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Pisa: 4 em cada 10 estudantes não aprendem nem o básico

Exame mede desempenho de jovens de 15 anos em Leitura, Matemática e Ciência; País ainda está entre últimos do ranking

atualizado

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Marcos Santos
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1 de 1 concurso-publico - Foto: Marcos Santos

Quatro em cada 10 estudantes brasileiros de 15 anos não conseguem identificar a ideia principal de um texto, ler gráficos, resolver problemas com números inteiros, entender um experimento científico simples.

Os dados são do teste de Pisa, considerado a mais importante avaliação de educação básica do mundo. Os resultados foram divulgados nesta terça-feira (03/12/2019) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Paris, na França.

O Brasil se mantém entre as últimas colocações do ranking internacional nas três áreas avaliadas: Leitura, Matemática e Ciência. Além do mais, é uma das nações com maior diferença de desempenho entre estudantes ricos e pobres.

Apesar de figurar entre os últimos colocados do mundo, o país teve uma leve melhora na avaliação quando comparado com anos anteriores. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, previu – erroneamente – a última colocação, mas acertou quanto ao baixo desempenho.

A prova foi realizada no ano passado. Participaram ao todo 600 mil estudantes de 79 países. O exame é feito desde 2000, de três em três anos, com nações membros da OCDE e convidados, como é o caso do Brasil.

A China, representada pelas províncias de Pequim, Shangai, Jiangsu e Zhejiang, ficou em primeiro lugar dos rankings mundiais das três áreas. Cingapura, por sua vez, figurou na segunda colocação.

Resultados
A nota média do Brasil em Leitura subiu de 407 para 413 pontos, entre 2015 e 2018, a mais alta já registrada no Pisa pelo Brasil. Apesar do avanço em relação à última edição não ser estatisticamente significativo, a tendência de aumento desde 2000 é considerada relevante pela OCDE.

Além disso, a amostra de alunos do Brasil cresceu muito nos últimos anos, o que, em geral, tenderia a baixar a nota do País. Isso porque o Brasil tem aumentado nos últimos anos o índice de jovens de 15 anos na escola – idade em que o adolescente deve ingressar no ensino médio. A inclusão leva jovens de baixa renda a frequentarem a escola.

Veja abaixo o relatório do Pisa referente ao Brasil (versão em inglês):

Pisa2018 Cn Bra by Tácio Lorran on Scribd

O relatório do Pisa destaca, logo nas primeiras páginas, o Brasil como um dos seis países em que “a qualidade da educação não foi sacrificada quando se aumentou o acesso à escola”. Os outros são México, Albânia, Indonésia, Turquia e Uruguai.

“Um aumento na inclusão tende a mascarar eventuais melhoras no desempenho dos alunos, já que é possível assumir que os jovens que não estavam no sistema escolar nas edições passadas teriam um desempenho relativamente baixo”, disse a analista de educação da OCDE Camila de Moraes, que é brasileira.

“Em países onde a inclusão aumentou, a manutenção dos resultados em um mesmo patamar pode ser em si um fato positivo.”

Além disso, ao comparar os 25% dos jovens de melhor desempenho no Brasil, o relatório mostra um aumento de 10 pontos a cada três anos, entre 2003 e 2018, em Matemática. Em Ciência, são oito pontos a cada três anos. Ou seja, se não houvesse inclusão a nota geral do Brasil poderia estar maior.

Só 2% dos jovens brasileiros conseguem distinguir fato de opinião
A Leitura foi o foco desta edição do Pisa, o que quer dizer que os resultados dessa área são mais detalhados. Além de cobrar interpretação e compreensão de texto, a prova incluiu competências necessárias para “construir conhecimento, pensamento crítico e tomar decisões bem embasadas”, como explicou o relatório da OCDE.

“O smartphone transformou a maneira como as pessoas leem e a digitalização levou ao surgimento de novas formas de textos”, explicou o documento.

Os resultados mostram que só 10% dos jovens no mundo conseguem distinguir fato de opinião, habilidade considerada complexa pelo Pisa. No Brasil, esse grupo representa 2% e não inclui jovens de baixa renda.

A mais alta colocação brasileira está também no ranking de Leitura (54ª posição), ficando acima de cinco países latinos: Argentina, Colômbia, Peru, Panamá e República Dominicana.

Há duas semanas, o ministro da educação, Abraham Weintraub, havia dito que o Brasil ficaria em último lugar na América Latina no Pisa por causa das “abordagens esquerdistas” de governos anteriores.

Brasil tem pior desempenho em Matemática
Em Matemática, também houve melhora significativa nos resultados entre 2003, primeiro ano em que o Pisa destacou a área, e 2018. Entre 2015 e o ano passado, a nota do Brasil subiu de 377 para 384.

No entanto, a pior posição no ranking do Brasil é em Matemática, 70ª colocação, ficando atrás de Peru, Colômbia e Líbano. Mas ainda acima de Argentina, Panamá, Filipinas, entre outros.

No Brasil, só 32% dos estudantes estão no nível 2, considerado básico, e acima dele em Matemática. Apenas esse grupo consegue, por exemplo, comparar distância de duas rotas ou converter preços em diferentes moedas. Entre os países da OCDE, o índice de jovens do nível 2 para cima é de 76%.

Entre os melhores resultados de Matemática estão os países asiáticos, como China, Cingapura, Hong Kong e Coreia. Na China, 16% dos estudantes estão no mais alto nível da disciplina, com raciocínio matemática considerado muito avançado. Entre os países da OCDE, só 2,4% chegam a esse patamar.

No ranking de Ciência, os asiáticos também se destacam, junto com a Estônia, com mais de 90% dos seus estudantes acima do nível básico. O Brasil ficou na 66ª posição entre os 79 países.

A nota também subiu entre 2015 e 2018, de 401 para 404. Mas só 1% dos estudantes brasileiros está nos maiores níveis de desempenho, o que quer dizer que dominam conceitos científicos sobre vida e espaço e sabem até mais do que se espera no currículo para a idade. (Com informações da Agência Estado)

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