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Estudo contradiz governo e aponta maior risco de Covid em professores

Segundo levantamento feito por docentes, incidência da doença em professores é três vezes maior do que na população em geral

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
professor aulas covid-19 aula presencial são paulo
1 de 1 professor aulas covid-19 aula presencial são paulo - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – Um levantamento elaborado pela Rede Escola Pública e Universidade (Repu) indica que o risco de professores e funcionários da educação de pegar Covid-19 pode ser maior do que o estimado pelo governo do estado de São Paulo.

O estudo foi publicado no dia 13 de abril, véspera do retorno das aulas presenciais em todo o estado de São Paulo.

De acordo com o estudo da Repu, a incidência de Covid-19 entre professores é quase três vezes maior do que na população na mesma faixa etária da maioria dos docentes (25-59 anos) no estado de São Paulo

Essa informação contradiz o boletim epidemiológio da educação, divulgado em março de 2021, elaborado pela equipe de João Doria (PSDB). O documento afirma que a proporção de casos confirmados de Covid-19 nas escolas é 33 vezes menor do que na população paulista em geral.

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Os dados da Repu foram coletados em 299 escolas estaduais de São Paulo por professores ligados ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), entre fevereiro e março.

A entidade também tentou obter os dados oficiais de infecção de professores e funcionários via Lei de Acesso à Informação com o governo paulista, que negou o pedido, alegando que já havia publicado a informação em seu boletim epidemiológico. Essa negativa que motivou a Repu a usar a coleta de informações da Apeoesp.

A Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc) afirmou em nota “que os pedidos via LAI estão sendo respondidos dentro do prazo legal”.

Já o estudo do governo estadual tomou como base um censo escolar de 2020 os casos de Covid notificados no  Sistema de Informação e Monitoramento da Educação para Covid-19 (Simed).

O Simed foi lançado em 22 de dezembro, portanto mais de um mês depois que a volta às aulas presenciais foram autorizadas pelo governador João Doria (PSDB).

Segundo os pesquisadores que elaboraram a sondagem da Repu, esta diferença nas incidências teria ocorrido por “graves falhas metodológicas” no boletim produzido pelo governo.

Diferença está na metodologia dos estudos

“O governo calculou a incidência de Covid-19 sobre o número total de matrículas nas escolas públicas e privadas, sendo que a população que realmente frequentou as escolas no período era substantivamente menor, gerando valores irrealistas”, afirma o documento elaborado por docentes do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Universidade Federal do ABC.

A Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc) argumenta que o governo optou por um número confiável. “O uso de dados gerais foi o número confiável a ser utilizado diante das incertezas, como metodologia possível”, afirmou a Seduc em nota (leia na íntegra ao fim da reportagem).

Os pesquisadores também criticaram o fato de o governo estadual agregar as escolas municipais às contas do boletim oficial, sendo que a notificação dos casos de Covid-19 da rede municipal não é obrigatória.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo ressaltou, em nota, que o governo de São Paulo iniciou a vacinação de profissionais de educação em 12 de abril. Desde então, 167.847 professores e funcionários do setor já receberam a primeira dose da vacina. Porém, pelas características da vacina, essas pessoas só estarão plenamente imunizadas cerca de duas semanas após receberem a segunda dose.

Nota da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo:

A Secretaria da Educação São Paulo investe na segurança dos professores na volta às aulas e, por isso, já foram vacinados mais de 167.847 profissionais da área desde sábado (10). A pasta esclarece que o cálculo da incidência de casos de COVID-19 considera o número de casos positivos de estudantes e profissionais, dentre eles os professores.

Não foi realizado um recorte específico para o público docente porque o monitoramento realizado pela SEDUC, por meio do Simed, se dá sobre toda a comunidade escolar. O uso de dados gerais foi o número confiável a ser utilizado diante das incertezas, como metodologia possível. A Seduc SP também ressalta que a escolha pelo fornecimento de dados por parte das escolas municipais ao Simed cabe aos municípios. Por exemplo, no caso da capital, a prefeitura tem um sistema próprio e optou por não alimentar as notificações de casos para a base de dados. O SIMED está aberto a todos os municípios. Um novo boletim epidemiológico será divulgado em breve sobre o acompanhamento dos casos da Covid-19 em ambientes escolares, lembrando em cumprimento às orientações do Plano SP, o retorno às aulas se dá de forma gradual e reduzida, de acordo em que fase o estado se encontra, o que é definido pelas áreas de saúde competentes.

Em relação à pesquisa mencionada, a comparação foi entre o aumento de casos nos municípios onde as escolas abriram para os alunos e onde não abriu, com frequência controlada de até 35% e de forma não obrigatória. O recorte foi de outubro a dezembro de 2020, quando 1,8 mil escolas retomaram com as atividades presenciais, atendendo cerca de 1,7 milhão de estudantes. Naquele momento a pesquisa comparou os 131 que reabriram com todos os outros do Estado de São Paulo, garantindo que os dados de cada município foram contrastados com pares de municípios comparáveis.

A frequência desses alunos foi comprovada pelas atividades e avaliações que foram feitas em sala de aula.

A Secretaria da Educação São Paulo também informa que os pedidos via LAI estão sendo respondidos dentro do prazo legal.

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