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Lula indica Alckmin para coordenar mesa de negociação com empresários

O petista prometeu chamar empresários para conversar com trabalhadores e prometeu reajuste do salário mínimo todo ano

atualizado

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Luciana Lima/Metrópoles
Lula inagura agenda política com Alckmin em encontro com as centrais sindicais. Na foto, eles seguram as mãos levantadas com outras figuras políticas diante de uma plateia que também ergue os braços - Metrópoles
1 de 1 Lula inagura agenda política com Alckmin em encontro com as centrais sindicais. Na foto, eles seguram as mãos levantadas com outras figuras políticas diante de uma plateia que também ergue os braços - Metrópoles - Foto: Luciana Lima/Metrópoles

Em evento com as centrais sindicais, nesta quinta-feira (14/4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) terá papel central na coordenação das negociações entre trabalhadores e empresários. Caso seja eleito, Lula pretende estabelecer uma mesa de diálogo que terá foco na recuperação de direitos dos empregados e na construção de proposta para uma nova reforma trabalhista.

“Nós vamos criar uma mesa de negociação. Ela pode ser coordenada pelo vice-presidente, não precisa ser pelo presidente. E vai ter lá os dirigentes sindicais, vai ter lá os empresários”, disse Lula.

“A gente não vai fazer nada na marra, vamos negociando, com a permissão deles, para a gente poder exercer o direito de negociar a contratação coletiva e o respeito por aquilo que a gente acorda.”, disse Lula, durante seu discurso no evento organizado pelas centrais, se dirigindo ao ex-governador.

Lula chegou a expor para o ex-tucano a necessidade de dar direitos aos trabalhadores de aplicativos e apontou como norte as experiências de formação de cooperativas implantadas na cidade de Araraquara, governada pelo petista Edinho Silva.

“Alckmin, vou citar um exemplo que você conhece bem. O da cidade de Araraquara, onde esses trabalhadores já formaram dois aplicativos”, apontou o petista.

A ideia que constará em seu programa de governo, já foi apontada em matéria do Metrópoles e segue um modelo adotado na Espanha. As negociações pretendem envolver sindicatos, representantes do setor empresarial é abrir negociações prévias antes de se enviar para o Congresso uma proposta de mudança na atual lei trabalhista.

Reajuste anual do salário mínimo

Lula apontou as condições precárias que trabalhadores de aplicativo vivem hoje. “Que tipo de empreendedor é esse que permite que o cidadão carregue comida nas costas para entregar pros outros enquanto ele mesmo tá passando fome? Temos que ter mais respeito com trabalhadores de aplicativos”, disse o petista.

O ex-presidente ainda prometeu que em um eventual governo fará reajuste do salário mínimo todos os anos com reposição das perdas devido a inflação. Nós já fizemos isso. Porque não podemos fazer de novo?”, disse o petista, que também enfatizou que fará uma reforma tributária para adotar maior progressividade na cobranças de impostos.

“Companheiro Alckmin”

O ex-governador Geraldo Alckmin participou do ato político ao lado de Lula. A aprovação formal por parte do PT da chapa Lula/Alckmin ocorreu nesta quarta-feira (13/4), por 68 votos favoráveis e 16 votos contrários.

Lula levou Alckmin ao seu reduto político e que, em muitos momentos, foi hostil às gestões do ex-governador. Com isso, Lula tenta aplacar qualquer crítica à escolha do vice que tem um histórico político de centro-esquerda.

O petista também apontou que a união das centrais é uma novidade em sua vida política.

“É plenamente possível o Lula e o Alckmin fazerem uma chapa para reconquistar a confiança do povo brasileiro”, disse.

“É uma novidade na minha vida política. Sou sindicalista, sou amigo de todos vocês. Nunca todas as centrais estiveram juntas para apoiar uma candidatura à Presidência da República”, disse Lula.

Durante o evento, Alckmin foi chamado diversas vezes de “companheiro”, sinalizou com a cabeça concordando com as falas, acenou para pessoas da plateia e com o braço erguido, entoou o grito de guerra dos petistas: “Olê, olá, Lula”.

Alckmin, por sua vez, também exaltou a figura do petista e a luta sindical.

