CNI: 6 em cada 10 indústrias promovem a igualdade de gênero no Brasil

Pesquisa da CNI mostra que 43% das indústrias acreditam que a paridade salarial é a ação mais importante para alcançar a igualdade de gênero

atualizado 07/03/2023 20:25

No Brasil, seis em cada 10 indústrias têm programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero, destas, 61% afirmam ter o comitê há mais de cinco anos. Os dados fazem parte de pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada nesta quarta-feira (8/3), Dia Internacional da Mulher.

O estudo Indústria & Mercado de Trabalho: Igualdade de gênero e principais desafios contou com respostas de mil executivos industriais, destes 40% são mulheres. A pesquisa mostra que 57% dos entrevistados dão importância alta ou muito alta às políticas de gênero.

Entre as indústrias que adotam atualmente políticas de promoção de igualdade de gênero, apenas 24% aumentaram as ações em comparação ao ano passado e 74% mantiveram no mesmo patamar. Para 43% dos entrevistados, a paridade salarial é a medida mais importante para alcançar a igualdade de gênero.

Segundo o levantamento da CNI, em 49% das empresas a diretoria é a responsável por fomentar a adoção de políticas de gênero. Ainda segundo a pesquisa, 11% das indústrias não têm política formal de igualdade, mas pretendem implementá-la.

Nesse cenário, 63% das empresas comandadas por mulheres desejam implementar essas medidas em até dois anos, enquanto 64% dos executivos estimam formalizar uma política em até cinco anos.

Entre as ações afirmativas incorporadas pelas empresas para diminuir a desigualdade entre homens e mulheres, as mais citadas no estudo são:

  • Política de paridade salarial (77%);
  • Política que proíbe discriminação em função de gênero (70%);
  • Programas de qualificação de mulheres (56%);
  • Programas de liderança para estimular a ocupação de cargos de chefia por mulheres (42%);
  • Licença maternidade de seis meses (38%).

O setor industrial é responsável por 23,6% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, concentrando 21,2% do emprego formal do país.

Atualmente, mulheres correspondem a um quarto da força de trabalho em indústrias. Entre 2008 e 2021, elas assumiram cargos de gestão no setor, passando de 24% para 31,8%.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, acredita que os dados refletem transformações no setor, mas afirma que é preciso avançar.

“Vemos que a participação das mulheres está crescendo na indústria devido a ações de igualdade adotadas há mais de uma década. Mas, é necessário ampliar o debate e implementar medidas concretas para chegarmos a um cenário de igualdade plena”, avalia.

Preconceito e machismo são as maiores barreiras

De acordo com a pesquisa, o principal obstáculo para a implementar programas de igualdade de gênero é o preconceito (21%), seguido pela cultura machista (17%). No entanto, 11% dos entrevistados não enxergam barreiras.

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O levantamento da CNI mostra que apenas 14% das empresas mantém equipes para tratar do tema, sendo que apenas 5% contam com orçamento próprio. Porém, 20% das indústrias pretendem aumentar os recursos direcionados às ações afirmativas.

Quando o assunto é investimento nessas políticas de igualdade, empresas lideradas por mulheres apresentam um interesse maior em comparação com empresas lideradas por homens. São 23% executivas contra 18% executivos.

Segundo a pesquisa da CNI, a estimativa é que o orçamento aumente entre 10% e 20%.

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