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Covid-19: para proteger pacientes, clínica odontológica usa sacos de lixo

“A assistente pediu que eu vestisse e ainda colocou um deles na minha cabeça”, contou a esteticista Cristiane Boneta

atualizado

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Ao ser atendida em um clínica particular de odontologia em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nessa quarta-feira (24/06), para realizar a segunda etapa de uma cirurgia de gengiva, a esteticista Cristiane Boneta foi vestida com sacos de lixo por uma assistente. Essa foi a forma que o estabelecimento criou para proteger os pacientes em meio à pandemia do novo coronavírus.

Mais tarde, Cristiane denunciou o lugar em uma rede social. Ela contou ao Extra que, na hora, não soube como reagir. “A assistente me entregou os sacos de lixo logo após eu chegar. Pensei que serviriam para colocar minha bolsa e sapatos, mas ela pediu que eu vestisse e ainda colocou um deles na minha cabeça, porque disse que a touca não comportaria meu cabelo volumoso. Questionei, e ela me respondeu que os equipamentos estavam em falta e eu precisava usar aquilo para me proteger”, relatou.

“Desde o início eu fiquei sem reação, uma vontade de chorar mesmo, mas eu precisava fazer o procedimento. Quando cheguei à sala de cirurgia, eu perguntei para o dentista o motivo daquilo, disse que não era certo, mas ele só respondeu que o material estava limpo”, disse Cristiane.

Por fim, ela acabou registrando tudo o que pôde com o celular e não foi embora, nem se recusou a fazer a cirurgia porque não teria provas do que ocorreu. Depois do procedimento finalizado, a esteticista falou com o dentista novamente. “Quando fiz novamente o alerta, destacando que o estabelecimento poderia ser multado, o dentista me respondeu que não havia pensado nessa possibilidade”, falou.

“Eu também atuo na área da saúde e acredito que temos que tratar o outro da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. Isso não aconteceu. O saco de lixo só serve pra uma coisa e o nome já diz. Além de não ser adequado, é constrangedor para o paciente. Mesmo que tenha sido um fato isolado, houve constrangimento, houve discriminação. Foi ruim” desabafou.

Resposta do dentista

Wagner Padilha, um dos profissionais da clínica Odonto Irmãos Padilha, reconheceu que o equipamento não é adequado, mas apontou ser uma medida temporária. Segundo ele, o procedimento cirúrgico não foi prejudicado e se desculpou com a paciente no momento.

“A clínica ficou parada por quatro meses por conta da pandemia e tivemos dificuldade para adquirir os EPIs. Estão em falta em muitas lojas e os preços estão quase impraticáveis. Eu já estava paramentado quando a paciente chegou na sala de cirurgia. Como ela disse que se sentiu constrangida, poderia ter optado por não fazer o procedimento, não teríamos problema nenhum com isso. (…) Pedi desculpas quando ela me alertou sobre, já no final do procedimento. Tenho 68 anos, 37 anos de profissão, e jamais faria intencionalmente algo para constranger ou colocar em risco o paciente. Espero que a situação seja resolvida da melhor forma possível”, comentou.

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