metropoles.com

Governo brasileiro teme que Brexit prejudique exportações

Com saída do Reino Unido da União Europeia, Brasil teme prejuízo com exportações, já que novas cotas serão estabelecidas

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/ Agência Brasil
exportação
1 de 1 exportação - Foto: Divulgação/ Agência Brasil

O governo brasileiro teme que o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, resulte em prejuízos reais para as exportações nacionais e quer uma nova negociação com Bruxelas e com Londres sobre as condições de vendas para esses dois mercados. No último domingo (25/11), líderes europeus aprovaram o acordo que estabelece os termos do “divórcio”.

Como parte do processo de saída do Reino Unido da UE, novas cotas serão oferecidas a produtos estrangeiros, principalmente no setor agrícola. Hoje, uma cota para um bem brasileiro exportado leva em conta a dimensão e consumo de todo o mercado europeu, incluindo os britânicos.

Agora, com a saída estabelecida, tanto a UE como Londres determinarão uma nova cota para cada um de seus parceiros, já que o mercado britânico não mais fará parte da união aduaneira. Entre britânicos e europeus, o acordo estabelecido previa uma repartição das cotas para bens como carne ou açúcar brasileiro.

Mas os exportadores brasileiros dizem que a solução não é tão simples e que, pelo acordo entre europeus e britânicos, as empresas do país poderão sair perdendo. Para o governo, o que está sendo oferecido representa, de fato, uma perda de espaço para as exportações agrícolas nacionais.

O que o Brasil alega é que não basta apenas separar as cotas entre os diferentes mercados. Elas, segundo os exportadores nacionais, estão baseadas no fato de que um carregamento de carnes a um porto europeu significa que o produto irá, sem maiores custos, chegar ao mercado britânico.
A partir do Brexit, os carregamentos para o mercado britânico ou europeu terão de ser separados, incrementando o custo.

Hoje, o Brasil exporta US$ 2,4 bilhões ao ano para o Reino Unido. Para a UE, o total chegou a US$ 33,9 bilhões até fim de outubro.

Outro desafio: parte das cotas hoje existentes poderiam ser preenchidas por outros parceiros comerciais e mesmo pelos ingleses. O Brasil se queixa de que nem Bruxelas e nem Londres deram explicações sobre como será equacionado um fluxo comercial de US$ 800 bilhões entre o mercado britânico e os 27 países do bloco europeu.

O Brasil fez uma queixa formal tanto para a UE como para os ingleses, solicitando o que o jargão diplomático chama de “reivindicações de direitos”. Na prática, o Itamaraty solicita renegociar cada uma das cotas de exportação.

O prazo para que os europeus respondam ao Brasil é dia 17 de janeiro de 2019. Mas o governo fez questão de elevar a pressão. Há dez dias, o Itamaraty aproveitou uma reunião na OMC para se queixar. “Pedimos à UE ouvir nossas preocupações e trazer para a mesa uma base justa, transparente e equilibrada para a discussão, assegurando aos membros exportadores que não terminem em uma situação mais negativa como resultado dessas negociações”, declarou o embaixador do Brasil na OMC, Alexandre Parola.

Em documento enviado à UE, americanos, brasileiros e chineses alertam que o Brexit afetaria mais de 140 cotas e pelo menos 365 linhas tarifárias.

Compartilhar notícia