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Em Cuba, Lula vai buscar renegociação de dívida bilionária com o BNDES

Lula visita Havana para Cúpula do G77, com missão de convencer Cuba a voltar a pagar dívida cubana contraída para obras no Porto de Mariel

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Lula discursando
1 de 1 Lula discursando - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, neste sábado (16/9), da Cúpula do G77 + China, em Cuba. Além de marcar presença no encontro de países em desenvolvimento, o mandatário visita Havana com a missão de conquistar capital político e reabrir as negociações com os cubanos para o pagamento da dívida bilionária que eles têm com o Brasil.

A expectativa é que, após sete anos de relações estremecidas, Lula consiga reaquecer as vias diplomáticas para que Cuba volte a pagar as parcelas do financiamento de US$ 658 milhões dado pelo BNDES para a reformulação do Porto Mariel, principal obra de infraestrutura no país caribenho nos anos 2010.

Em 2018, Cuba cessou os pagamentos, firmados em contrato entre 2009 e 2013, e alega não ter recursos financeiros para quitar a dívida, avaliada em US$ 538 milhões (R$ 2,6 bilhões), segundo informações obtidas pelo jornal Folha de S.Paulo.

Cuba vive uma grave crise econômica, acirrada por fatores como: o recrudescimento das sanções impostas pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump; a queda nas atividades do turismo, ocasionada pela pandemia; e o aumento dos preços de alimentos e energia em função da guerra na Ucrânia.

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É neste cenário que Lula desembarca em Havana, para uma viagem de pouco mais de 24 horas. Após abrir os discursos na Cúpula do G77 + China (bloco que abrange 134 nações do chamado Sul Global) pela manhã, o mandatário terá uma reunião bilateral com o presidente cubano Miguel Díaz-Canel, no Palácio do Governo, na tarde deste sábado (16/9).

Desde que tomou posse, Lula procura retomar as relações com o país caribenho, estremecidas desde o governo Michel Temer. Na ocasião, Cuba não reconheceu o novo presidente após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e se recusou a aceitar as credenciais dos diplomatas enviados por Temer para a embaixada em Havana.

Assim, as representações diplomáticas foram esvaziadas, mantendo apenas funções primordialmente consulares. A situação se agravou ainda mais com a eleição de Jair Bolsonaro (PL), que atacou o regime cubano e encerrou diálogo com a nação na América Central.

Nova governança

Embora a renegociação da dívida seja a principal agenda brasileira no encontro entre os dois chefes de Estado, Lula deve se apoiar no capital político cubano com os demais países em desenvolvimento para se consolidar como um dos porta-vozes do Sul Global.

“O encontro em Cuba simboliza a legitimidade para ser uma das lideranças reconhecidas do Sul-Global [além da China], o que dá capital político para convencer as nações a apoiarem a demanda brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU”, defende o professor Pedro Feliú, do departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo.

Em Havana, Lula deve se manter na missão de angariar apoio para cobrar reformas na governança da ONU, sobretudo no Conselho de Segurança da entidade diplomática, que tem como membros permanentes Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia. Todos têm poder de veto. Outros países ocupam alternadamente 10 vagas rotativas, sem poder de veto.

Nova voz do Sul Global

Apesar de embates sobre temas como a guerra e as mudanças climáticas estarem acontecendo, Lula diz, em seus discursos, que não quer ser adversário das potências tradicionais, reunidas no G7, mas ter uma relação mais equiparada com elas.

Para isso, o petista tem se esforçado, no primeiro ano de seu atual governo, para incluir o país em grupos maiores, que tenham objetivos parecidos, como fez na Cúpula da Amazônia e ao celebrar a ampliação do Brics, com mais seis nações.

O G77, então, faz parte desse contexto, em que blocos políticos se reúnem para realizar negociações. Como em outros encontros, deverão ser discutidas ideias como a possibilidade de fazer comércio exterior sem o dólar e cobranças por financiamento das nações ricas para a transição para uma economia mais verde nos países em desenvolvimento.

Como a diplomacia tem seu próprio ritmo, não se deve esperar que as demandas dos países em desenvolvimento resultem em uma profunda reforma da ONU. Lula, porém, indica que dedicará bastante atenção a essa luta ao longo de seu mandato.

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