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Jornalistas brasileiros são agredidos em passeio de Bolsonaro por Roma

O Metrópoles, que está na capital italiana cobrindo o G20, presenciou parte das agressões aos profissionais da imprensa

atualizado

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1 de 1 seguranca bolsonaro roma - Foto: Reprodução

Brasília e Roma – Jornalistas brasileiros que estão cobrindo a Cúpula do G20 foram agredidos, neste domingo (31/10), por seguranças presidenciais e policiais italianos durante uma caminhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelas ruas de Roma. O presidente brasileiro também tratou os profissionais da imprensa com hostilidade.

O Metrópoles presenciou parte das agressões, quando o presidente do prédio deixa a Embaixada brasileira para falar com apoiadores na parte de trás do local. No momento, uma repórter da Folha de S. Paulo foi empurrada.

Após falar com apoiadores, Bolsonaro começou um passeio e, ao tentar chegar mais próximo do presidente, a equipe da GloboNews foi agredida por seguranças e policiais italianos.

O jornalista da TV brasileira relatou que, ao perguntar o motivo de o presidente não ter participado de alguns eventos do G20 com outros líderes, recebeu um soco no estômago e foi empurrado com violência por um segurança. “É a Globo? Você não tem vergonha na cara”, respondeu Bolsonaro.

Um jornalista do UOL filmou a agressão à equipe de TV brasileira e um segurança presidencial o empurrou e levou o celular, jogando-o numa rua próxima ao local.

O jornalista do UOL relatou que, diante da confusão, Bolsonaro desistiu do passeio menos de 10 minutos depois, e retornou para a Embaixada. Ao ser questionado sobre o motivo dele não ir à COP26, em Glasgow, Bolsonaro novamente foi hostil. “Não te devo satisfação”, disse.

Abraji e ANJ repudiam agressão

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou o “ataque à imprensa envolvendo a maior autoridade do país.

Segundo a entidade, “ao não condenar atos violentos de seus seguranças e apoiadores a jornalistas que tão somente estão cumprindo seu dever de informar, o presidente da República incentiva mais ataques do gênero, em uma escalada perigosa e que pode se revelar fatal”.

Já a Associação Nacional de Jornais (ANJ) declarou que “a violência contra os jornalistas, na tentativa de impedir seu trabalho, é consequência direta da postura do próprio presidente, que estimula com atos e palavras a intolerância diante da atividade jornalística”.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Abraji:

Neste domingo (31.out.2021), ao menos cinco equipes de reportagem foram agredidas durante a cobertura de um dos passeios do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em Roma, na Itália, onde esteve para participar da reunião do G20. Segundo relato do colunista do UOL, Jamil Chade, o episódio de violência começou antes mesmo da aparição de Bolsonaro, com uma produtora da Globo sendo intimidada por pessoas que aguardavam o presidente, e a repórter da Folha de S.Paulo, Ana Estela de Sousa Pinto, sendo empurrada de forma violenta por um segurança.

Jair Bolsonaro retornava para o centro de Roma, quando decidiu se encontrar com apoiadores nas proximidades da embaixada brasileira. Após um breve discurso do presidente, diversos outros jornalistas também foram empurrados e agredidos por profissionais que faziam a segurança no local.

Ainda segundo o relato do colunista do UOL, minutos depois de o presidente deixar a embaixada, uma equipe de reportagem da GloboNews foi agredida por um segurança. O correspondente Leonardo Monteiro foi empurrado e recebeu um soco no estômago, no momento em que perguntou o porquê de o presidente não ter participado de alguns eventos do G20. De acordo com o G1, Monteiro também foi tratado com hostilidade por Bolsonaro. Ao tentar registrar a violência, Jamil Chade foi empurrado e agarrado pelo braço, além de ter o celular apreendido e jogado na rua.

A Folha de S.Paulo também tentou gravar a agressão, mas, segundo esta matéria da enviada especial, outro agente teria tentado arrancar o celular da repórter e a ameaçado. No relato da jornalista, entre as vítimas, estaria ainda uma equipe da BBC Brasil.

Ao questionar Bolsonaro sobre por que ele não participaria da Cúpula do Clima (Cop-26), em Glasgow, na Escócia, Jamil Chade ouviu em resposta: “Não te devo satisfação”. Acostumado a cobrir visitas de presidentes do Brasil ao exterior, o repórter afirmou nunca haver passado por situação semelhante. “É patético o fato de a imprensa ser agredida na cobertura de um presidente em Roma para o G20, em um domingo à tarde”.

A Abraji repudia mais esse ataque à imprensa envolvendo a maior autoridade do país. Ao não condenar atos violentos de seus seguranças e apoiadores a jornalistas que tão somente estão cumprindo seu dever de informar, o presidente da República incentiva mais ataques do gênero, em uma escalada perigosa e que pode se revelar fatal.

Atacar o mensageiro é uma prática recorrente do governo Bolsonaro que, assim como qualquer outra administração, está sujeito ao escrutínio público. É dever da imprensa informar à sociedade atos do poder público, incluindo viagens do presidente no exercício do mandato. E a sociedade, por meio do art 5º da Constituição, inciso XIV, tem o direito do acesso à informação garantido.

Diretoria da Abraji, 31 de outubro de 2021

Veja a nota publicada pela ANJ:

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudia com veemência e indignação as agressões sofridas por jornalistas brasileiros na cobertura das atividades do presidente Jair Bolsonaro em Roma. A violência contra os jornalistas, na tentativa de impedir seu trabalho, é consequência direta da postura do próprio presidente, que estimula com
atos e palavras a intolerância diante da atividade jornalística.

É lamentável e inadmissível que o presidente e seus agentes de segurança se voltem contra o trabalho dos jornalistas, cuja missão é informar aos cidadãos. A agressão verbal e a truculência física não impedirão o jornalismo brasileiro de prosseguir no seu trabalho. A ANJ espera que os atos de violência cometidos contra os jornalistas sejam apurados e os culpados, punidos. A impunidade nesse e em outros episódios é sinal de escalada autoritária.

Brasília, 31 de outubro de 2021.

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