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Entrevista: novo ministro de Lula justifica foto com Bolsonaro e fala de prioridades do Turismo

Celso Sabino foi nomeado oficialmente na última sexta-feira (14/7) como novo ministro do Turismo

atualizado

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Vinícius Schmidt/Metrópoles
Foto colorida do Ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA) - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do Ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA) - Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Recém nomeado para o Ministério do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA) ainda é visto como um “ex-bolsonarista” por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao Metrópoles nesta quarta-feira (19/7), Sabino afirmou que as fotos já publicadas o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aconteceram em momentos pontuais. Segundo o ministro, ele não declarou ou participou de campanhas presidenciais nas últimas eleições. Sabino é muito próximo do presidente da, Câmara Arthur Lira (PP-AL).

“O presidente Bolsonaro foi uma vez a Belém para inaugurar um aparelho turístico. Fui convidado junto com outros parlamentares do Pará para acompanhar a comitiva presidencial. Fui junto com outros deputados no mesmo avião que o presidente. Não fiquei sentado do seu lado. Em dado momento da viagem, as pessoas se levantaram para tirar foto com o presidente, eu também fui, tirei uma foto com ele”, disse.

“Sou aliado, sou amigo próximo do presidente da Câmara, e votei muitas matérias importantes para o Brasil que também eram consonantes com projetos do governo (Bolsonaro). Algumas vezes nós criticamos, alteramos o texto e, no final, votamos a favor. Também outras que eram interesse do governo na época, e eu votei contra”, completou.

Sabino também falou sobre os novos rumos que a pasta deve tomar sob sua gestão (leia abaixo).

Nomeado por Lula para substituir a ex-ministra Daniela Ribeiro (União-RJ), Sabino afirmou que será um “desafio” gerir a pasta com o baixo orçamento.

“Nós já começamos a trabalhar aqui em uma proposta para sensibilizar a ministra Simone Tebet, o ministro Rui Costa e a ministra Esther Dweck. Isso é no sentido de fazer uma recomposição orçamentária do ministério para este ano e para os próximos anos, afim de que o ministério tenha as ferramentas cabíveis para nós darmos o andamento, já no primeiro semestre, da execução desse plano que estamos elaborando”, ressaltou.

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Veja a íntegra da entrevista: 

Sua nomeação para o Ministério do Turismo foi defendida pelo União Brasil com a promessa de que poderia ajudar o governo nas votações na Câmara. O partido vai conseguir entregar mais votos?

Em relação à questão do União Brasil, nosso partido tem acompanhado as votações, como testemunhado na votação do arcabouço fiscal, da MP da reformulação dos ministérios, e, agora mais recentemente, na reforma tributária e na reestruturação do Carf. Nosso partido foi o que mais votou favorável a esses projetos. Em termos numéricos, ficamos atrás apenas do PT. Então entendemos que, no segundo semestre, o União Brasil deve seguir esse ritmo de votações dos projetos que ele entende serem importantes para o Brasil. A tendência é seguir nesse ritmo. Claro que há uma perspectiva e uma disposição dos deputados, ampliando esse diálogo, essa participação nas políticas públicas do governo. Quando você participa da construção de uma política pública, dos debates da construção de uma norma, de um projeto normativo, você tem tendência a ser favorável a um projeto que foi você que ajudou a construir.

Sua entrada no ministério foi vista como uma aproximação do governo com o Centrão. Como avalia isso? E o que Centrão pode trazer de positivo em termos de ações e realizações para o governo?

O fato de o centro democrático representar algo positivo, isso já vem acontecendo há muito tempo, e as pessoas da sociedade começam a observar que o centro é a ponderação. Que o centro é o diálogo, sobretudo em um momento em que há dificuldade de diálogo entre polos que se colocam de forma muito antagônica. Então, esse centro, muitas vezes, na discussão dos projetos, de relatórios, promove alteração em texto, promove uma discussão ampla, e consegue garantir uma estabilidade na política nacional.

O senhor falou que a decisão sobre o comando da Embratur cabe ao presidente Lula. Se dependesse do senhor, o Marcelo Freixo permaneceria no comando do órgão?

