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Cientista climática diz que Amazônia virou “caixa de fósforo”

Cientista Erika Berenguer ressalta que cientistas e agências já haviam alertado que este ano seria de seca extrema na Amazônia e pede ações

atualizado

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Robert Coelho/TedX Amazônia
mulher de cabelo curto e vestido colorido
1 de 1 mulher de cabelo curto e vestido colorido - Foto: Robert Coelho/TedX Amazônia

Em meio à fumaça que toma Manaus, no Amazonas, há ao menos um mês, a cientista climática Erika Berenguer, pesquisadora da Universidade de Oxford, alerta que a combinação do fenômeno do El Niño com as mudanças climáticas estão transformando a Amazônia, uma floresta úmida, em uma “caixinha de fósforo”.

A fala da pesquisadora ocorreu no TEDx Amazônia, realizado no fim de semana. O evento contou com a participação de líderes indígenas, comunidades que vivem da floresta, pesquisadores, com o objetivo de discutir a situação do bioma.

No último sábado (4/11), Erika lembrou que em 2015 a região também passou por um El Niño, fenômeno climático que aquece as águas do Oceano Pacífico, e que houve o aumento de queimadas na época. A Amazônia Legal é formada por nove Estados no Brasil. Só no Amazonas, no mês passado, foram 3.858 focos de incêndio, o maior número para outubro desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) iniciou o monitoramento.

Com o aquecimento da região, a redução de chuvas e as mudanças climáticas, a umidade da floresta é reduzida cada dia mais. Para tornar a Amazônia “à prova de fogo”, a cientista climática explicou que não existe uma “bala de prata”.

“Não existe uma solução única. O território é muito grande, têm soluções que vão ser a níveis de comunidade, outros a níveis de uma terra indígena, de unidades de conservação, outras a nível estadual ou nacional”, afirmou.

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Erika ressaltou que existem três tipos principais de queimada: o primeiro é provocado pelo desmatamento ilegal, com a derrubada de árvores; o segundo é pela pecuária, com o manejo de pastagem; e o terceiro é realizado por comunidades que vivem da agricultura familiar e colocam fogo em pequenas áreas após roçar aquele espaço, que será usado para plantio.

No período de seca, nesses dois últimos casos, a pesquisadora alerta que o fogo acaba “escapando” e gerando megaincêndios florestais.

Assim, uma das soluções seria a criação de um fundo emergencial climático para anos de secas extremas. “A academia, os cientistas já sabiam desde março que esse seria um ano de seca extrema na Amazônia. Agências climáticas internacionais e nacionais já tinham dito isso, a gente já cantou essa bola há muito tempo”, disse a cientista.

Melhor prevenir os incêndios, diz cientista

Segundo Erika, se houvesse um fundo emergencial climático, seria possível “direcionar recursos financeiros e humanos para áreas que estão com maior risco de incêndios florestais.” “A gente pode prevenir esses incêndios em vez de remediar ou respirar esse ar”, frisou.

Outra solução seria criar uma “bolsa defeso florestal”, assim como existe para pescadores, que é um seguro pago no período em que eles ficam proibidos de exercer atividade pesqueira de alguma espécie. Esse auxílio, sugere ela, seria pago às comunidades para que elas não queimem áreas para plantio.

“Os povos da floresta que dependem do uso do fogo não podem ser proibidos de usar isso mesmo em ano de seca extrema. Eles precisam de alternativas para não cair numa situação de insegurança alimentar. Em anos de seca extrema poderia proporcionar a essas pessoas uma renda superior ao que obteria com o roçado justamente para não fazer o roçado. Isso é parte de uma gama de soluções necessárias para a região”, explicou.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também esteve no TEDx. Na ocasião, questionada pelo Metrópoles sobre as ações do governo federal em relação às queimadas e sobre a possibilidade de decretar emergência climática, Marina disse que o governo segue elaborando um plano, mas não deu previsão de finalização.

A repórter viajou para o TEDx Amazônia a convite do Mercado Livre.

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