Lula deixa debates de lado e foca na campanha em Minas Gerais
Petista segue na liderança das pesquisas, mas vê a diferença apertar e coloca em prática estratégias para evitar desânimo na militância
atualizado

O petista Luiz Inácio Lula da Silva mantém a dianteira na corrida pela Presidência da República, segundo os principais levantamentos de intenção de voto, mas vê o adversário, Jair Bolsonaro (PL), se aproximando – de forma lenta, mas consistente.
Com o desafio de frear essa tendência de subida do candidato à reeleição e de evitar que sua militância desanime a pouco mais de uma semana para o segundo turno, a campanha de Lula aposta em idas ao Sudeste, que se tornou o principal campo de batalha por votos nesta reta final. Para isso, deixaria de lado os debates com o adversário.
A última pesquisa Datafolha de intenções de voto, divulgada na quinta (19/10), mostrou que Bolsonaro se descolou do empate técnico com Lula na região que tem os maiores colégios eleitorais do país e agora lidera as intenções de voto fora da margem de erro. Sua vantagem subiu de quatro para sete pontos percentuais em uma semana: o presidente agora tem 50%, e Lula, 43% no Sudeste.
Sentindo o bom momento, a campanha de Bolsonaro vai promover atos políticos com o presidente em São Paulo, nos próximos quatro dias. Aproveitando as desistências de Lula, o mandatário do país ainda terá duas entrevistas, no SBT e na Record, no lugar dos debates que as emissoras haviam marcado para o fim de semana.
Na avaliação da equipe de Lula, a preparação para os debates custa muito em termos de agenda. Aliados acham que o petista rende mais com atos políticos em locais onde há votos em disputa. Por isso, após duas caminhadas no Rio de Janeiro, na quinta (20/10), Lula desembarca em Minas Gerais nesta sexta (21/10) para dois dias de campanha na rua.
O petista participará de atos em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, pela manhã, e em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, à tarde. No sábado (22/10), em evento que ainda não teve os detalhes divulgados, Lula volta a Belo Horizonte e fará caminhada pela manhã entre Venda Nova e Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital mineira.

Simone Tebet faz caminhada em Brasília buscando votos para Lula Divulgação

Lula em campanha Reprodução

Lula em evento com evangélicos Fábio Vieira/Metrópoles

Lula e Bolsonaro Fábio Vieira/Metrópoles
Minas Gerais é considerada fundamental pelas campanhas dos dois candidatos por questões práticas e simbólicas. Historicamente, desde a redemocratização do país, os candidatos que venceram no estado foram eleitos para a Presidência da República.
No primeiro turno, Lula teve mais votos do que Bolsonaro em Minas, mas com margem pequena, de cerca de meio milhão de votos: 48,29% contra 43,60%. Desde então, o governador reeleito do estado, Romeu Zema (Novo), entrou de cabeça na campanha do mandatário do país e acendeu uma luz amarela na equipe de Lula, que tem promovido visitas semanais do petista a cidades mineiras.
“Impossível ele tirar a diferença em uma semana”, diz Lula sobre Bolsonaro.
Ex-presidente citou boatos de que uma equipe de Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, veio ao Brasil para ajudar o atual presidente.#Eleicoes2022 pic.twitter.com/Qy7jiJ4skU
— Metrópoles (@Metropoles) October 20, 2022
Na internet, combate a boatos e desinformação
A campanha de Lula e de influenciadores digitais aliados também está tensa com o aumento dos esforços da militância adversária para espalhar boatos e desinformação na internet e nas ruas, sobretudo por se tratar do último fim de semana antes do pleito. Além disso, líderes religiosos aliados de Bolsonaro deverão aumentar o tom da pregação política.
Esta postagem feita pelo youtuber Felipe Neto na quinta exemplifica bem a preocupação:
No mesmo dia:
– Jovem Pan inventou que foi censurada pelo TSE;
– André Valadão inventou decisão do TSE contra ele;
– Conselho Federal de Medicina inventou decisão de censura do TSE.
Isso não é coincidência, isso é articulação de fakenews planejada e executada com precisão. pic.twitter.com/NQp4137Wck
— Felipe Neto 🦉 (@felipeneto) October 20, 2022
Inserções de fora
Os coordenadores da campanha lulista acreditavam muito no poder das inserções a mais que ganharam na TV para levar parte do foco do debate para a economia, mostrando que Bolsonaro não garante aumento real do salário mínimo e que os indicadores já mostram desaceleração e prometem um 2023 muito complicado do ponto de vista fiscal, fruto da gastança eleitoral promovida pelo governo agora.
A ministra Maria Claudia Bucchianeri, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), suspendeu, no entanto, na noite de quinta-feira (20/10), o direito de resposta concedido ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 164 inserções de 30 segundos do rival.
A campanha do atual mandatário enviou “embargos de declaração”, uma espécie de recurso. A relatora considerou o procedimento “incompatível com a celeridade inerente aos processos de direito de resposta”. A campanha de Bolsonaro tem, a partir de agora, 24 horas para complementar o recurso. Os advogados do petista também têm o mesmo prazo para que sejam ouvidos.