Se depender de mim, como membro da equipe do presidente Lula, agora como ministro do Turismo, não tenho a pretensão de retirar do presidente essa prerrogativa. É uma empresa muito importante para o desenvolvimento do Turismo no Brasil e cabe, como vem cabendo nos últimos anos, ao presidente [da República] escolher nomear, exonerar, demitir e contratar o presidente da Embratur.

Mas o senhor gostaria que o comando da Embratur fosse para o União Brasil?

Gostaria que o presidente [Lula] tome a melhor decisão possível para o Turismo no Brasil.

Ministro, quais são suas prioridades para a pasta e como o senhor pretende administrar isso tendo um dos menores orçamentos da Esplanada?

Já começamos aqui, desde segunda-feira, a nos debruçarmos sobre a construção de um plano nacional de desenvolvimento do turismo. Esse plano vai conter metas e previsão de avaliação semestral e anual do cumprimento dessas metas. Metas relacionadas a número de turistas que visitam o Brasil, metas relacionadas à contribuição nominal em valores do Turismo para a geração de riquezas do nosso país, número percentuais da contribuição do setor do Turismo no PIB Brasileiro, meta de geração de empregos. Para alcance dessas metas, o plano vai conter também programas, ações e até as tarefas que serão realizadas tanto no setor público quanto no setor privado. A elaboração desse plano foi objeto de conversa com o presidente Lula. Ele está muito animado com o potencial do Turismo no Brasil. Ele também aposta que o Turismo poderá ser e será uma importante fonte de geração de riqueza para o nosso país. Temos condições de buscar um pré-sal em termos de geração de riqueza com o Turismo. E a previsão de apresentação desse plano ao presidente é até o fim de setembro. Após a aprovação do presidente, vamos começar a divulgar e dialogar com todos os entes federativos — estados e municípios — para a construção desse plano.

Já agora no início de agosto, vamos recompor o Conselho Nacional do Turismo, que é um colegiado muito importante e que teve um papel preponderante durante a gestão do ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. São inúmeros os exemplos de sucesso. Esse conselho é formado por representantes de todos os atores que atuam no turismo, dos trabalhadores que atuam na cadeia produtiva, dos hotéis, do taxista, até os executivos das organizações de alimentação, restaurantes. Enfim, todos os atores têm assento no conselho. Esse conselho precisa ser nomeado anualmente, e até aqui ele não foi instituído.

E nós pretendemos ouvir muito o trade, porque eles conhecem bastante a realidade do Turismo. Eles que operam as agências, as operadoras, os hotéis, os restaurantes. Enfim, pretendemos ouvir muito eles, tanto na construção do plano quanto na duração da execução do plano e de outras políticas públicas que possam vir a surgir. Além disso, nós temos a COP30 agora, que é uma das nossas prioridades, assim como outras ações relacionadas ao turismo, como novos destinos, etnoturismo. Além disso, uma das nossas prioridades é o ecoturismo sustentável.

Em relação ao desafio que você colocou, realmente é uma questão muito grande a questão orçamentária. Nós já começamos a trabalhar aqui em uma proposta para sensibilizar a ministra Simone Tebet, o ministro Rui Costa e a ministra Esther Dweck. Isso é no sentido de fazer uma recomposição orçamentária do ministério para este ano e para os próximos anos, afim de que o ministério tenha as ferramentas cabíveis para nós darmos o andamento, já no primeiro semestre, da execução desse plano que estamos elaborando.

De quanto acredita que poderá ser essa recomposição?

Qualquer valor que eu falar agora vai ser um um chute muito grande. Posso lhe falar que já há um pedido, que já foi feito anteriormente, de suplementação orçamentária de mais de R$ 500 milhões e está para ser analisado na JEO.

Além disso, estamos preparando também, desde segunda-feira, uma carteira de projetos para que nós possamos chegar com os parlamentares à Câmara e ao Senado (…) com pacote pronto do projeto, do valor do orçamento, para que ele destine a sua emenda para aquele local. E com isso a gente consegue também dar uma destinação eficiente, nas emendas parlamentares, em relação ao desenvolvimento do turismo no Brasil.

