metropoles.com

Flordelis oscila entre esperança e o fundo do poço, diz advogada

Presa acusada de mandar matar o marido, ex-deputada diz que o maior baque foi a condenação dos filhos pelo crime em 24 de novembro

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
Flordelis na cadeia
1 de 1 Flordelis na cadeia - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – Presa desde agosto, acusada de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, Flordelis dos Santos de Souza, de 60 anos, passará seu primeiro Natal atrás das grades. Cantora gospel, pastora e deputada cassada, a presidiária não terá direito as visitas da mãe Carmosina, da irmã Eliane Abigail, e nem das filhas Isabel e Anabel. A permissão de entrada na unidade foi antecipada de sábado (25/12) para quarta-feira (22/12).

Na Penitenciária Talavera Bruce, no Complexo de Gericinó, em Bangu, zona oeste, a ex-deputada divide uma cela com 15 grávidas. Lá, seu maior baque, segundo contou à advogada Janira Rocha, foi em 24 de novembro, quando o filho biológico Flávio dos Santos Rodrigues foi condenado a mais de 33 anos de prisão acusado de ter sido o responsável por atirar no padrasto, o pastor Anderson, assassinado em junho de 2019.

“Flordelis viu pela televisão. Ficou muito mal, achou o Flávio muito magro”, afirma Janira.

0

O julgamento ocorreu no 3º Tribunal do Júri de Niterói, Região Metropolitana. Na mesma sessão, acusado de ter comprado a arma do crime, uma pistola, filho adotivo Lucas Cezar de Souza foi condenado a pena 7 anos e 6 meses de detenção. O Ministério Público recorreu e a pena aumentou para 9 anos.

“Flordelis oscila entre a esperança e o fundo do poço”, diz a advogada. Até a cliente conseguir receber visitas, em outubro, era Janira quem ia toda semana à prisão. “Era uma questão humanitária”, justifica. Segundo a defensora, a ex-deputada conheceu o neto Benjamim, de 2 meses, filho de Anabel, na semana passada.

Desmaios, lapsos de memória e dores de cabeça também atormentam a vida de Flordelis na cadeia. Ela foi atendida por psiquiatra e neurologista. “Muito antes da morte do pastor, ela tomava ansiolíticos e remédios para dormir. Estamos aguardando os laudos. Desde que foi presa, já foi atendida umas quatro vezes no sistema”, revela Janira.

A derrocada

Casados por mais de 20 anos, Flordelis e Anderson ficaram conhecidos pelos projetos sociais, como fundadores do Ministério de Flordelis, e por terem 55 filhos, a maioria adotados pela pastora.

O dia 11 de agosto representou a derrocada da pastora rumo à prisão. Naquela tarde, ela perdeu o cargo, conquistado como a quinta deputada mais votada do Rio, eleita com 196.959 votos.

E mais: ganhou o título de primeira mulher a ser cassada desde a criação do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, há 20 anos. Em pouco mais de 48 horas, estava presa.

Minutos antes de ir para a cadeia, ela reuniu pelo menos 35 rebentos para uma oração, enquanto agentes da Polícia Civil a aguardavam do lado de fora da casa, mesmo local onde Anderson foi emboscado e morto a tiros, em Niterói. Após a morte do pastor, Flordelis começou a namorar o produtor musical Allan Soares. Mesmo presa, o romance segue firme e forte.

Allan Duarte, um dos delegados da Polícia Civil do Rio, que investigou a morte do pastor Anderson do Carmo, não tem dúvidas sobre a participação da ex-parlamentar no crime.

“A família é uma organização criminosa onde nada acontecia sem o conhecimento de Flordelis. Ela tem memória seletiva. Por exemplo, nunca revelou o local exato onde esteve com o pastor no dia do crime. As provas técnicas, como depoimentos e troca de mensagens entre os familiares, são harmônicas”, analisa.

O processo

Com quase 30 mil páginas o processo sobre a morte de Anderson tramita no 3º Tribunal do Júri. Flordelis e mais nove são réus. Filha biológica da ex-deputada, Simone dos Santos Rodrigues, que já confessou plano para assassinar o padrasto, pediu à Justiça para ser julgada mais rápido.

Simone alegou que tem câncer de pele e 35 tumores pelo corpo. O pedido ainda não foi decidido pelo juíza Nearis Arce. Nos bastidores, a expectativa é a de que o julgamento comece em fevereiro do ano que vem.

Os advogados de Flordelis entraram com recursos até no Supremo Tribunal Federal para ela não ir a júri popular. “Acreditamos na nossa estratégia de defesa para inocentá-la. Mas não vejo como possibilidade de ela gozar da sua liberdade agora”, esclarece Janira, referindo-se ao período de recesso do judiciário que só acaba em 6 de janeiro.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?