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Covid: idade mínima para se vacinar varia de 18 a 40 anos nas capitais

Boa Vista, São Luís e Manaus imunizam pessoas a partir de 18 anos. Já Cuiabá, a partir de 40

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Vacinação para pessoas com 35 anos ou mais
1 de 1 Vacinação para pessoas com 35 anos ou mais - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Em 20 dias, caiu para 22 anos a amplitude do público-alvo para vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, nas capitais brasileiras. Antes, em 16 de julho, a variação chegava a 27 anos.

Atualmente, os aptos a se imunizarem contra a enfermidade variam de 18 anos, nas cidades com a faixa etária mais baixa, a 40 anos, em Cuiabá — capital com a faixa etária mais alta.

Os dados fazem parte de um levantamento do Metrópoles, com base nos comunicados feitos pelas prefeituras.

Boa Vista se juntou a São Luís e Manaus no rol das capitais em que o público-alvo vacinado hoje é o mais jovem: 18 anos. A cidade maranhense foi a primeira a começar a imunizar essa faixa etária.

Cuiabá é o local em que o calendário tem pessoas com maior idade sendo vacinadas. Lá, o público-alvo atual são moradores com 40 anos. No levantamento anterior, o público contemplado era de 45 anos.

Segundo a Prefeitura de Cuiabá, a Secretaria Municipal de Saúde já aplicou 382.112 doses, sendo 272.321 de primeira dose, 97.636 de segunda e 12.155 de aplicação única.

Ao todo, 12 capitais estão imunizando pessoas com idades entre 22 e 29 anos. Alguns exemplos são Rio Branco, São Paulo, Belém, Fortaleza, entre outras (veja a lista por unidade da federação no fim da reportagem).

O Distrito Federal vacina pessoas a partir de 30 anos. O governo espera receber novas doses do Ministério da Saúde para ampliar a campanha para 25 anos nos próximos dias.

Corrida vacinal

Professor do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o médico epidemiologista Guilherme Werneck avalia que essa disparidade entre as capitais pode prejudicar a campanha nacional de vacinação.

Segundo ele, o ideal seria ter uma política unificada, onde a cobertura vacinal evoluísse nas cidades de uma forma homogênea.

“Não adiante ter populações com cobertura vacinal alta e outras com cobertura vacinal baixa, porque a circulação do vírus vai se manter. Então, do ponto de vista nacional, é necessário uma cobertura vacinal alta e homogênea”, diz o especialista.

“Não faz sentido ter uma corrida entre os municípios para ver quem sai melhor. Para se ter um maior controle o ideal é que todos as cidades pudessem, dentro do possível, crescer juntas”, completa Werneck, em conversa com o Metrópoles.

O professor pondera, no entanto, e ressalta que as capitais que já estão vacinando pessoas mais jovens não necessariamente estão mais “avançadas” do que aquelas que estão aplicando o imunizante em populações mais velhas.

“Para a gente avaliar direito, é preciso ver a cobertura vacinal que essas capitais alcançaram. De repente, a cidade que está vacinando uma população mais velha está conseguindo uma cobertura mais alta nessa população e por isso está ‘atrasada'”, analisa o epidemiologista.

“Isso acontece porque tem um certo impacto político dizer que uma capital já está vacinando com 18 anos e a outra não está”, destaca.

Opinião semelhante é compartilhada pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS) Dário Pasche.

Doutor em Saúde Coletiva e membro da Comissão de Política, Planejamento e Gestão da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Pasche avalia que o maior problema é que o Brasil vacina sem qualquer prioridade, considerando, por exemplo, equidade.

“Quem são os que mais correm risco de contrair o vírus? Quais são os grupos que mais morrem? Basta olhar indicadores para vermos que são as populações mais empobrecidas, as menos protegidas e obrigadas a trabalhar, tomando transporte coletivo e se expondo ao vírus. Além disso, pessoas negras, indígenas, ribeirinhos”, afirma ele.

“Então, o volume de doses disponibilizados aos estados, que tem composições populacionais e capacidades operacionais distintas faz com que apareçam disparidades entre os municípios”, complementa.

Organização

Cada capital articula a vacinação com cronograma próprio. Algumas cidades exigem o agendamento ou organizam por sexo. Além disso, doses para a aplicação do reforço ficam reservadas durante a campanha.

O Ministério da Saúde já distribuiu 184,4 milhões de doses. Ao todo, 142,5 milhões de unidades de imunizante foram aplicadas — entre primeira, segunda e dose única, no caso da vacina da Janssen.

Desde o início da pandemia, o país registrou 20 milhões casos de Covid-19 e 558 mil óbitos por complicações da doença.

Segundo o governo, o cálculo de distribuição de vacinas e a estratégia de imunização, incluindo o percentual para primeira e segunda dose, são pactuados semanalmente entre representantes da União, estados e municípios, de forma tripartite, a partir dos lotes de vacinas entregues pelos laboratórios.

Veja a faixa etária de vacinação por capital:

  1. Boa Vista: 18 anos
  2. Manaus: 18 anos
  3. São Luís: 18 anos
  4. Belém: 22 anos
  5. Macapá: 22 anos
  6. Rio Branco: 23 anos
  7. Fortaleza: 25 anos
  8. Vitória: 25 anos
  9. São Paulo: 25 anos
  10. Campo Grande: 26 anos
  11. Maceió: 26 anos
  12. Aracaju: 27 anos
  13. Porto Alegre: 27 anos
  14. Rio de Janeiro: 27 anos
  15. Recife: 28 anos
  16. Natal: 29 anos
  17. Distrito Federal: 30 anos
  18. Porto Velho: 30 anos
  19. Salvador: 30 anos
  20. Goiânia: 33 anos
  21. Florianópolis: 34 anos
  22. Belo Horizonte: 35 anos
  23. Curitiba: 35 anos
  24. João Pessoa: 35 anos
  25. Palmas: 35 anos
  26. Teresina: 38 anos
  27. Cuiabá: 40 anos

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