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Eleições: “Neutralidade do Estado deu fim às guerras por religião”, diz filósofo

Luc Ferry esteve no Brasil neste ano para conferências. Pensador foi ministro da Educação da França de 2002 a 2004

atualizado

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São Paulo – O filósofo francês Luc Ferry, que esteve recentemente no Brasil, fez uma avaliação sobre a presença da religião nas eleições 2022. Defensor de que a espiritualidade não deve interferir no Estado e na política, foi ministro da Educação de 2002 a 2004, período em que a França proibiu o uso do véu islâmico nas escolas.

A primeira observação de Ferry é que a “guerra santa” nas campanhas eleitorais não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. De acordo com o filósofo e doutor em ciência política, o movimento também ocorre na Europa.

“Ser crente é uma questão de fé pessoal, não é uma questão de Estado nem de política ou legislação. Isto é mais importante, pois foi a neutralidade do Estado em matéria de religião que permitiu pôr fim às guerras de religião”, disse em entrevista ao Metrópoles.

O professor de filosofia reiterou que as religiões devem permanecer na esfera privada. “De fato, se o Estado privilegia uma religião em detrimento de outras, como é o caso das teocracias, ele deixa de ser democrático e se transforma em ditadura.”

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Conflito de ódio

Por outro lado, na percepção de Ferry, os eleitores brasileiros estão sendo forçados a manter suas crenças políticas também em um campo bastante íntimo.

“Os debates são muito violentos e, dessa forma, muitos brasileiros são obrigados a esconder suas opiniões, com medo de causar um conflito de ódio, inclusive com seus próximos”, afirmou.

Luc Ferry durante o evento Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre

Candidatos

Para o filósofo, o Brasil pode se tornar uma das potências econômicas do mundo. No entanto, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não são nomes que podem fazer jus à cultura e às riquezas nacionais.

“Eu não estou convencido de que os dois principais candidatos presentes estejam ao nível deste país fabuloso”, opinou.

Homeschooling

Outro assunto que esteve presente no primeiro turno da campanha presidencial foi o homeschooling. Bolsonaro chegou a se encontrar no Palácio da Alvorada em duas ocasiões com famílias defensoras da educação domiciliar.

O ex-ministro da Educação da França relatou que estudou em casa “durante anos” na infância e na adolescência. “Eu li muito, aprendi muito, mas nunca recomendarei esse tipo de educação a ninguém porque o ser humano precisa dos outros para se socializar.”

“Dessocialização”

Pai de três filhas, o filósofo declarou que não as deixaria correr esse grande risco de “dessocialização”. “Mesmo achando que aprendi mais coisas sozinho do que na escola, por nada no mundo eu gostaria que elas não fossem à escola.”

“O grande defeito do homeschooling não é que você aprende menos, mas é porque você corre o risco de se dessocializar e se perder na sociedade na idade adulta por faltar as referências que as crianças que frequentaram a escola adquiriram”, apontou.

O autor de mais de 70 livros, incluindo a obra Aprender a Viver, esteve no Brasil no mês passado para participar do evento de conferências Fronteiras do Pensamento e de almoço oferecido pelo Hospital Moinhos de Vento, na capital paulista.

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