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Número de mulheres que investem na bolsa de valores é o maior da história

São 779.378 brasileiras atuantes, o que corresponde a 25,42% dos CPFs cadastrados. É o maior percentual já registrado no país

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Brasília(DF), 06/10/2015 - Notas de dinheiro - Real é a moeda usado no Brasil - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles
1 de 1 Brasília(DF), 06/10/2015 - Notas de dinheiro - Real é a moeda usado no Brasil - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A crise econômica causada pelo coronavírus atraiu os investidores para a Bolsa de Valores. De acordo com dados de setembro divulgados pela B3, foram registradas 3.065.775 contas abertas, ao mesmo tempo que o número de CPFs cadastrados teve um crescimento de 82,37% em relação a 2019. Esses números são ainda mais significativos quando falamos da participação das mulheres no setor. Atualmente, são 779.378 brasileiras atuantes, o que corresponde a 25, 42% do total de investidores cadastrados, o maior percentual da história no país.

De acordo com Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo, assessoria credenciada a XP Investimentos, o interesse na Bolsa de Valores se dá pela atração dos juros baixos.

“O principal fator é a questão econômica. Como os juros baixaram, as pessoas começaram a buscar outros investimentos que tivessem um retorno melhor, para ganhar mais rentabilidade”, avalia.

De acordo com Rebeca Nevares, as mulheres não estão apenas se cadastrando na Bolsa de Valores para observar os números: “Percebemos que elas estão participando efetivamente da execução, comprando e vendendo ações”.

É o caso da administradora de empresas Amanda Valente, de 37 anos. Desde abril, a paulista vem investindo em ações e, hoje, 35% da sua renda está aplicada na Bolsa de Valores.

Autonomia

O início da caminhada de Amanda como investidora começou após ela se separar do marido, em janeiro deste ano. “Precisei pensar em como ia me virar, nem sabia se o meu salário seria o suficiente para me manter. Eu terceirizava todas as responsabilidades ao meu ex-companheiro. Com o término, decidi ter autonomia financeira: passei a pesquisar, estudar e aprender sobre o mercado”, conta.

Amanda organizou as suas finanças a partir do dinheiro que ganhou na venda de um apartamento. “Pensei em como eu iria me preparar para o futuro, e comecei a montar a minha carteira de acordo com o meu perfil. Hoje, tenho investimentos a curto, médio e longo prazo. No início, minhas aplicações estavam 15% em ações e 80% em renda fixa. Agora, 35% está em ações”, disse.

A administradora de empresas conta ainda que na sua primeira movimentação na bolsa de valores conseguiu um retorno de 35%. Mas Amanda garante ser uma investidora cautelosa: “Avalio muito bem antes de fechar o negócio, nunca penso em curto prazo. Essa ação, por exemplo, comprei em abril e vendi só em junho. Dessa forma, normalmente consigo um lucro”.

Amanda se diz tão contente que vendeu ações compradas fora do Brasil e começou a investir nas do país. Ela pretende continuar estudando sobre o assunto. Agora, além da carteira de aplicações atual, o próximo passo é entrar no fundo imobiliário.

Perfil da mulher investidora

Para Rebeca Nevares, sócia da Monte Bravo, as mulheres são mais estrategistas do que os homens: “Pensamos mais na hora de investir em uma ação. Os homens fazem mais movimentações, compram e rapidamente vendem. A mulher pensa a longo prazo, estuda mais a empresa. No geral, como nós não trocamos tanto de carteira, ganhamos meio por cento a mais do que os homens e pagamos menos taxas”.

“Percebo muito isso nas minhas consultorias, quando conversamos com os homens eles pensam em ficar milionários, chegam e falam: ‘Olha, o meu objetivo é ganhar tanto’. A mulher é mais pé no chão, ela sabe que isso é uma jornada, ela tem um objetivo claro”, avalia Rebeca.

Dicas para começar a investir

A especialista deu algumas dicas de como começar a investir:

  • Realize um diagnóstico das finanças;
  • Seja realista: “Precisamos fazer alguns sacrifícios: por exemplo, se pintar a unha toda semana não for tão importante, você economiza R$ 50, e em médio prazo consegue fazer uma viagem”;
  • Defina objetivos. Pense no porquê de estar investindo. É para ter uma reserva de emergência? Comprar carro? Fazer uma viagem? Pensar em uma separação? Na aposentadoria?
  • Tenha coragem de começar e investir em algum fundo, seja ele mais conservador ou mais arriscado;
  • Tenha disciplina a partir do momento em que você apertou o botão de comprar uma ação.
O que esperar do futuro?

Para Rebeca Nevares, a Bolsa de Valores veio para ficar: “Nunca se falou tanto sobre compra e venda de ações, até na pandemia ficou latente, com essa difusão do conhecimento por muitos youtubers e influencers”.

“Não podemos pensar quando é a melhor hora, temos que investir agora. Quando olhamos para países mais maduros, como os Estados Unidos, percebemos que mais de 50% da população mexe com a Bolsa de Valores, enquanto aqui o índice é de 2%, 3%”, diz.

Rebeca ainda avalia que este é um ótimo momento. “Quando não tem juros altos, como agora, você precisa buscar outras alternativas. Vamos ver aumentar os negócios da bolsa, a quantidade de pessoas abrindo empresas e investindo em startups. Isso vai incentivar a economia e também os empregos”, estima.

Um estudo da XP investimentos aponta que, daqui a 2 anos, R$ 1 trilhão oriundos da renda fixa passem para a Bolsa de Valores.

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