Família de vítima no Alemão foi revistada pela PM a caminho do velório
Ônibus em que estavam parentes de Letícia Marinho Sales, de 50 anos, foi parado por policiais na Avenida Braz de Pina. PM alegou xingamentos
atualizado
Compartilhar notícia
Familiares de Letícia Marinho Sales, de 50 anos, uma das vítimas da operação policial ocorrida no Complexo do Alemão, foram revistados por policiais militares a caminho do velório, neste sábado (23/7), no Rio de Janeiro.
No trajeto para o cemitério, o ônibus do transporte público que levava parte dos familiares da vítima foi parado pela polícia e todos foram revistados. A PM do Rio confirmou a abordagem, mas alegou que só a fez porque os policiais ouviram xingamentos de dentro do veículo.
A revista ocorreu em um dos pontos da avenida Braz de Pina. Bolsas e documentos dos passageiros foram revistados, mas todos foram liberados, em seguida, e o ônibus pôde continuar a viagem.
Letícia foi atingida por um tiro dentro do carro na quinta-feira (21/7), quando deixava o Alemão, na companhia do namorado e de um primo dele. O companheiro da vítima disse que o disparo foi feito por um policial.
O tiro a atingiu no peito. O projétil perfurou pulmões, traqueia, esôfago e a aorta abdominal. Ela teve hemorragia interna e não resistiu.
O corpo de Letícia foi velado e sepultado no Cemitério São Francisco Xavier. Ela deixou três filhos e três netos. Uma semana antes, ela havia enterrado a mãe, vítima de câncer.
Vítima foi ajudar pastora organizar festa
Moradora do Recreio dos Bandeirantes, Letícia havia se deslocado até o Complexo do Alemão para ajudar uma pastora a organizar uma festa.
Após passar a noite na residência do namorado, ela retornava para casa pela Estrada do Itararé, um dos principais acessos à comunidade, quando o carro parou em um sinal de trânsito.
No local, conforme testemunhas, havia policiais à paisana e uma blitz em andamento. Um dos policiais teria sacado a arma e, em seguida, deu-se início uma série de disparos. A família de Letícia cobra por Justiça e busca explicações sobre o porquê do início dos tiros.
Jaime Eduardo da Silva, primo do namorado de Letícia e que estava no mesmo veículo, ficou ferido pelos estilhaços provocados pelo tiro.