metropoles.com

Covid-19 é citada em 164,9 mil processos trabalhistas em 2020; causas somam R$ 16 bi

Estudo mostra que falta de pagamento de verbas rescisórias após términos de contratos e ações coletivas estão entre as principais motivações

atualizado

Compartilhar notícia

Hugo Barreto/Metrópoles
funcionarios da saude em atendimento a pacientes no hospital hran coronavirus
1 de 1 funcionarios da saude em atendimento a pacientes no hospital hran coronavirus - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O Brasil atingiu a marca de 200 mil mortos por Covid-19 nessa quinta-feira (7/1). Em 10 meses, o novo coronavírus mudou a maneira como os brasileiros vivem, relacionam-se e se mantêm. Por isso, o termo também se tornou recorrente em ações trabalhistas. Em 2020, a doença foi citada em 164.946 processos e, desse total, 24.306 tiveram como tema central a pandemia.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, a maior parte das demandas está relacionada à falta de pagamento de verbas rescisórias após términos de contratos e a ações coletivas que visam garantir um ambiente seguro para os trabalhadores.

O levantamento feito pela Datalawyer Insights, em parceria com a TintedLab e o site Consultor Jurídico, mostra que o montante total ficou em R$ 16,63 bilhões, com um valor médio de R$ 100.829. Ainda segundo a pesquisa, São Paulo tem 44.117 ações relacionadas à pandemia, é o estado com o maior número de processos. Em contrapartida, o Rio de Janeiro vence quando o assunto é o valor total das causas: R$ 6.309.347.993.

Ronaldo Tolentino, advogado trabalhista e sócio da Ferraz dos Passos Advocacia, afirma que os números altos já eram esperados, considerando as consequências da pandemia nos mais diversos setores e a paralisação das atividades econômicas.

“Alguns empresários não tinham como pagar os funcionários, precisaram demitir e não conseguiram arcar com os custos exigidos nas leis trabalhistas. Muitos também tiveram dificuldades de garantir um ambiente seguro para os trabalhadores e acabaram tendo que responder ações coletivas de sindicatos e do Ministério Público”, disse Tolentino em entrevista ao Metrópoles.

O mês de junho bateu recorde no número de processos, com 23.434 ações abertas. A quantidade começou a cair já em julho (22.736), e em setembro chegou a 19.985, seguindo a tendência pelo resto do ano. Segundo o advogado, a redução também pode ser explicada.

“Os números começaram a cair quando o governo federal editou a MP [Medida Provisória] 936, que traz suspensão do contrato de trabalho e a redução proporcional de jornada e salário. O governo assume um pouco essa responsabilidade que estava toda nas costas dos patrões e empresários. Além da flexibilização das medidas restritivas, de forma gradual, foram reabrindo os setores econômicos, as atividades foram sendo retomadas”, relata.

Áreas insalubres

O estudo da Datalawyer também mostra que o maior número de processos, contabilizando 21.627, é do setor de indústrias de formação. Em seguida estão o comércio de reparação de veículos automotores (21.355) e as atividades administrativas e serviços complementares (19.236).

“A área da indústria de transformação tem um grande fluxo de pessoas, e os empregados trabalham um do lado do outro”, explicou Tolentino, enfatizando que áreas com grande concentração de funcionários apresentam, naturalmente, maior número de pedidos de cuidados contra a Covid-19.

Processos cedidos ao Metrópoles mostram que grandes indústrias precisaram recorrer à Justiça para darem continuidade aos seus trabalhos, após terem adotado as medidas de segurança definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a disseminação do coronavírus.

É o caso da indústria do ramo alimentício JBS Aves LTDA., que alega, em uma tutela cautelar anterior a 22 de julho de 2020 atendendo as medidas emergenciais da Covid-19,  “diminuição/afastamento de risco de contágio ao Covid-19 no local, bem como de minoração de prejuízos à prestação de atividade essencial”. Na ação, a empresa ainda diz que “utiliza anteparos físicos e outros EPI’s [Equipamento de Proteção Individual], tais como máscaras e face shield” e, por isso, pretende reduzir a distância mínima de 1 metro e meio, espaço considerado seguro para evitar o contágio do novo coronavírus.

Em uma outra ação, de 24 de junho de 2020, também movida pela JBS LTDA., a indústria alega que a “empresa apresentou extenso conjunto probatório que evidencia as medidas de prevenção, rastreamento e mitigação da transmissão viral na unidade produtiva, bem como o próprio sindicato juntou parecer técnico no qual está expresso o cumprimento de todas medidas preventivas verificadas em fiscalização” contra a Covid-19.

Veja os documentos, na íntegra, cedidos ao Metrópoles:

Tutela Cautelar Antecedente – 1000958-46.2020.5.00.0000 (1) by Juliana Barbosa on Scribd

CoPar – 1000742-85.2020.5.00.0000 by Juliana Barbosa on Scribd

No DF

No ano de 2020, o Distrito Federal contabilizou 3.793 processos trabalhistas relacionados ao coronavírus. As ações reuniram R$ 284,63 milhões, além do valor médio de R$ 75.040 por demanda.

A Covid-19 está em segundo lugar nos temas de processos movidos na capital federal, com 489. Além disso, o setor que mais apresentou ações é o de atividades administrativas e serviços complementares, com 600. Assim como no resto do país, o mês de junho apresentou o maior número de processos com o tema pandemia, foram 629.

Compartilhar notícia

Todos os direitos reservados

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?