O senhor é a favor da legalização dos jogos de azar no Brasil?

Sou a favor da legalização dos jogos de azar no Brasil. Fiz parte da comissão da Câmara. Votei favorável. Ali tem a previsão de uma contribuição financeira, pela exploração dos jogos de azar, inclusive parte desse valor será destinada para o turismo, a cultura, a educação e a saúde… Sou a favor.

O senhor é evangélico e a bancada evangélica é contra…

Há um conflito [com evangélicos], mas paciência. Há vários países que são cristãos e o jogo é liberado.

Como recebe as críticas de que o senhor é bolsonarista?

Recebi o apoio declarado do PT do meu estado. O líder do PT na Câmara, deputado Zeca Dirceu, é meu amigo pessoal. Acho que conversei com todos os deputados da ampla maioria, e eles são muito meus amigos, inclusive estavam ansiosos para que minha nomeação saísse. Atribuo esse comentário, de repente, a alguém que não tinha interesse que, porventura, a gente viesse pra cá.

Imagem colorida mostra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Celso Sabino se cumprimentando - Metrópoles
Ex-presidente Bolsonaro e o deputado federal Celso Sabino

Seria pelas fotos que o senhor tirou com o ex-presidente Jair Bolsonaro?

O [então] presidente Bolsonaro foi uma vez a Belém para inaugurar um aparelho turístico. Fui convidado junto com outros parlamentares do Pará para acompanhar a comitiva presidencial. Fui junto com outros deputados no mesmo avião que o [então] presidente. Não fiquei sentado do seu lado. Em dado momento da viagem, as pessoas se levantaram pra tirar foto com o [então] presidente. Eu também fui, tirei uma foto com ele. Sou aliado, sou amigo próximo do presidente da Câmara [Arthur Lira], vocês sabem disso, e votei muitas matérias são importantes para o Brasil que também eram consonantes com projetos do [então] governo [Bolsonaro]. Algumas vezes nós criticamos, alteramos o texto e, no final, votamos a favor, e também outras que eram interesse do governo na época, e eu votei contra.

No primeiro turno da eleição do ano passado, eu votei na nossa candidata do União, que foi a senadora Soraya (Thronicke). No segundo turno, não participei da campanha nem votei. Eu justifiquei o voto. Passei o dia inteiro na casa do presidente [Arthur] Lira acompanhando as movimentações no Brasil inteiro e, no final do pleito, ficamos lá acompanhando a apuração do lado dele. Quando terminou, ele saiu, deu uma entrevista reconhecendo o resultado da eleição, o processo democrático e a vitória do presidente Lula.

Dar ministérios ao Republicanos e ao PP vai mesmo ajudar o governo? Os presidentes desses dois partidos dizem que eles não serão base…

Tenho observado as votações na Câmara, acompanho e confiro o voto muitas vezes. Você vê que o PP, Republicanos e o próprio União Brasil entregaram a maioria dos seus votos nas matérias que eram de interesse do governo [Lula]. Mas, claro, discutiram os projetos. Muitas vezes propuseram alterações nos relatórios, mas, ao fim, acabaram votando pela aprovação do arcabouço, da medida provisória de restauração dos ministérios, da reforma tributária do Carf.

O senhor já chegou a dizer que a operação Lava Jato era de “suma importância” para o Brasil. Mantém essa avaliação?

Naquele momento, a ampla maioria dos atores políticos, a imprensa, colocava isso como sendo realmente uma defesa das instituições, um combate à corrupção. As informações que tínhamos até o momento eram de que as ações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal eram uma coisa republicana. Isso mobilizou milhares de pessoas no Brasil inteiro que foram para a rua. Então, assim como eu, várias outras pessoas se manifestaram nessa direção [favorável]. O que que a gente tem observado, agora, são decisões reiteradas da Justiça, reanalisando o que aconteceu na Lava Jato. Surgiram novos depoimentos, surgiram informações de que houve realmente práticas ali que não são republicanas e que extrapolavam o Direito.

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