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#VazaJato: Deltan queria buscar na Suíça provas contra Gilmar Mendes

Novas conversas publicadas pelo El País indicariam que a força-tarefa da Lava Jato teria a intenção de pedir a suspeição do ministro

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016
1 de 1 Assinaturas anticorrupção no MPDFT – Brasília(DF), 03/06/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Novas conversas vazadas mostram que procuradores da Lava Jato em Curitiba teriam atuado para coletar dados e informações sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O objetivo seria um pedido de suspeição e até mesmo de impeachment do magistrado. Os diálogos foram obtidos pelo site The Intercept Brasil e publicados nesta terça-feira (06/08/2019) pelo El País.

Liderado pelo coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, os procuradores teriam planejado acionar investigadores na Suíça com o objetivo de conseguir informações.

“Gente, essa história do Gilmar hoje! (…) Justo hoje! (…) Que Paulo Preto foi preso”, teria dito Dallagnol em chat no Telegram com colegas do Ministério Público. Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi apontado como operador do PSDB e preso em um desdobramento da Operação Lava Jato.

A ideia dos procuradores, segundo o veículo, seria tentar ligar Paulo Preto a Gilmar Mendes, que já havia concedido dois habeas corpus em favor do operador. Dallagnol teria perguntado se procedia a informação de que parte do dinheiro que Paulo Preto guardava no exterior era do ministro do Supremo.

“Vai que tem um para o Gilmar…hehehe”, teria mencionado o procurador Roberson Pozzobon, em referência aos cartões de Paulo Preto que eram investigados. “Você estará investigando ministro do Supremo, Robinho… não pode”, teria respondido Athayde Ribeiro. “Mas vai que”, completou Pozzobon.

Procurada pelo veículo, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba informou que não surgiu, durante as investigações, “nenhum indício de que cartões da conta de Paulo Vieira de Souza tenham sido emitidos em favor de qualquer autoridade sujeita a foro por prerrogativa de função”.

Nas conversas, Dallagnol teria dito que as apurações deveriam ser discretas. “Nós não podemos dar a entender que investigamos GM [Gilmar Mendes]. Caso se confirme essa unha e carne, será um escândalo”, teria dito Deltan.

“Vale ver ligações de PP [Paulo Preto] para telefones do STF”, teria ressaltado o coordenador da força-tarefa a colegas. “Mas cuidado porque o STF é corporativista”, teria respondido o procurador Paulo Galvão.

O elo entre Gilmar Mendes e Paulo Preto seria o ex-senador Aloysio Nunes. O operador do PSDB era subordinado de Nunes quando foi ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Mendes esteve à frente da Advocacia-Geral da União no governo FHC.

Mensagens divulgadas anteriormente pelo jornal Folha de S.Paulo teriam indicado que Dallagnol já teria demonstrado interesse em tirar outro ministro do STF: Dias Toffoli. Em novos diálogos divulgados pelo El País, o assunto teria voltado: “Sonho que Toffoli e GM [Gilmar Mendes] acabem fora do STF”, teria dito a colegas.

Em maio de 2017, Dallagnol teria cogitado junto aos parceiros a possibilidade de pleitear o impeachment de Gilmar Mendes caso o ministro concedesse um habeas corpus a Antônio Palocci, condenado na Lava Jato. “Caros, estive pensando e se perdermos o HC do Palocci creio que temos que representar/pedir o impeachment do GM [Gilmar Mendes]”, teria indicado.

“Calma, Deltan. Não acho que nós devemos fazer pedido de impeachment, outros fazerem é bom”, teria advertido a procuradora Laura Tessler.

Em resposta, a força-tarefa afirmou que “dentre os deveres do membro do Ministério Público, está o de adotar as providências cabíveis em face de irregularidades de que tiver conhecimento, em especial quando relacionadas a casos em que atuam” e que “eventual pesquisa das decisões de um julgador para analisar qual a eventual medida a adotar seria perfeitamente regular”.

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