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Empresários bolsonaristas articularam criação de rádio pró-governo, diz PF

Mensagens apreendidas no WhatsApp do empresário Otávio Fakhoury revelam a movimentação do grupo

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1 de 1 Rádio - Foto: Getty Images

Mensagens apreendidas pela Polícia Federal (PF) no celular do empresário Otávio Fakhoury indicam que empresários bolsonaristas teriam feito movimento para a compra de estação de rádio que apoiaria pautas de interesse do governo. As informações são do jornal O Globo.

O empresário teria trocado mensagens sobre o assunto com Fábio Wajngarten, atual secretário executivo do Ministério das Comunicações.

Investigado no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos, em trâmite no Superior Tribunal Federal (STF), Fakhoury foi alvo de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) em 16 de junho. Ele teve o celular apreendido.

Fakhoury teria afirmado já ter um grupo para “financiar a aquisição” e citado o empresário dono da rede de restaurantes Madeiro, Luiz Renato Durski Júnior, como um dos participantes. Esse fato levou a PF a tomar o depoimento de Durski e questioná-lo sobre o assunto.

Essa informação chamou a atenção da PF, que tem feito perguntas sobre o assunto nos depoimentos tomados durante toda a instrução do inquérito.

“Indagado sobre o diálogo por meio do aplicativo de mensagem Whatsapp identificado no telefone celular de Otávio Oscar Fakhoury, entre Otávio Oscar Fakhoury e Fábio Wajngarten, em que Oscar Fakhoury comenta sobre a necessidade de comprar uma rádio FM ‘target’, em que Oscar Fakhoury afirma já ter um grupo para financiar a aquisição da rádio, dentre as pessoas mencionadas, Oscar Fakhoury cita o nome do declarante (Junior Duski)”, aponta a PF.

Quando perguntado se estaria disposto a financiar a compra da rádio para promover as pautas de interesse de seu grupo político, Durski teria dito que não. Além disso, também teria afirmado que nunca foi procurado por ninguém para tratar da compra e que não apoia grupos políticos, somente a pessoa do presidente Jair Bolsonaro.

No mesmo inquérito, a PF tomou o depoimento do pastor RR Soares e questionou sobre a tentativa do grupo de comprar uma estação de rádio. O pastor teria dito que foi procurado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pedindo ajuda para encontrar uma estação de rádio em São Paulo para ser alugada.

RR Soares ainda afirmou, em seu depoimento, ter conversado com proprietários de rádios e um deles informou ter faturamento mensal de aproximadamente R$ 1 milhão, valor que foi passado a Eduardo.

Segundo o depoimento do pastor, “Eduardo Bolsonaro disse que só tinha interesse na locação de uma rádio e não tinha esse valor para negociar a locação”.

Em nota, a defesa de Otávio Fakhoury alega que não teve acesso aos documentos citados pela imprensa e que seu cliente “sempre agiu de forma ética, lícita e, principalmente, em estrito respeito à Constituição Federal e ao Estado Democrático de Direito”.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República não quis se manifestar.

O inquérito apura a existência de grupos organizados, com fontes de financiamento, para realizar atos e ataques ao STF e ao Congresso Nacional.

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