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Haddad sobre federação: “Precisamos entender o tempo de cada partido”

Para o pré-candidato ao governo de SP, a federação seria ainda maior, incluindo todos os partidos do campo progressista

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Fernando Haddad
1 de 1 Fernando Haddad - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) disse estar confiante na federação de seu partido com o PSB e PV, mas afirmou que essa coalizão não é simples e é preciso “entender o tempo de cada partido”.

Haddad, que é pré-candidato ao governo paulista, disse que até junho, “muitas decisões vão ser tomadas” e que o PT “está determinado a participar da federação”. Disse ainda que, por ele, a união seria ainda maior, incluindo todos os partidos do campo progressista, como PDT, PSol e Rede Sustentabilidade.

“Não podemos dizer que quem não topou a federação agora não vai topar amanhã, isso é uma construção e não é simples. Não podemos acusar os partidos de serem divisionistas, precisamos entender o tempo de cada um. Esse país não tem futuro se não tivermos um campo forte e coeso que faça avançar a agenda social, econômica, ambiental do país”, disse.

A fala foi feita durante evento do PCdoB que formalizou o apoio ao petista para o governo de São Paulo – a deliberação sobre o apoio ocorreu em 19 de fevereiro, mas foi formalizada nesta quinta em uma solenidade no centro da capital paulista.

“Se houver um planejamento para chegar a 2030 com uma bancada progressista forte, com 180, 200 deputados, você vai ter uma consistência nas políticas e uma coesão do campo que vão ser extraordinariamente importantes no momento em que a extrema-direita continua muito forte na política. Pode ser que tenham vozes do partido que problematizem, mas a maioria do PT entende que [a federação] é o caminho de fortalecimento do campo progressista”, afirmou.

O comentário ocorre em um momento em que membros do PT e do PSB avaliam, internamente, que não há mais clima para a federação, e que ela deverá seguir apenas com o PV.

Disputa em SP

Haddad disse que a disputa em São Paulo será “duríssima”, e disse que tanto as máquinas estadual, do PSDB, quanto a federal, do bolsonarismo, são difíceis de competir e que “eles jogam com armas que a gente nem chega perto”. “Nós somos oposição a duas máquinas, não é uma coisa simples. O bolsonarismo é mais novo, mas demonstrou muita força operacional, e a máquina do estado de São Paulo é um país, né?”

O estado é governado pelo PSDB há quase 30 anos, mas neste ano, pela primeira vez em muito tempo, o PT está confiante que uma candidatura do campo da esquerda tem chances de quebrar essa hegemonia – as pesquisas de opinião espelham essa expectativa.

Haddad avalia que há um “conjunto de forças” que leva a isso: “Tem um extremismo de políticas muito mais radicais no governo federal mas também no governo do estado, a gente pode apresentar um plano mais moderno para São Paulo”.

Questionado sobre Márcio França (PSB) e a disputa que os dois travam para decidir quem será o candidato em São Paulo, ele não quis opinar, e disse que apenas que é preciso “construir unidade”. Quando se reuniu com Lula há duas semanas, França sugeriu fazer uma pesquisa para verificar quem dos dois terá mais viabilidade na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.

“Se houver respeito mútuo, nós podemos construir. Pode ou não acontecer, temos ainda muito tempo para construir uma unidade. Eu não participei da conversa dele com o Lula, eu achei de uma compostura muito construtiva, declarar que Lula ao final vai tomar a decisão sobre o palanque. Ele foi conversar com o Lula, vamos deixar o processo decantar.”

Outros candidatos

Integrantes dos dois partidos fizeram elogios aos outros pré-candidatos do campo da esquerda ao Palácio dos Bandeirantes, Guilherme Boulos (PSol) e Márcio França (PSB), mas afirmaram que Haddad é quem tem maior possibilidade de vencer a eleição e capacidade de fazer uma melhor gestão.

Destacaram, entretanto, que apesar dos resultados positivos nas pesquisas de opinião, não deve ser uma disputa fácil, que poderia ser contra um candidato tucano ou bolsonarista. O pré-candidato do PSDB é o atual vice-governador Rodrigo Garcia, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) quer lançar o ministro Tarcísio Freitas no estado.

O deputado federal Orlando Silva disse que “a vitória no Brasil passa por São Paulo”, e que a esquerda não pode subestimar a disputa com os bolsonaristas, que tem uma “grande capacidade de mobilização” nas redes sociais. “Será muito dura a disputa, essa máquina de guerra continua operacional”, falou.

 

 

 

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