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Aumento da dívida pública e desaceleração global devem marcar 2023

Projeção é do economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, que vislumbra dificuldades para o governo Lula e possível recessão nos EUA

atualizado

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1 de 1 Dinheiro, Economia, Bolsa de Valores, Real, aumento, Baixa, money, gráficos – PIB - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Projeções apresentadas nesta quinta-feira (8/12) pelo Banco BV apontam um cenário de muita dificuldade externa em 2023, primeiro ano do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o economista-chefe do banco, Roberto Padovani, o cenário global é “muito ruim”, com inflação elevada em algumas das principais economias do mundo. No Brasil, a perspectiva é de aumento do gasto público e da dívida, além de desaceleração da economia e ligeiro aumento do desemprego.

“Lula pegou grande parte dos mandatos anteriores dele com a economia andando bem lá fora, uma situação global muito tranquila. Agora é uma situação oposta”, diz Padovani. “Vinte anos depois, ele pegará uma economia mundial entrando em recessão. E temos um cenário de inflação de dois dígitos em países desenvolvidos.”

De acordo com as projeções do BV, o primeiro semestre do ano que vem deve ser marcado por recessão econômica na Europa e na Ásia. No segundo semestre, deve ser a vez dos Estados Unidos. “O que está claro é que 2023 será marcado pela desaceleração global”, afirmou.

Cenário interno

No Brasil, de acordo com o relatório do BV, a perspectiva é a de que a dívida pública aumente nos próximos anos. Em outubro, de acordo com dados do Banco Central (BC), a dívida bruta do governo federal recuou de R$ 7,762 trilhões para R$ 7,298 trilhões. Ela corresponde a 76,8% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para o BV, esse percentual deve subir de forma consistente a partir do próximo governo. “A mensagem que temos é que nos próximos anos teremos uma dívida pública em ascensão, pelo menos por dois mandatos presidenciais, para começar a se estabilizar a partir de 2031, talvez em 100% do PIB”, afirma Padovani.

“O investidor internacional tende a ficar mais cauteloso com os emergentes e com o Brasil em particular. Isso afeta o fluxo de capital, com menos oferta de dólares”, projeta o economista.

PIB, inflação e desemprego

De acordo com o relatório do BV, a economia brasileira – que cresceu 5% em 2021 e deve fechar 2022 em alta de cerca de 3% – deve desacelerar para 1% no ano que vem.

A inflação, por sua vez, deve encerrar 2022 em 5,8%. Em 2023, segundo o BV, será de 5,5%.

“O novo governo vai apostar no aumento do gasto público. Pode haver um certo desequilíbrio entre oferta e demanda, com inflação um pouco mais pressionada”, afirma Padovani.

“O crescimento econômico também deve diminuir, com possibilidade de chegar a um patamar de 1,5% a partir de 2026. O fato é que se deve investir menos em ambiente de negócios, em reformas, e isso compromete um pouco o crescimento”, analisa.

Em relação ao desemprego, a estimativa da instituição financeira é de uma taxa de desocupação de 9,7% em 2023. Em outubro deste ano, o desemprego foi de 8,3%, a menor taxa desde 2014.

“O Brasil é um país que, ao longo do tempo, vai crescer um pouco menos e deve ter um desemprego um pouco mais elevado”, diz Padovani. “Mas não trabalhamos neste momento com a possibilidade de recessão no Brasil. É mais uma acomodação do crescimento.”

Selic e dólar

Ainda de acordo com o banco, a taxa de básica de juros da economia brasileira (Selic), mantida em 13,75% ao ano em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) na quarta-feira (7/12), deve ser reduzida lentamente e fechar 2023 em 12%. O dólar, segundo o BV, deve se manter na faixa dos R$ 5,40.

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