setores da Agropecuária e Serviços. Em valores nominais, o PIB foi de R$ 6,6 trilhões naquele ano. Em 2018, o setor de Serviços foi o principal responsável pela alta de 1,1% registrada no PIB, que somou R$ 6,8 trilhões.

“Quando eu cheguei lá [à Presidência], tinha 12 milhões e pouco [de desempregados]”

Michel Temer, ex-presidente da República, em entrevista ao Roda Viva em 16 de setembro de 2019

Segundo a Pnad Contínua Mensal, do IBGE, o Brasil tinha 11,3 milhões de desempregados no trimestre móvel de fevereiro, março e abril de 2016, o último completo antes da posse de Michel Temer como presidente interino, em 12 de maio. A posse definitiva ocorreu em 31 de agosto daquele ano. No trimestre móvel de junho, julho e agosto, o número de desempregados era estimado em 12 milhões.

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