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Conheça a fábrica de vacinas do Butantan, que trabalha 24 h por dia

Se tivesse recebido resposta do governo federal em outubro, processo poderia ter garantido 100 milhões de doses até maio deste ano

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
produção coronavac - instituto butantan
1 de 1 produção coronavac - instituto butantan - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

São Paulo – A afirmação do diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, à CPI da Covid, de que foi feita uma oferta de 100 milhões de doses da Coronavac ao governo com entrega prevista até maio, poderia ter sido cumprida, levando em consideração o ritmo de produção da vacina contra a Covid-19 quando há insumo em solo brasileiro.

“Trabalhamos sete dias por semana, 24 horas por dia. Temos turnos de 12h por 36h, uma equipe trabalha por 12 horas, pela manhã e à tarde, e outra, 12 horas, de noite e madrugada. Essa equipe folga e vem outra. Das 6h às 18h e das 18h às 6h. Não para”, explica o gerente de produção do Núcleo de Formulação e Envase do Butantan, Ênio Xavier.

São 373 pessoas envolvidas em um processo que garante o envase de 1 milhão de doses por dia. O trabalho é rápido e minucioso. Leva menos de um minuto para engarrafar cada unidade. A partir daí, vem uma etapa um pouco mais elaborada, o controle de qualidade, que demora aproximadamente 14 dias para ser concluído.

O Metrópoles acompanhou 30 minutos cronometrados desde a etapa inicial de fabricação da vacina, a partir do momento em que o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) é colocado dentro do frasco. Para isso, a equipe teve de se paramentar para entrar na fábrica. Não é permitido usar nenhum tipo de adorno, como anéis, brincos e relógio, nem maquiagem, e as unhas devem estar limpas e sem esmalte.

A orientação é para comparecer ao Butantan de sapatos e roupas fechados, mas ainda assim é preciso vestir um traje específico, além de usar touca no cabelo e proteção nos sapatos. De acordo com Xavier, a rotina não é muito diferente de como era o dia a dia na fábrica antes da pandemia, mas há impacto muito maior por causa da crise sanitária. “É um processo impactante. E todos que nos visitam falam: ‘Como eu queria um frasco desses'”, diz.

Para que esse objeto de desejo fique pronto, há uma sequência. “Envasa, lacra, inspeciona, rotula, embala, manda para o estoque. Aí, aguarda os testes de qualidade. Depois, com a garantia de qualidade, o lote é liberado, vai para o Centro de Distribuição Logístico do ministério [da Saúde] e é distribuído.”

Veja cada passo do processo:

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Inspeção

Uma das fases mais interessantes do processo é a inspeção, que pode ser feita manualmente ou por meio de máquinas. Nesta etapa, cada um dos frascos é analisado para ver se está correto. Qualquer irregularidade, como um particulado no líquido com origem no próprio processo, faz com que a dose seja dispensada do lote.

“Essa inspeção é feita em 100% dos lotes. Quando essa atividade é realizada automaticamente, a máquina nada mais é do que o que elas estão vendo. Eu vou lá e digo para a máquina que quero que ela veja igual. A máquina faz esse processo com base no resultado do trabalho manual”, explica.

Entrave

O principal entrave para a produção da vacina neste momento é a escassez de IFA. Com os insumos que chegaram da China no último dia 25, o envase foi retomado na quinta-feira (27/5), mas será concluído em cinco dias e não há previsão de novas entregas. Desde fevereiro, o Butantan tem sofrido com atrasos nos carregamentos de matéria-prima enviados pelo laboratório chinês Sinovac, parceiro na produção.

De acordo com o diretor do instituto, Dimas Covas, o obstáculo são as autoridades governamentais chinesas que não liberam o embarque do material. Desde abril, segundo Covas, a Sinovac tem 10 mil litros de insumos prontos para serem despachados. No entanto, com mais de um mês de atraso, só foram enviados 3 mil litros.

Para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), os chineses têm dificultado a entrega por causa dos ataques do governo brasileiro à China. O Ministério da Saúde nega problemas diplomáticos. Por causa do atraso no recebimento de IFA, a entrega de 53 milhões de doses, que havia sido antecipada para agosto, voltou à previsão inicial de conclusão do contrato, em setembro.

A Coronavac é uma produção do Butantan em parceria com a Sinovac. Ela tem eficácia de 50,38% contra a infecção pelo novo coronavírus e de 98% na prevenção de mortes pela doença. É a vacina mais aplicada nos brasileiros. De acordo com dados do Ministério da Saúde de 10 de maio, Sete em cada 10 doses aplicadas no Brasil são Coronavac.

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