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Fraude e fuga: entenda as prisões em caso de transplantes com HIV

Polícia temia que sócio de laboratório destruísse provas e tentasse fugir. Três funcionários também são alvos de mandados de prisão

atualizado

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Montagem/ TJRJ
Montagem com fotos coloridas de Walter Vieira e Jacqueline Iris no caso dos transplantes contaminados HIV - Metrópoles
1 de 1 Montagem com fotos coloridas de Walter Vieira e Jacqueline Iris no caso dos transplantes contaminados HIV - Metrópoles - Foto: Montagem/ TJRJ

A operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro desta segunda-feira (14/10), contra o laboratório responsável por erros em exames que levaram à contaminação por HIV de seis pacientes transplantados, cumpre quatro mandados de prisão preventiva e 11 mandados de busca e apreensão.

O principal alvo é o dono do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu (RJ), Walter Vieira (foto em destaque). A polícia pediu a prisão dele por considerar o risco de destruição de provas ou até de fuga. Ele foi preso durante a manhã. Walter e outro sócio do laboratório, seu filho Matheus Vieira, são parentes do deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de Saúde do Rio.

“Não podemos esperar o trâmite no juízo natural sob pena de que as provas necessárias para elucidação dos crimes investigados sejam perdidas ou escondidas pelos autores neles envolvidos”, escreveu o delegado Wellington Pereira, no pedido da prisão, que foi despachado ainda no domingo (13/10).

Os outros três mandados de prisão são contra funcionários do PCS Lab. Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo Fernandes dos Santos teriam atuado no protocolo dos exames fraudados, que deram um falso comprovante de HIV negativo para pelo menos dois doadores de órgãos.

Fraude e assinatura falsa

A suspeita dos investigadores da polícia é que o caso dos testes de HIV de doadores não é uma exceção e que, na verdade, trata-se de um esquema criminoso mais amplo para forjar laudos dentro do laboratório.

O quarto mandado de prisão é contra a funcionária Jacqueline Iris Barcellar de Assis (foto em destaque). Ela assina os exames errados de HIV, mas com o número de inscrição de biomédicos de uma outra profissional.

“Apurou-se ainda que a formação da indiciada Jacqueline é desconhecida, havendo referência de que dados inseridos no cadastro do Conselho Regional de Biomedicina seriam inidôneos”, informa trecho da decisão judicial pela prisão dos investigados.

Em um vídeo enviado para a imprensa no final de semana, Jacqueline Iris disse que era inocente e que tinha seu nome usado sem seu conhecimento.

Erro humano

A defesa de Walter Vieira disse repudiar as acusações e informou que prestará todos os esclarecimentos à Justiça. Além disso, o laboratório informou que os resultados preliminares de uma sindicância interna apontam indícios de erro humano na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

Essa contaminação de pacientes transplantados se transformou em um escândalo de nível nacional. O contrato do laboratório com a Fundação Saúde, órgão ligado ao Governo do Rio, foi suspenso e o estabelecimento foi interditado.

O Ministério da Saúde anunciou uma auditoria e determinou a realização de novos testes de pacientes que passaram por esse laboratório. Reportagem do Metrópoles mostrou que há pelos menos seis processos na Justiça contra o laboratório por causa de erros em exames de diferentes tipos, incluindo de HIV.

A reportagem tenta contato com os advogados de Cleber, Ivanildo e Jacqueline. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

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