A agência de classificação de risco Fitch retirou nesta quarta-feira (16/12), o grau de investimento do Brasil. A instituição rebaixou o rating do nível BBB- para BB+, com perspectiva negativa. Segundo a agência, o rebaixamento reflete a depressão mais profunda da economia que o antecipado e também acontecimentos fiscais adversos e crescente incerteza política.
A agência é a segunda a retirar a nota de bom pagador do país. A Fitch é a segunda das três grandes agências de risco a tirar o grau de investimento do Brasil: em setembro, a Standard & Poor’s já havia tirado a nota de bom pagador do país.
A Fitch informou também que a perspectiva negativa reflete contínua incerteza e risco de piora econômica. Também envolve risco de piora fiscal e política. No comunicado, a agência ainda citou efeitos negativos das investigações de corrupção na Petrobras e a deterioração econômica contínua, diante de condições econômicas mais fracas.De acordo com a Fitch, o ambiente externo segue difícil, com queda das commodities e desaceleração na China. A agência de classificação de risco destacou também que repetidas mudanças nas metas fiscais minaram a credibilidade da política fiscal e que o início do processo de impeachment contra a presidente da República, Dilma Rousseff, amplia incertezas políticas.
A Fitch prevê que o déficit fiscal pode chegar a ultrapassar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015. Segundo a agência, o déficit fiscal deve permanecer elevado em 2016 e 2017, em média acima de 7% do PIB.
Ajuste fiscal
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, avaliou como “séria” a perda do grau de investimento do Brasil pela Fitch e defendeu que “é “preciso agir”. Segundo ele, a resposta está na aprovação das medidas do ajuste fiscal necessárias para a retomada do crescimento. Levy permaneceu em silêncio todas as vezes em que foi questionado sobre se permanecerá no governo.
A perda do grau de investimento é séria e por isso temos que agir
Joaquim Levy
Para o ministro, o rebaixamento “indica preocupação” de que tudo que o Brasil precisa fazer não tem sido feito no “passo necessário”. Segundo ele, a “atenção” sobre essas questões tem sido desviada por assuntos diversos, que fogem à área econômica.
O ministro rechaçou que o downgrade signifique fuga de investidores do País. “As pessoas querem investir no Brasil”, disse. Prova disso, destacou, foi o sucesso do leilão das usinas hidrelétricas, que, segundo ele, deve injetar US$ 4 bilhões no País. “Pela primeira vez sem pegar dinheiro do BNDES”, destacou. Na avaliação de Levy, isso mostra que os investidores têm confiança no País.