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Dores de Lula travam negociações em torno da reforma ministerial

Com dores no quadril, Lula foi submetido a dois procedimentos médicos nesta semana e reduziu carga de trabalho

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Imagem colorida de Lula olhando relógio
1 de 1 Imagem colorida de Lula olhando relógio - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Submetido a dois procedimentos em menos de uma semana para tentar reduzir fortes dores no quadril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve diminuir o ritmo de trabalho e, com isso, as negociações com o Centrão em torno da reforma ministerial.

O problema de saúde do petista, que pretende realizar cirurgia em outubro, tende a ser mais um empecilho na articulação do Palácio do Planalto, alvo de críticas no primeiro semestre. A situação preocupa o governo, já que a atuação de Lula foi fundamental para a aprovação das propostas de interesse do Executivo no Congresso.

Há, pelo menos, quatro ministérios no alvo de PP e Republicanos, partidos com os quais o governo tem negociado cargos na Esplanada.

O PP, por um lado, quer a gestão de pautas consideradas estratégicas, como é o caso do Ministério da Saúde, chefiado por Nísia Trindade, e do Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias. As duas pastas recebem grande parte das emendas parlamentares. O presidente Lula, porém, já anunciou publicamente que as duas pastas são suas e que uma troca no comando desses ministérios não deve ocorrer.

Já o Republicanos tem demonstrado interesse em assumir a chefia do Ministério do Esporte, de Ana Moser, ou do Ministério da Ciência e Tecnologia, de Luciana Santos.

Além das mudanças no comando de ministérios, as trocas devem afetar a Caixa Econômica Federal e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). O banco público, pelas contas do Centrão, rifaria Rita Serrano para abrigar o ex-ministro Gilberto Occhi, indicado pelo PP.

Já a recém-recriada Funasa, que conta com um orçamento bilionário, é disputada por PP e União Brasil. O Planalto, porém, insiste que o comando do órgão será entregue a um nome técnico e de carreira. Outro pedido do Centrão é a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur), que hoje é chefiada por Marcelo Freixo (PT), aliado próximo de Lula.

Problema no quadril

O atual presidente tem artrose no quadril e admitiu, em sua live semanal na última terça (25/7), que as dores estragam seu humor e atrapalham o trabalho. “Ninguém consegue trabalhar com dor o dia inteiro. Eu sinto que, às vezes, estou com mau humor com os companheiros. Fica visível no meu rosto que eu estou irritado, que eu estou nervoso”, afirmou o titular do Planalto.

A cirurgia que pode resolver de vez o problema foi prevista, pelo próprio Lula, para outubro deste ano, após uma série de compromissos internos e externos como chefe de Estado. Para tentar amenizar a dor enquanto isso, Lula se submeteu a uma infiltração no último domingo (23/7), em São Paulo. Segundo o presidente, porém, a dor voltou “até pior” no dia seguinte e um novo procedimento, um pouco mais complexo, foi feito quarta (26/7), em Brasília.

Com isso, Lula deve despachar apenas o essencial nesta quinta (27/7), sem sair de sua residência oficial, e pode ir a um evento do Dia do Diplomata na sexta (28/7).

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Encontros e desencontros com Lira

No entorno de Lula, ninguém mais prevê data para reunião entre o chefe do Executivo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Esse encontro esteve para acontecer duas vezes, na semana passada, mas acabou não ocorrendo, numa sinalização de que o acerto para o embarque do Centrão na Esplanada ficou mais distante neste momento.

Tanto Lula quanto Lira mostraram incômodo com a maneira como a reforma estava sendo articulada pelos representantes do Planalto e líderes do Centrão.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, recebeu, no Palácio do Planalto, os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE), candidatíssimos a ministros, quando Lula estava na Europa e Lira no cruzeiro de Wesley Safadão. O presidente da Câmara teria se sentido desprestigiado, segundo pessoas próximas a ele, e Lula teria reclamado de uma negociação que vai desempregar aliados importantes estar sendo feita tão em público.

Como noticiou o Metrópoles no fim de semana, Lula já pretendia frear a articulação e ganhar tempo, tanto para se certificar da tradução em votos do espaço que abrirá ao Centrão no governo, quanto para escolher e conversar com quem vai perder a vaga em um ministério ou em empresas públicas, como a Caixa Econômica Federal.

Com as dores do presidente, a negociação esfriou mais ainda. Mas as dificuldades foram se mostrando mesmo antes do segundo procedimento médico a que Lula foi submetido. Na segunda (24/7), na saída de um evento com empresários, Lira reclamou publicamente da articulação em torno da entrada de PP e Republicanos no primeiro escalão do governo Lula. “Eu penso que esse assunto está sendo, de uma certa forma, atropelado. Isso não ajuda na governabilidade. E eu acho que o governo tem que ajudar a se facilitar”, declarou o presidente da Câmara, que espera um convite formal para enfim se reunir com Lula.

Enquanto isso, os ministros com cargos na mira do Centrão vão ganhando tempo para organizar sua resistência.

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