Goiânia – O fiel que foi baleado dentro de uma igreja evangélica, na capital goiana, após uma briga política, recebeu alta do hospital na quinta-feira (16/9). Ele foi ferido com um disparo de arma de fogo na perna, disparado pelo policial militar Vitor da Silva Lopes, de 37 anos, que também é frequentador do local.
Davi Augusto de Souza (foto em destaque), de 40 anos, ficou internado por 15 dias no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde passou por cirurgias. O caso ocorreu na igreja Congregação Cristã no Brasil (CCB), localizada no Setor Finsocial, bairro da região noroeste da capital goiana.
Segundo familiares do homem, apesar de ainda sentir muitas dores, ele voltou para casa no interior do estado.
Vídeo feito à época registrou quando o homem era socorrido pelo Corpo de Bombeiros enquanto o culto ocorria normalmente no interior da igreja.
Veja o vídeo:
Confusão
Os desentendimentos entre os fiéis teriam começado há cerca de um mês e meio, segundo parentes da vítima, depois que ele e um irmão passaram a se posicionar contra as falas políticas do líder da igreja. O pastor começou a pedir para que os integrantes da Congregação não votem em partidos “vermelhos”.
A vítima, Davi Augusto de Souza, foi atingida por um tiro na perna. O caso aconteceu à noite, durante o culto evangélico. De início, houve tumulto e desespero, a celebração foi paralisada, mas logo em seguida o culto foi retomado e continuou, como se nada tivesse acontecido.
Uma equipe da Polícia Militar esteve no local e fez o registro da ocorrência. Socorristas do Corpo de Bombeiros foram acionados e levaram Davi para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Família contesta ocorrência
No registro da PM, não houve menção à questão política. É dito, somente, que a vítima e o irmão teriam entrado em luta corporal com o policial e que o cabo, para se desvencilhar de um deles, pegou a arma e efetuou o disparo.
O irmão de Davi, o bacharel em Direito Daniel Augusto, de 45 anos, que estava no local, apresenta uma versão diferente. De acordo com ele, o cabo é quem teria iniciado a discussão, dando socos nele e no irmão.
Em seguida, o policial sacou a arma e teria tentado atirar mais de uma vez contra Davi. O revólver, no entanto, teria falhado na maioria das tentativas.
Diante das divergências entre uma versão e outra, a PM informou que instaurou um procedimento administrativo disciplinar para apurar as circunstâncias do ocorrido.
Reação a uma entrevista
Daniel acredita que a agressão tenha sido uma reação a uma entrevista que ele deu para um jornal local e que teria contribuído para o enfraquecimento do pastor dentro da igreja.
Na reportagem, ele denunciou o líder da Congregação, diante das falas recorrentes dele sobre política durante os cultos. De acordo com o bacharel em Direito, o ancião passou a indicar em quem os fiéis deveriam votar.
Os dois chegaram a travar um embate direto na igreja. Em uma das celebrações, Daniel levantou a mão e pediu que o pastor parasse de falar sobre política e falasse mais sobre Jesus. Nesse momento, o pastor teria retrucado e o chamado de “demônio” e “rebelde”.
Uso político
À época, o Metrópoles tentou contato com o representante da igreja, mas não conseguiu localizá-lo. Apesar de o estatuto da CCB vedar o uso do nome da igreja para fins políticos, um documento elaborado pela direção nacional, e publicado recentemente, deixa essa questão em aberto.
“Não devemos votar em candidatos ou partidos políticos cujo programa de governo seja contrário aos valores e princípios cristãos ou proponham a desconstrução das famílias no modelo instruído na palavra de Deus, isto é, casamento entre homem e mulher”, orienta o documento.