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China atrai exportador de café brasileiro

As vendas do produto para o país asiático têm aumentado ano após ano

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Café em capsulas _ Márcio Jório
1 de 1 Café em capsulas _ Márcio Jório - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O avanço do hábito de beber café no lugar do chá, especialmente entre a população mais jovem, faz da China o mais novo mercado promissor para as exportações do grão brasileiro. Faz dois anos, por exemplo, que a mineira Veloso Green Coffee começou embarcar café verde para o país asiático. São cafés finos, da variedade arábica, colhidos nos 5 mil hectares de Cerrado que a empresa cultiva no município de Carmo do Parnaíba (MG).

“Nossas vendas em volume para a China têm crescido 30% ao ano e já temos pedidos colocados para este ano inteiro e também o próximo”, conta Gabriel Veloso, trader internacional da empresa. Em 2018, a companhia exportou 192 mil sacas para cerca de 30 países e a China representa uma pequena parcela, de 5% a 10%. Por ser um café diferenciado, os chineses pagam entre 10% a 15% a mais do que o preço médio.

O avanço no fluxo de negócios com café, basicamente verde, entre Brasil e China já aparece nas estatísticas de exportações, apesar de a fatia do país asiático ainda ser muito pequena (0,46%) no total das vendas. No ano passado, os volumes embarcados para a China, a maior parte de café verde, cresceram 162% em relação ao ano anterior e somaram 162,9 mil sacas de 60 quilos. A receita de US$ 26,9 milhões avançou 143% em comparação com 2017, segundo o Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

“Não foi uma surpresa o forte crescimento das exportações para a China”, afirma o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes. Ele argumenta que o aumento do consumo dos chineses, que estão cada vez mais seguindo hábitos ocidentais, tem criado um mercado promissor para o grão. E o Brasil, como maior produtor e exportador mundial, surfa nessa onda.

Entre 2008 e 2018, o consumo de café na China passou de 300 mil sacas para 3,8 milhões de sacas, um aumento de mais de 1.000%, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. A produção local gira em torno de 2,5 milhões de sacas por ano. Impulsionado pelo rápido avanço das cafeterias, Carvalhaes acredita que, o consumo anual chinês poderá atingir 10 milhões de sacas.

A americana Starbucks, por exemplo, tem mais de 3.600 lojas na China, que se tornou o mercado internacional de maior crescimento para a rede. Ela concorre com a Luckin Coffee, startup de Pequim que entrega em domicílio a bebida pronta para consumo.

Status
“Para o chinês jovem, consumir café é sinal de status, semelhante a carregar uma bolsa Channel para um ocidental”, diz o assessor da Comissão Nacional do Café da CNA, Maciel Silva. Apesar do potencial, um obstáculo ao avanço das exportações é o imposto. A China aplica tarifas de importação de 8% para café verde e de 15% para o café torrado e moído.

Produto especial
O cafeicultor paulista Mariano Martins investiu fortemente em qualidade para exportar seu café a um preço diferenciado. Com 1 milhão de cafeeiros em produção na Fazenda Santa Margarida, em São Manoel, interior de São Paulo, ele produz 600 mil sacas anuais de café arábica e 60% da produção – 360 mil sacas – se enquadram na categoria de café especial, com cotação até 25% acima do tradicional. “Conseguimos abrir um mercado importante para nosso café nos Estados Unidos e 70% da produção de cafés especiais entregamos diretamente na Califórnia”, disse Martins. Os outros 30% desse café são absorvidos pelos pontos de venda de produto gourmet da Café Martins em São Paulo.

Ele afirma que o consumidor americano, assim como o europeu, se dispõe a pagar mais por um café diferenciado. O mercado da Califórnia se abriu para o café da Fazenda Santa Margarida quando um lote de sua produção recebeu 93 pontos de um renomado crítico americano de cafés – uma pontuação excepcional. “Era nosso objetivo fazer exportação direta para absorver todas as vantagens da cadeia e essa pontuação abriu o mercado de lá para a gente”, conta Martins.

O produtor não se incomoda de depender, atualmente, de um único mercado importador. “Como nossa produção é pequena, comparando com outros exportadores, focamos num único mercado apenas por questão de custo e facilidades logísticas. É só um ponto de contato, um conjunto de normas para a exportação e um fluxo de contrato. Se abrirmos novos mercados mantendo a produção atual, aumentaríamos nossos custos sem aumentar a receita”, explica.

Os 40% de café não especial da safra da Santa Margarida são vendidos no mercado commodity. “Eu chamo de mercado impessoal. Uma parte pode estar indo para a Alemanha, outra para a China, por exemplo”, disse.

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