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Coronavírus: empresário tenta, há 2 meses, voltar da Venezuela ao Brasil

O Brasil retirou a embaixada de Caracas e decidiu expulsar diplomatas venezuelanos do país. A medida foi suspensa provisoriamente pelo STF

atualizado

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Arquivo Pessoal
1 de 1 - Foto: Arquivo Pessoal

Em meio à decisão do Ministério das Relações Exteriores acerca da expulsão de diplomatas venezuelanos do Brasil, há ainda brasileiros e residentes permanentes no país que aguardam ajuda do Itamaraty para conseguir retornar às suas casas durante a pandemia do novo coronavírus.

Morador do Rio de Janeiro, o venezuelano, residente oficial do Brasil, Luis Felipe Rosa, de 45 anos, está em Caracas desde o último 12 de março e não sabe quando vai conseguir reencontrar sua família. Dada a crise em seu país de origem, ele escolheu o Rio para viver com a esposa e o filho de 8 anos para conduzir seus negócios.

Engenheiro de formação, ele agora se dedica às empresas que abriu na cidade com outros sócios brasileiros. Mas explica que, como a empresa ainda é recente, já sente o impacto da crise da Covid-19. “Estamos de home office, mas daqui da Venezuela é mais complicado de trabalhar”, lamenta. O país carece de infraestrutura básica de eletricidade e internet.

Rosa precisou voltar ao país para resolver pendências com o inventário do pai, morto há cinco anos, e renovar o passaporte. Segundo o empresário, devido aos impasses diplomáticos com a Venezuela, ele só pode renovar o documento em solo venezuelano.

Desde 19 de março, quando o voo em que retornaria ao Brasil foi cancelado, Rosa tenta contato com o governo brasileiro. Ele contou à reportagem que preencheu todos os formulários, conversou com representantes da embaixada brasileira antes da mesma ser fechada e com pessoas do Itamaraty. Nada surtiu efeito.

Longe da família

Um grupo de diplomatas e de alguns brasileiros que estavam na Venezuela conseguiram voltar e chegaram ao Brasil em 18 de abril. De acordo com o empresário, ele também se mobilizou para ocupar o voo, mas não foi chamado. “Sinceramente, não sei qual foi o critério utilizado”, ressalta.

Longe da família, Rosa já tentou voltar, inclusive, por meio de um voo oferecido pelo governo do Uruguai, para repatriar uruguaios. De lá, tentaria voltar para o Rio de Janeiro. No entanto, a aeronave já estava lotada e ele não pôde ser acomodado.

“Nenhum desses esforços deu resultado, principalmente com as autoridades brasileiras, que até agora não foram capazes de prestar toda a assistência necessária para voltar para casa. Infelizmente os Grupos de Emergência e Crise, criados pelo Itamaraty, não agem com a devida atenção ao caso”.

Outro lado

Ao Metrópoles, o Itamaraty não esclareceu quais foram os critérios usados para a escolha dos repatriados em abril. Entretanto, destacou que já conseguiu trazer de volta 29 cidadãos que estavam em Caracas no voo para trazer os servidores do ministério.

Além disso, no voo em parceria com o Uruguai, repatriou mais 19, informou. “Estamos analisando outras possibilidades para superar as dificuldades causadas pela severa restrição de movimentação decretada naquele país. O Itamaraty continuará trabalhando, sem interrupção, para assegurar a volta ao Brasil de todos os nacionais retidos no exterior em decorrência da pandemia”, destacou.

Liminar

Nessa terça-feira (12/05), o procurador-geral da República, Augusto Aras, encaminhou um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para direcionar a decisão do Ministério das Relações Exteriores de expulsar diplomatas venezuelanos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Isso porque, o ministro da Suprema Corte Luís Roberto Barroso barrou a medida com uma liminar. O impasse diplomático entre o governo brasileiro e o venezuelano não é recente. O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), defende que o chefe venezuelano, Nicolás Maduro, deixe o poder. O Brasil reconheceu o auto intitulado presidente venezuelano, Juan Guaidó, como presidente oficial do país.

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