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GO: acusado de crimes sexuais, médico será investigado por força-tarefa

Segundo a Polícia Civil, cerca de 50 vítimas já procuraram a corporação. Ginecologista é suspeito de violação sexual mediante fraude

atualizado

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PCGO
Ginecologista Nicodemos Violação Sexual
1 de 1 Ginecologista Nicodemos Violação Sexual - Foto: PCGO

Goiânia – A Polícia Civil de Goiás montou uma força-tarefa de caráter multidisciplinar para investigar os casos de abuso e violação sexual mediante fraude dos quais o médico ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, é suspeito. O homem está preso preventivamente em Anápolis, distante cerca de 55 km da capital goiana.

Até o momento, a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Anápolis já ouviu cerca de 50 vítimas – a maior parte, de Goiânia, Brasília e Pirenópolis (GO). Uma delas prestou declarações nesta quinta-feira (30/9) e relatou que foi alvo de abusos quando tinha 12 anos, motivo pelo qual o médico será investigado também por estupro de vulnerável.

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Nicodemos foi preso na quarta-feira (29/9), durante a deflagração da Operação Sex Fraud, da Deam de Anápolis. Foram cumpridos mandados de prisão preventiva e busca e apreensão.

Segundo os relatos, ele se valia, por exemplo, de momentos em que fazia exames como ultrassom endovaginal para ter uma conduta não condizente com o momento. O médico já tem sentença condenatória por violação sexual mediante fraude no Distrito Federal, em caso no qual a vítima relatou o mesmo modus operandi que viria a ser denunciado pelas vítimas goianas. Ele também já foi acusado por uma suposta vítima do Paraná, mas o caso foi arquivado.

De acordo com a corporação, a foto do ginecologista foi divulgada para que outras vítimas possam denunciar possíveis abusos. A divulgação atende a Portaria da Polícia Civil de Goiás nº 547/2021 e a Lei 13.869.

“Me mostrou quadrinho pornô”

A aromaterapeuta Kethleen Carneiro, hoje com 20 anos, usou sua página no Instagram para relatar que foi uma das vítimas do ginecologista. Ela contou que foi abusada pelo profissional quando tinha 12 anos, durante um exame de rotina. O ginecologista teria solicitado que a mãe da então adolescente saísse da sala e pediu para que a vítima tirasse a roupa, como se fosse mais uma parte do procedimento médico.

Veja o vídeo:

“Deitei na maca de novo, e aí ele veio com a ideia de me mostrar os pontos G do corpo. Eu estava sem entender, eu não tive reação nenhuma. Só fiquei paralisada, quietinha. Ele foi mexendo lá”, conta a aromaterapeuta.

Ela relata que o médico chegou a mostrar conteúdo pornográfico durante a consulta. “Eu sentei lá na cadeira, e ele foi me falar que é diferente homem com mulher e começou a me mostrar quadrinho pornô. Gente! Eu tinha 12 anos. O que é isso?”, desabafa.

Kethleen conta que na época em que foi vítima do médico não teria se dado conta de que aquilo era um abuso, um crime. Pontua que só depois foi compreender.

“Eu não soube diferenciar, porque na época não era tão falado, não estava tão explícito quanto é hoje. Então, eu não soube, não falei para ninguém. Hoje em dia que fui contar para minha mãe, para as pessoas, porque agora eu entendo que aquilo foi um abuso.”

Sem cunho sexual

A defesa do ginecologista informou que, até o momento, só teve acesso a algumas peças do inquérito policial. Nesses documentos só haveria o simples exercício profissional, segundo o advogado Carlos Eduardo Gonçalves Martins.

“O médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual”, diz nota da defesa.

O advogado também afirmou que várias pacientes de Nicodemos ligaram para familiares do médico, assustadas com a prisão, e se prontificaram a prestar depoimento em favor do ginecologista.

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