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Anvisa refaz nota de alerta sobre ivermectina após Bolsonaro defender droga

Na primeira nota, a agência dizia que não há recomendação para uso do produto. Na segunda, o órgão atribui ao médico a responsabilidade

atualizado

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Myke Sena/Esp. Metrópoles
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1 de 1 remédios em fundo azul - Foto: Myke Sena/Esp. Metrópoles

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apagou e depois alterou uma nota publicada na última quinta-feira (9/7) no site da entidade que alertava sobre os riscos de usar a ivermectina no tratamento do coronavírus.

O recuo ocorreu após o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), defender o remédio durante uma transmissão ao vivo.

Na primeira nota (veja abaixo), publicada às 18h38 da quinta-feira (9/7), a Anvisa ressaltou que não existem estudos conclusivos que comprovem a eficácia do medicamento para a Covid-19, uma vez que é usado no controle de parasitas. “Não há recomendação, no momento, para a utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação”.

Na segunda versão, porém, o texto inclui um novo trecho: “Bem como não existem estudos que refutem esse uso”.

Na primeira versão, a Anvisa esclarecia que foram registrados na base de dados da agência 26 estudos que ocorrem no mundo todo para verificar a eficácia desse tratamento. No Brasil, apenas um está em curso, na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

“Trata-se de um estudo acadêmico, que não passou pelo procedimento de anuência da Anvisa”, informa, no último parágrafo.

Esse trecho foi excluído da segunda nota. “O uso da medicação para indicações não previstas na bula é de escolha e responsabilidade do médico prescritor”, incluiu. Veja a primeira nota:

Transmissão ao vivo

No mesmo dia que a primeira nota foi publicada, em sua tradicional transmissão ao vivo de quinta-feira (9/7), Bolsonaro voltou defender o uso da hidroxicloroquina e, como alternativa, a ivermectina e a nitazoxanida (annita) para o tratamento da Covid-19. O chefe do Executivo foi diagnosticado com o vírus na última terça (7/7), após apresentar sintomas, como febre alta e mal-estar.

“Aqueles que criticam [o uso da cloroquina] pelo menos apresentem uma alternativa: ‘Ó, não dá certo a cloroquina, tem que tomar ivermectina ou então toma annita, que é outro que tá muito comentado por aí que são eficazes no tratamento’. No meu caso, deu certo”, disse o presidente.

A alteração foi feita no dia seguinte e a nova nota foi publicada às 18h22 da sexta-feira (10/7).

O Metrópoles procurou o órgão para explicar o porquê de ter tirado a nota inicial do ar. Entretanto, até a última atualização desta reportagem, não houve resposta.

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