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Empresário que elogiou Hitler é acusado de injúria racial em 3 ações

Marcelo Izar Neves foi condenado após dizer a um vizinho judeu que “Hitler estava certo”. Outro morador já havia sido vítima do empresário

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Empresário Marcelo Izar Neves, condenado por injúria racial e ameaça
1 de 1 Empresário Marcelo Izar Neves, condenado por injúria racial e ameaça - Foto: Foto: Reprodução/ Redes sociais

O empresário Marcelo Izar Neves (foto em destaque), de 55 anos, condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) após ameaçar e dizer a um vizinho judeu que “Hitler estava certo”, responde a outros dois processos por injúria racial, após proferir ofensas antissemitas.

Por isso, Marcelo está proibido de se aproximar dos dois e de manter qualquer tipo de contato com eles.

No último dia 21 de janeiro, o empresário foi condenado, por injúria racial e ameaça, a um ano de prisão, mais multa, após chamar Charles Robert Zyngier, 49 anos, de “judeu filho da puta” e “judeu de merda”, além de afirmar: “Por isso que todos os judeus se foderam na vida”, “Hitler estava certo” e “a raça de vocês não presta”. A pena, contudo, foi convertida em prestação de serviços à comunidade.

“Vamos recorrer para que ele também seja condenado por racismo”, diz o advogado Victor Augusto Bialski, associado ao Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e ao Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim), em conversa com o Metrópoles.

“Quando ele cita essas questões históricas, não é só mais o Charles. Todo judeu se sente ofendido. Então, a gente está buscando aumentar a pena”, acrescenta.

Uma, duas, três vezes…

O processo no qual Marcelo foi condenado se refere a fatos que ocorreram em 25 de outubro de 2020, em um condomínio no Morumbi, zona oeste de São Paulo.

Na ocasião, Charles foi xingado de “judeu filho da puta” e “bichinha louca” após chegar ao condomínio numa moto. O empresário, segundo a denúncia, foi em direção à vítima e a atingiu com um tapa e socos. Além disso, arrancou o celular da mão do vizinho e disse que somente devolveria após “quebrar a sua cara”. Por fim, afirmou, segundo testemunhas, ter posse de arma de fogo.

Essa não foi a primeira vez, no entanto, que Marcelo proferiu ofensas antissemitas contra o vizinho, apurou o Metrópoles. Em 31 de julho de 2019, no contexto de uma discussão por uma vaga de estacionamento, o empresário injuriou Charles ao dizer que “sua raça não vale nada” e “vou te matar, seu judeu filho da puta”.

Nesse caso, Charles se irritou pois o filho de Marcelo havia estacionado o carro na vaga destinada à vítima, que tentou sair de moto, mas não conseguiu.

Narra o Ministério Público de São Paulo (MPSP) que Charles mandou mensagens no grupo do condomínio para que o veículo fosse retirado e, assim, pudesse sair com a motocicleta. “Após um logo período de espera”, a vítima passou a esvaziar parte dos pneus do automóvel.

Marcelo, então, “totalmente descontrolado”, xingou e ameaçou o vizinho. Ainda não houve condenação sobre esse episódio.

“Por isso se fodem mesmo”

Em 3 de março de 2021, Marcelo se envolveu em uma nova briga, agora com um outro vizinho, judeu. A reportagem manteve a identidade dele preservada a pedido da vítima. Nesse dia, o empresário ingressou em um espaço do condomínio onde ocorria a festa de aniversário do filho da vítima.

Marcelo foi ao local para pedir desculpas, pois também havia xingado o vizinho.

“Após a vítima aceitar as desculpas e informar ao filho de Marcelo Izar Neves que o pedido era motivado pelo representado tê-lo chamado de ‘judeu filho da puta’, teve início nova desinteligência. Verte dos autos que Marcelo Izar Neves voltou a se descontrolar e a proferir ofensas, tais como: ‘esses judeus filhos da puta’, ‘você vai ver só o que vai ter para eles’, ‘por isso se fodem mesmo’, ‘vagabundo’, ‘vocês da comunidade…'”, detalha a juíza Carla Santos Balestreri.

Nos autos do processo há gravações que mostram as ofensas proferidas pelo empresário condenado.

Em 24 de junho passado, Balestreri proibiu Marcelo de se aproximar (a menos de 300 metros) da vítima ou de familiares dela. O empresário também não pode manter qualquer tipo de contato com a vítima, tampouco frequentar os mesmos lugares que o ofendido, “mesmo que tenha chegado anteriormente ao local”.

Outro lado

O advogado Victor Nasralla, que defende o empresário Marcelo Izar Neves, informou estar ciente dos processos criminais movidos em face de seu cliente e disse que “os feitos estão em fase inicial, de forma que a instrução probatória sequer teve início. Assim, a defesa considera inoportuna qualquer manifestação pública sobre os fatos.”

No domingo (13/2), o Metrópoles revelou que Marcelo é sócio de uma empresa que mantém parcerias em 11 grandes estádios de futebol do país.

Na ocasião, a defesa de Marcelo Izar Neves informou ter tomado “ciência da sentença condenatória de primeiro grau proferida em desfavor de seu cliente e esclarece que, irresignada, já interpôs recurso de apelação – ainda pendente de julgamento – ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, no qual se confia a devida reforma da decisão condenatória”.

Perfil

Marcelo é filho do ex-goleiro da Seleção Brasileira Gylmar dos Santos Neves, o Gilmar – bicampeão da Copa do Mundo ao lado de Pelé, Garrincha e companhia nos anos de 1958 e 1962 – e primo do deputado federal Ricardo Izar (PP-SP), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), que se diz “defensor dos vulneráveis”.

O empresário condenado também é fundador da Associação dos Campeões Mundiais de Futebol do Brasil, formada em 2006 com o objetivo de auxiliar “lendas” do futebol brasileiro e mundial.

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O empresário Marcelo Izar Neves, dono dos camarotes Unyco, e o ídolo Pelé
O empresário Marcelo Izar Neves, dono dos camarotes Unyco
O empresário Marcelo Izar Neves, dono dos camarotes Unyco, e o ex-lateral Cafú, capitão da Seleção Brasileira em 2002
O empresário Marcelo Izar Neves, dono dos camarotes Unyco, e o deputado federal Ricardo Izar (PP-SP), primo dele
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