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Após 13 anos, júri condena três acusados de ataque neonazista no RS

Além deles, seis pessoas respondem por agressões a três jovens judeus, em bairro boêmio de Porto Alegre, em 2005

atualizado

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TJRS/Divulgação
julgamento neonazista
1 de 1 julgamento neonazista - Foto: TJRS/Divulgação

O júri popular da 2ª Vara de Porto Alegre (RS) condenou três dos seis acusados de tentarem matar três jovens judeus em 2005, na capital gaúcha. Eles seriam neonazistas e responderão por tentativa de homicídio triplamente qualificado, com o agravante de motivo torpe por discriminação contra a religião das vítimas. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

Ainda cabe recurso da decisão, mas os réus Laureano Vieira Toscani e Thiago Araújo da Silva foram condenados a 13 anos de prisão em regime fechado. Fábio Roberto Sturm recebeu sentença de 12 anos e 8 meses de cadeia. Thiago e Fábio poderão recorrer em liberdade. Já Toscani responderá preso por ter viajado ao exterior sem comunicar à juíza do caso, informa a reportagem.

O julgamento foi realizado durante dois dias e 22h no total. Na terça, primeiro dia de sessão, vítimas, os três réus e testemunhas deram suas versões para o crime. Nesta quarta, advogados de defesa de promotores. Um dos agredidos preferiu não comparecer, informou a Folha, por ter encontrado com um dos acusados em local público. Livros, bandeiras e outras materiais de apologia ao nazismo, encontrado nas casas dos réus, foram mostrados pela acusação, mas os defensores dos acusados contestaram a participação deus clientes em grupos ligados à ideologia.

Inicialmente, o Ministério Público apontou 14 envolvidos no ataque neonazista, mas, ao passar dos anos, o processo foi desmembrado, parte dos crimes prescreveram e outros foram arquivados. Mais seis pessoas, contudo, ainda devem ir a julgamento: a próxima sessão está marcada para 22 de novembro.

A Federação Israelita do Rio Grande do Sul divulgou nota na qual destacou que “a justiça foi feita”. “O julgamento de hoje entra para a história da Justiça brasileira, não só para a comunidade judaica, mas para toda sociedade, que precisa combater o ódio e o discurso de ódio dos radicais”, afirma o presidente da entidade, Zalmir Chwartzmann.

O caso
Os três jovens judeus foram atacados a socos, chutes e pontapés em 8 de maior de 2005, nas esquinas das ruas República e Lima Silva, na Cidade Baixa – bairro boêmio da capital gaúcha. Um deles levou uma facada no abdômen, o que configurou a tentativa de homicídio. Entre os agressores, havia homens e mulheres, com idades entre 15 e 30 anos. Alguns tinham as cabeças raspadas e calçavam coturnos com cadarços brancos, marca associada a skinheads racistas. No dia do crime, a comunidade judaica celebrava os 60 anos do fim da Segunda Guerra Mundial.

“Enquanto quatro agrediam, três ficaram de costas para a agressão desafiando quem tentava se aproximar e dois davam voz de comando”, lembrou, à Folha, o delegado da Polícia Civil do RS, Paulo César Jardim, responsável pela investigação do caso. “Este caso deve servir como exemplo que, independente de cor, religião, sexualidade, as pessoas têm que ser respeitadas, não tratadas como subespécie a ser eliminada”, disse.

Segundo o delegado, desde 2005, 40 pessoas foram indiciadas por crimes associados com o neonazismo no Rio Grande do Sul. O caso ocorrido naquele ano, o maior em número de indiciados, levou ainda à criação de um grupo de trabalho de combate à ideologia racista dentro da polícia gaúcha.

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