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Brumadinho: cidade é evacuada após “risco iminente” de novo rompimento

Segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, 24 mil moradores deverão ser deslocados

atualizado

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1 de 1 WhatsApp Image 2019-01-27 at 10.28.09 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Enviada especial a Brumadinho – Desde 5h30 da manhã deste domingo (27/1), o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais está evacuando a cidade de Brumadinho (MG). A Vale acionou o alarme de risco de rompimento de barragem na região da Mina Córrego do Feijão logo cedo. A empresa detectou o aumento dos níveis de água nos instrumentos que monitoram a Barragem VI.

Desde sexta-feira (25), a Vale estava monitorando a quantidade de água dentro do complexo. Mas o volume triplicou na madrugada de hoje e, por isso, a sirene foi acionada. Os resgates de vítimas haviam sido interrompidos às 20h de sábado (26) para intensificação do trabalho de drenagem. “Vamos continuar monitorando a situação, juntamente com a Defesa Civil”, comunicou a empresa em nota.

Segundo o tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação, os moradores do Centro de Brumadinho, do Parque Cachoeira e dos bairros de Pires e Novo Progresso devem sair de casa imediatamente, devido ao “risco iminente” de rompimento de uma nova barragem. Ainda de acordo com o militar, 24 mil pessoas devem ser evacuadas.

Os moradores devem se deslocar para a Igreja Matriz, o quartel da Polícia Militar e o Morro do Querosene. Nesses locais os bombeiros estão montando uma estrutura de apoio. O Centro de Brumadinho está fechado para evitar que a população procure pertences e parentes. Mais cedo, os moradores podiam entrar e sair.

Desde as 10h, apenas os servidores que trabalham nos resgates podem ter acesso ao centro da cidade. Quem passa pelo bloqueio feito pela Polícia Militar não consegue mais voltar para casa. A corporação informou que todas as pessoas que moram num raio de até mil metros da barragem não podem voltar a seus lares.

Aflito com a falta de notícias da família que reside em Brumadinho, o encarregado de manutenção elétrica Antônio Carlos Barreiras, 49 anos, tentou chegar até o centro da cidade, mas foi impedido pela Polícia Militar de prosseguir viagem.

Igo Estrela/Metrópoles
Antônio Carlos tentou entrar em Brumadinho (MG), mas foi impedido pela PM

 

“Minhas duas cunhadas trabalhavam no restaurante da Vale. Elas estão desaparecidas e, infelizmente, não temos esperança de encontrá-las com vida”, disse. “Quando soube do novo alerta, quis ver como a minha família estava, mas não consegui chegar até a casa deles”, completou.

Antônio Carlos lembra que a cidade já sofreu com uma enchente há muito anos, mas nada com essa proporção. “A Vale alimenta a economia da cidade. Muitos moradores trabalhavam lá. Com essa tragédia, estamos tendo danos irreparáveis. Nossa família foi levada pela lama, pessoas que amamos. Não sei como serão os próximos dias. O sentimento é de pavor”, desabafou.

Gui Prímola/Metrópoles

Logo pela manhã, a Vale acionou o alarme de risco de rompimento de barragem na região da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. De maneira preventiva, a comunidade foi deslocada para pontos de encontro previstos no Plano de Emergência. Os bombeiros retiraram aproximadamente 25 famílias do povoado no Parque das Cachoeiras.

“A sirene tocou durante meia hora. Ainda passou um homem em um alto-falante pedindo para todo mundo evacuar e ir para um local alto”, contou Jonathan Wilker ao Metrópoles. Ainda segundo o morador, após duas horas fora de casa muitas pessoas se irritaram com a falta de informação e voltaram para as seus lares. “Parece que eles não estão acreditando”, disse.

 

Confira as cenas do Parque das Cachoeiras registradas pelo Metrópoles na tarde de sábado (26/1):

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Desastre
A barragem Mina Feijão, em Brumadinho (MG), rompeu-se por volta das 13h de sexta-feira (25/1). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O restaurante da companhia foi soterrado. O prédio administrativo também foi atingido.

 

A lama se espalhou pela cidade e moradores precisaram deixar as casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região.

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), sobrevoaram a localidade da tragédia na manhã de sábado (26).

Veja imagens e a repercussão da tragédia nas redes sociais:

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