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Governo repassou R$ 7,5 mi doados para Covid-19 a programa de Michelle

Empresa Marfrig fez doação ao Ministério da Saúde, porém verba foi parar em projeto de primeira-dama

atualizado

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Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles
michelle bolsonaro
1 de 1 michelle bolsonaro - Foto: Raimundo Sampaio/Esp. Metrópoles

O governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repassou R$ 7,5 milhões doados para a compra de testes rápidos da Covid-19 para o programa Pátria Voluntária, comandado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro. As informações foram reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo.

A Marfrig, um dos maiores frigoríficos de carne bovina do Brasil, anunciou, no dia 23 de março, que doaria esse valor ao Ministério de Saúde para a compra de 100 mil testes rápidos do novo coronavírus.

Em março, o Brasil ainda estava nas primeiras semanas da pandemia e a falta de testes era uma realidade.

No dia 20 de março, segundo a empresa comunicou por escrito à Folha, a Casa Civil da Presidência da República informou que o dinheiro seria usado “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.

No entanto, no dia 1º de julho, com o dinheiro já transferido, o governo Bolsonaro perguntou à Marfrig sobre a possibilidade de usar a verba em outras ações de combate à pandemia e não mais nos testes. Dessa maneira, o dinheiro foi parar no projeto Arrecadação Solidária, ligado ao Pátria.

O programa liderado pela primeira-dama repassou dinheiro do Arrecadação Solidária, sem edital de concorrência, a instituições missionárias evangélicas  aliadas da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), para a compra e distribuição de cestas básicas.

Até agora o programa arrecadou R$ 10,9 milhões. Os R$ 7,5 milhões doados pela Marfrig representam quase 70% do valor total arrecadado.

Na época em que o dinheiro foi doado, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o governo tentaria firmar parcerias com instituições privadas para auxiliar no financiamento das compras dos kits.

De acordo com a Marfrig, a Casa Civil da Presidência, responsável por coordenar o programa de Michelle Bolsonaro, enviou uma “comunicação oficial” detalhando o programa de voluntariado e informando que os valores doados deveriam ser depositados em uma conta da Fundação do Banco do Brasil, gestora dos recursos do Pátria Voluntária, “com fim específico de aquisição e aplicação de testes de Covid-19”.

A empresa relatou à Folha que “dias depois, a Marfrig realizou a transferência bancária do valor proposto, de acordo com as orientações da Casa Civil”.

Segundo a empresa, o destino do dinheiro mudou em julho. A empresa diz ter sido então consultada “sobre a possibilidade de destinar a verba doada não para a compra de testes por parte do Ministério da Saúde, mas para outras ações de combate aos efeitos socioeconômicos da pandemia de Covid-19, especificamente o auxílio a pequenos negócios de pessoas em situação de vulnerabilidade”.

“Como a ação estava diretamente ligada à mitigação dos danos causados pela pandemia, a Marfrig concordou com a nova destinação dos recursos doados”, afirmou a empresa.

O Metrópoles tentou contato com a Casa Civil, mas não houve resposta.

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