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Jovem proibido de alimentar jacarés no Rio: “O bicho sabe quem cuida”

“Eu fazia isso sem maldade. Os jacarés aqui só comem lixo. Não tenho medo”, diz rapaz. Bichos vivem no Canal das Taxas

atualizado

Giulia Ventura/Metrópoles
Jovem alimenta jacaré no Rio

Rio de Janeiro – Um jovem que alimentava jacarés no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio, viralizou após moradores gravarem a cena. No vídeo, ele dava peixes na boca dos animais que vivem no Canal das Taxas, uma espécie de “Pantanal” carioca. A repercussão fez o debate sobre crime ambiental avançar.

“Eu parei depois que o pessoal do Parque Chico Mendes pediu, mas eu fazia isso sem maldade. Os jacarés aqui só comem lixo, não tem nem peixe mais no canal”, contou o rapaz, de 19 anos, que preferiu não se identificar, ao Metrópoles.

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À reportagem, ele também afirmou gostar muito de animais e que, desde pequeno, possui hábito de alimentar todos: “Capivara, cachorro, tartaruga”.

“Para os jacarés, eu comprava R$ 20 de peixe no começo, mas começou a ficar pesado. Então, sempre que dava, eu ia na praia ajudar os pescadores a empurrar os barcos ou a segurar a rede, aí eles me davam alguns peixes e eu levava pra eles comerem”, contou.

“O bicho sabe quem cuida”

Ao ser questionado sobre o perigo da ação, ele afirmou não ter medo, já que os jacarés estão acostumados com a sua presença.

“O bicho sabe quem cuida, ele aprende. Eu não tenho maldade para eles e eles correspondem. Esperam eu partir o peixe e dar, eles sabem. Eu venho nesse valão desde pequeno. Minha família já ficou preocupada, hoje vive mais tranquila”, disse, sereno, enquanto apontava para um dos animais. “Aquela ali da ponta, é mansinha”, afirmou.

Confira o vídeo que repercutiu nas redes:

Alguns têm nomes, todos dados pelo jovem, como Brabinho, Pocahontas, Chicona e Boca Aberta. “Identifico eles pelas diferenças, alguns se machucam pela falta de comida, eu acredito. Então, tem animal aqui sem pata, com abertura no papo e arranhões”, explica.

“Você olha eles gordos assim e parece ser de comida, mas é do lixo que o povo joga aqui na água e eles comem. Eles não digerem plástico, nem nada disso”, completa.

Trabalho 

De acordo com José Romildo, presidente da Associação de Moradores do Terreirão, o rapaz ajuda em diversos “bicos” na comunidade sempre que necessário. “É errado o que ele fez, mas ele não fez por mal. Ele ajuda sempre por aqui, é batalhador”, explica.

O jovem disse à reportagem que largou os estudos no 9º ano, para dar uma força em casa, e que faz todos os trabalhos que aparecem, de eletricidade a recolher entulhos. “Meu pai me ensinou assim. Eu aprendi e segui”, afirma.

“A Prefeitura entrou em contato comigo esta semana, eles querem falar com o rapaz, já que ele trabalha diariamente na comunidade. Querem encaixar ele nesse programa Guardiões do Rio. A ideia é ele ajudar a limpar o rio e tratar dos animais com mais pessoas [da Secretaria de Meio Ambiente]”, conta Romildo.

Ao ser questionado se gostaria de trabalhar oficialmente ajudando os animais, o jovem concordou: “Com certeza, com qualquer bicho. Estou disposto a ajudar qualquer um deles. Gosto muito mais de bicho do que de gente”, brincou. 

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