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MP diz que delegado que arquivou inquérito de chacina cobrou propina

Ex-chefe da Delegacia de Homicídios de Goiás, Rilmo Braga é réu por suspeita de cobrar R$ 15 mil para liberar presos. Ele nega as acusações

atualizado

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PCGO/Jota Eurípedes
Foto colorida do delegado da Polícia Civil de Goiás Rilmo Braga - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida do delegado da Polícia Civil de Goiás Rilmo Braga - Metrópoles - Foto: PCGO/Jota Eurípedes

O delegado da Polícia Civil de Goiás que colocou um ponto final na investigação sobre a maior chacina de Goiânia, ao arquivar o caso e retirar um pedido de quebra de sigilo, foi acusado pelo Ministério Público de ter cobrado R$ 15 mil de propina para liberar presos por tráfico de drogas. O delegado nega o crime e diz que é uma acusação descabida.

Matéria do Metrópoles publicada nesta terça-feira (8/8) mostra que Rilmo foi uma peça importante para arquivar de vez uma força-tarefa da Polícia Civil que investigava a morte de nove pessoas, em abril de 2017, na capital goiana.

A suspeita era de que os PMs cometeram os homicídios como vingança pela morte da amante de um policial, conforme relatórios inéditos revelados pela reportagem.

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Quando era chefe da Delegacia de Homicídios, Rilmo Braga foi responsável por arquivar o caso e também por ter retirado um pedido judicial de quebra de sigilo de estações de rádio-base (ERBs), tecnologia que conecta sinais de celular e que poderia ter ajudado a identificar os responsáveis pela chacina. O caso nunca foi solucionado.

Na mesma época em que arquivou o inquérito da chacina e chefiou uma das principais delegacias de Goiás, em 2021, Rilmo Braga se tornou réu por concussão, que é exigir vantagem indevida.

Segundo o Ministério Público, em 2014 o delegado, junto do policial civil Glaiton Silvio e do advogado Oldemar José, teria exigido uma propina de R$ 25 mil para não autuar em flagrante quatro jovens detidos com drogas em Caldas Novas (GO). O valor da negociação teria baixado para R$ 15 mil, mas as famílias dos jovens não teriam condições de pagar e eles foram autuados.

Suspeita de propina

De acordo com a denúncia, os jovens foram detidos durante o evento Caldas Country com porções de LSD, cocaína e maconha. Na época da investigação, os promotores chegaram a pedir a condenação e perda do cargo do delegado e do policial civil.

No processo é citada a existência de um vídeo de Rilmo Braga distribuindo dinheiro entre policiais da delegacia de Morrinhos (GO), o que foi considerado suspeito. Em 2015, o vídeo foi parar na imprensa e o delegado chegou a ser afastado.

Imagem colorida do delegado Rilmo Braga entregando dinheiro dentro de delegacia em Morrinhos em 2015 - Metrópoles
Captura de tela de vídeo do delegado Rilmo Braga distribuindo dinheiro

O caso tramita na 2ª Vara Criminal de Caldas Novas. A última movimentação do processo foi neste mês, em um pedido de intimação do delegado para citação.

O MP chegou a pedir a denúncia por prevaricação, que é o crime contra a administração pública, mas houve prescrição dessa tipificação criminal. Rilmo Braga se tornou réu por decisão da juíza Anelize Beber Rinaldin.

Denúncia descabida

Procurado pelo Metrópoles, por telefone, o delegado Rilmo Braga, que atualmente está lotado na Central de Flagrantes, defendeu sua inocência no caso da cobrança de propina.

“Eu fui absolvido no administrativo, houve a prescrição parcial dos fatos. O processo ficou nove anos sem recebimento da denúncia. A denúncia é absolutamente descabida, não cita nada que possa configurar qualquer crime”, afirmou o delegado.

De fato, Rilmo e o policial Glaiton foram absolvidos em processo administrativo. A decisão pela absolvição foi assinada pelo ex-secretário de segurança em Goiás, Rodney Miranda, em agosto de 2021. O processo criminal, no entanto, continua.

Sobre o arquivamento do inquérito da chacina, Rilmo defendeu que as investigações dos homicídios continuaram de forma individual em cada inquérito e que, com fatos novos, pode acontecer o desarquivamento. Metade dos inquéritos individuais já foi arquivada sem autoria definida.

A reportagem tenta contato com as defesas de Glaiton e do advogado Oldemar. O espaço segue aberto.

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