“A luta de vocês, sindicalistas, deu ao Brasil o maior líder popular desse país: Lula”, disse Alckmin.

“Estamos em um dia histórico. Reunem-se aqui as maiores centrais sindicais do Brasil e isso nos remete a nossa história. Todas as vezes que o Brasil estava em risco, o país se uniu, não se apequenou”, disse o ex-governador.

Alckmin disse que quando tentaram tirar direitos dos trabalhaores, o mundo sindical se reorganizou. “Quando precisava tirar o país da ditadura, o Brasil se uniu”, disse.

“O Brasil está aqui unido nesse momento grave, no qual temos um governo que odeia a demoracia, tem admiração pela tortura. É nesse memonto de fome, de morte de 662 mil pessoas, que o Brasil se agiganta nessa reunião histórica. Venho somar o meu esforço, pequeno, humilde, mas de coração”, disse o ex-governador.

Mulheres

Os sindicalistas também se preocuparam a dar um caráter mais plural ao evento, com o objetivo de não verem repetidas as críticas feitas sobre a foto da reunião do PSB com o PT que oficializou a oferta da vice. O presidente da UGT, Ricardo Patah, passou a sua vez de falar para uma sindicalista mulher negra.

Lula recebeu dos sindicalistas uma pauta unificada dos trabalhadores, documento que foi debatido na Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat 2022), realizada há uma semana. Participaram da conferência a CUT, a Força Sindical, a UGT, a CSB, a CTB, a Nova Central, a Conlutas, a Intersindical e a Pública.

O documento relaciona 63 propostas com medidas emergenciais e estruturais para garantir empregos, recuperar direitos trabalhistas e previdenciários, fortalecer a representação sindical, além de promover a democracia e a vida. Antes de ser debatida, as reinvindicação chegaram a ser afinadas com a equipe de Lula e, por isso, guarda total coerência com as propostas do petista.

Duplas_Pauta Da Classe Trabalhadora CONCLAT 2022_compressed by Rebeca Borges on Scribd

 

“Abrasileirar”

Um dos pontos pede a suspensão imediata da política de paridade de preços internacionais hoje adotada pela Petrobras, implementada em 2016, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. O índice se baseia nos custos de importação, que incluem transporte e taxas portuárias como principais referências para o cálculo dos combustíveis.

Lula tem dito em seus discursos sobre a necessidade de “abrasileirar” o preço dos combustíveis e apontado essa política como causa importante da inflação e da perda de empregos.

Combate à “uberização”

Entre os pontos priorizados estão a volta de uma política de valorização do salário mínimo considerando o índice de inflação, a realização de políticas de distribuição de renda, políticas de geração de emprego e a ampliação de direitos sociais, inclusive para tralhadores autônomos, entre eles os trabalhadores de aplicativo.

Um dos pontos indica a necessidade de “garantir a proteção aos desempregados com seguro desemprego, formação profissional de qualidade, acesso à intermediação pública de mão de obra e inscrição nos programas de transferência de renda, vale gás, vale-transporte social, isenção nas taxas de serviços públicos, entre outras medidas que assegurem dignidade aos trabalhadores, trabalhadoras e suas famílias até a recolocação no mercado de trabalho”.

A ideia da equipe de Lula é propor uma “mesa de negociação” com a participação de membros de seu eventual governo, empresários e trabalhadores.

No início de abril, em encontro com a CUT, Lula apontou para a necessidade de um documento único de reinvindicões para que fosse possível traçar uma estratégia de mobilização em torno da pauta.

1º de Maio

Apesar do alinhamento com o projeto de Lula, a ideia é que o documento seja entregue a todos os candidatos à presidência da República.

Esse é o segundo ato público de Lula com os representantes dos sindicatos neste mês de abril. O petista ainda pretende discursar na comemoração do 1º de Maio, em São Paulo, que é organizado pelo conjunto de centrais sindicais, entre elas a CUT, Força Sindical, CTB e UGT, que já decidiram apoio ao petista.

O ato está programado para ocorrer na Praça Charles Millet, em frente ao estádio do Pacaembu, com apresentações de Daniela Mercury, Leci Brandão, Dexter, DJ KL Jay e Francisco El Hombre.

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