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Lula: se não fecharmos acordo Mercosul-UE, não é culpa do Brasil

Presidente Lula tem tentado concluir acordo antes do fim da Presidência do Brasil no Mercosul, mas admite entraves do lado europeu

atualizado

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Ricardo Stuckert/PR
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1 de 1 imagem colorida Lula e Macron de mãos dadas - metrópoles - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Enviada especial a Dubai* – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste domingo (3/12), que o Brasil continua desenvolvendo as negociações para concluir o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), no entanto, admite que ainda há obstáculos no lado europeu.

Lula está em Dubai, nos Emirados Árabes, neste fim de semana, para participar dos primeiros dias da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP28). Durante a viagem, o petista se reuniu com líderes europeus na tentativa de costurar apoio político para a conclusão do acordo entre os dois blocos antes do fim da Presidência brasileira à frente do Mercosul, que termina no fim desta semana.

“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil, da América do Sul. Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, declarou o petista em coletiva de imprensa em Dubai.

“Eu tive uma grande conversa com a Ursula von der Leyen, que é a presidenta da Comissão Europeia, vamos ver como é que vai acontecer na sexta-feira [na Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro]. Se não tiver acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo”, prosseguiu.

Nesse sábado (2/12), o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que é contra o tratado, que chamou  de “antiquado” e incoerente com a política ambiental brasileira. Horas antes da declaração de Macron, Lula e o francês tiveram uma reunirão para debater o assunto e tentar avançar na agenda.

No entanto, segundo o presidente brasileiro, a posição do líder francês é conhecida historicamente, e o país sempre criou obstáculos no andamento da proposta por conta da produção agrícola nacional.

“A posição do Macron já era conhecida por mim. Eu fui pra reunião com o Macron pra tentar mexer com o coração dele. ‘Macron, quando você voltar pra França, abra um pouco seu coração. Pensa na América do Sul, pensa no Mercosul, pensa nos países pobres'”, relatou Lula à imprensa.

De acordo com o chefe do Planalto, líderes no lado europeu do acordo não estão dispostos a fazer concessões. “Mas, nós não somos mais colonizados, somos independentes. Nós queremos ser tratados apenas com o respeito de países independentes que temos coisas pra vender. E as coisas que temos pra vender tem preço. O que nos queremos é um certo equilíbrio”.

Agendas de negociação

O acordo de livre comércio entre os dois blocos está em negociação desde 1999 e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mas, ainda não foi ratificado e, portanto, não entrou em vigor. Caso seja concluído, o texto criará a maior zona de livre comércio do mundo.

Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado por parlamentares de todos os países membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação. A França e a Holanda, por exemplo, tem se posicionado contra a proposta.

Nas últimas semanas, lideranças dos dois blocos intensificaram as negociações na tentativa de chegar a um acordo até a próxima sexta-feira (7/12), data do encerramento da Presidência brasileira no grupo sul-americano.

Nessa sexta-feira (1º/12), Lula teve reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e com o primeir0-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, em Dubai. Após os encontros, o petista afirmou que eles estão “próximos de fechar o acordo”.

O governo federal acompanha com preocupação os efeitos que o presidente eleito na Argentina, Javier Milei, pode causar ao andamento das negociações após tomar posse, em 10 de dezembro. Milei é contra a integração da Argentina ao grupo e não há confirmação dele no evento do Mercosul, marcado para a próxima quinta-feira (7/12), no Rio de Janeiro.

*Repórter viajou a convite do Instituto Clima e Sociedade. 

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