Cateto queimado durante incêndios no Pantanal é reinserido à natureza
Cateto volta à natureza após 6 meses de tratamento
atualizado
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São Paulo – Após seis meses de tratamento devido às graves queimaduras que sofreu durante os incêndios que ocorreram ano passado no Pantanal, a cateto, que recebeu o nome de Pururuca, foi reinserida à natureza, na última quinta-feira (29/4).
A Pururuca foi encontrada em outubro de 2020 no Parque Sesc Baía das Pedras, localizado na Estrada Parque Porto Cercado, em Poconé, e recebeu o tratamento ali mesmo, em um recinto em meio à mata.
Os seis meses de atendimento médico veterinário foram prestados pela ONG AMPARA Silvestre. A veterinária da organização, Laís Picanço, conta que a cateto foi encontrada com as quatro patas e o peito queimados. Na ocasião, Pururuca estava prenha, mas perdeu o filhote devido ao estresse.
“Logo que ela chegou, os veterinários da AMPARA deram início ao tratamento com analgésicos, antibióticos e anti-inflamatórios. Para as queimaduras, foi usado pele de tilápia e óleo ozonizado. A troca de curativo era feita uma vez por semana, devido à sedação, já que era inviável a aproximação. Ela respondeu muito bem ao tratamento e está 100% recuperada, pronta para voltar à natureza. Vê-la saudável e recuperada é muito gratificante”, diz a veterinária.
Para a presidente da AMPARA Animal, Juliana Camargo, a recuperação e soltura representam que o ciclo dela foi cumprido.
“Graças a união de forças foi possível tratá-la. O espaço cedido pelo Sesc Pantanal, toda a atenção dos colaboradores, as pessoas que doaram pela vaquinha e os voluntários que estão em campo até hoje fazem parte disso. Ver um animal recuperado tendo a chance de ter uma vida nova, no seu habitat, de onde não deveria ter saído, é emocionante, é um grande presente e nos dá forças para continuar”, afirma Juliana.
De volta à natureza
Para poder voltar a viver livre pelo Pantanal e aumentar as chances de sobrevivência do animal, a estratégia pensada pelas equipes foi soltá-la onde houvesse um bando de catetos.
Neste momento da soltura, não foi encontrado um bando no parque do Sesc Pantanal. Com as chuvas, a vegetação cresceu e o avistamento dos bandos ficou mais difícil, diferente da Transpantaneira, onde os animais estão habituados a cruzar a estrada.
O puçá, instrumento de contenção, foi utilizado para retirá-la do recinto pelo veterinário da Sema-MT, Eder Toledo. Ele implantou um microchip abaixo da pele do cateto, que permitirá o monitoramento do animal.
Colocada na caixa de transporte, a Pururuca percorreu 70 quilômetros entre a Estrada Parque Porto Cercado e a Transpantaneira, onde fica a base do Posto de Atendimento Emergencial a Animais Silvestres (PAEAS), que é rota de um grupo de catetos.
O primeiro contato com o bando foi à distância no dia 28/4 e, na quinta-feira (29/4), ela seguiu com ele. “A Pururuca passou muito tempo sozinha e a soltura dela envolve essa socialização, por isso, não é algo que acontece rápido. E, somente hoje ela se aproximou e seguiu com o bando. Nosso trabalho termina e a vida dela recomeça”, explica o ecólogo do Sesc Pantanal, Alexandre Enout.
Para o ecólogo, a recuperação da cateto é simbólica e representa todo o esforço pela fauna pantaneira. “Ficamos felizes com a conclusão desse trabalho, principalmente porque tudo isso está alinhado com a atuação do Sesc Pantanal, que é trabalhar para a conservação da natureza. Ela está sendo solta, mas representa, simbolicamente, todo o trabalho feito pela fauna durante esses meses”, ressalta o ecólogo.
Em 2020, 4.350 milhões de hectares foram incendiados no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que representa 30% do bioma, conforme o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA).
Durante e após as queimadas, o trabalho de resgate da fauna foi realizado com o apoio Sesc Pantanal, AMPARA Silvestre, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT) e o núcleo de fauna do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Leia o relato da AMPARA sobre o tratamento do animal:
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