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Avenida Paulista é ponto estratégico para Bolsonaro no 7 de Setembro

Presidente vai discursar para apoiadores em ato no local. Junto com Brasília, a via será o palco mais importante para Bolsonaro na data

atualizado

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Gustavo Alcantara/Especial Metrópoles
Presidente Jair Bolsonaro em motociata com apoiadores do governo.
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro em motociata com apoiadores do governo. - Foto: Gustavo Alcantara/Especial Metrópoles

São Paulo – O 7 de Setembro contará com atos a favor de Jair Bolsonaro (sem partido) por todo o país, mas Brasília e São Paulo serão os palcos de maior relevância dessas manifestações.

Não se trata do primeiro evento pró-presidente na Avenida Paulista, mas será a estreia do mandatário no local para discursar e estar perto de seus apoiadores. De manhã, o político participará de ato na Esplanada dos Ministérios e, por volta das 15h, deve chegar a São Paulo.

A Paulista consiste no ponto mais tradicional de grandes manifestações na maior cidade do país. Da esquerda à direita, de professores a empresários, de taxistas a servidores públicos, do verde e amarelo ao vermelho, a via cartão-postal se mostra um ponto estratégico para Bolsonaro neste 7 de setembro.

É da Paulista que geralmente saem as imagens que estampam as capas de jornais e revistas que são lembradas como grandes marcos políticos. No histórico do local, aparecem as manifestações de junho de 2013, os protestos a favor e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o acampamento e o pato gigante em frente à Fiesp e por aí vai.

As agendas desta terça (7/9) foram antecedidas por ameaças às instituições nas redes sociais e fora delas – o próprio presidente definiu a data de 7 setembro como um “ultimato” a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) – e vão contar com a presença de ativistas, influenciadores digitais, empresários e políticos bolsonaristas.

Caravanas

A importância da Avenida Paulista é tanta que movimentos bolsonaristas organizaram caravanas até São Paulo, que saem do interior e de outras capitais do Sudeste e do Sul.

Nas redes sociais, apesar de haver convocação para atos em diversas municípios do país, o foco maior é em Brasília e São Paulo.

O youtuber e ativista Rafael Satiê é um dos organizadores de uma caravana que levará pessoas do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense ao ato em São Paulo.

Ele diz que fechou oito ônibus, programados para sair à 0h do Rio, mas o interesse foi tanto que poderia ter contratado mais veículos. “Vai ser a maior [manifestação] da história”, garante. Cada passageiro pagou R$ 150. Satiê afirma que o protesto é pela liberdade, e que o mote não consiste no ataque às instituições como o STF ou o Congresso.

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“Há os que se excedem. Nos atos de esquerda também não há os que se excedem? Nos de direita também, mas os protestos não são para atacar instituições”, falou. Ele diz não ser a favor de pedidos clamando a volta da ditadura militar e que esses pleitos representam uma minoria.

Bartolomeu Braz, ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) e membro do Movimento Brasil Verde Amarelo, também aposta em uma imensa adesão. “Teremos milhões de pessoas nas ruas, como nunca se viu no Brasil. Sete de setembro é apenas o início do manifesto”, acredita. Ele estará em Brasília, mas haverá representantes da Aprosoja na Paulista.

As caravanas em direção à avenida saem de vários locais do Brasil. Reportagem do Metrópoles mostrou que Goiânia, vizinha à capital Brasília, terá grupos tanto para o Distrito Federal quanto para São Paulo – são ao menos 17 ônibus. A mobilização foi feita toda pela internet.

Outro fator que indica a grande movimentação para o ato em São Paulo é que hotéis no entorno da Avenida Paulista estão com alta taxa de ocupação. Ao jornal Folha de S.Paulo, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo informou que ocorreu aumento na procura por quartos em hotéis próximos ao local, alguns com 90% de ocupação entre segunda(6/7) e terça-feira (7/9).

Histórico

O maior cartão-postal de São Paulo é, historicamente, um palco de grandes multidões, de Carnaval a protestos, de paradas a exposição a céu aberto. Mas desde 2013, a Avenida Paulista virou palco de manifestações frequentes – em determinadas épocas, elas chegaram a ser semanais.

Em junho de 2013, o Movimento Passe Livre (MPL) tomou o local para buscar a revogação do aumento da passagem do transporte público de R$ 3 para R$ 3,20. Em algumas semanas, as manifestações inflaram, o mote passou a ser “não é só por 20 centavos”, e o rol de reivindicações se amplificou: contra a violência, contra políticos de diversos espectros políticos, por uma reforma eleitoral.

Em 2014, ano eleitoral, grandes protestos de pessoas vestidas de verde e amarelo contra a então presidente Dilma tomaram a Paulista. Em 2015, a avenida se dividia entre aqueles a favor e contra o impeachment da petista – que ocorreu em 2016.

Também em 2015, a via se tornou palco de estudantes secundaristas contra a reorganização de escolas anunciada pelo então governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ele queria fechar algumas unidades para que cada escola só oferecesse apenas um ciclo de educação.

Naquele mesmo ano, professores da rede pública também se reuniram para protestar contra as mudanças na Previdência do estado de São Paulo.

Já em 2018, ano da eleição presidencial mais polarizada da história do país, a Paulista foi onde se concentraram grandes manifestações a favor de Lula – e, posteriormente, Fernando Haddad – como presidente de um lado, e Bolsonaro de outro.

Em 2019 e início 2020, os protestos esfriaram um pouco, em parte por conta da pandemia. Mas voltaram com força desde o fim do ano passado. Neste ano, houve grandes atos tanto da esquerda, pedindo o impeachment de Bolsonaro, quanto da direita, em defesa do presidente.

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